Conecte-se conosco

Cadernos

Os leilões de animais dentro do salão de kerb de Dois Irmãos

16/09/2019 - 09h35min

Atualizada em 16/09/2019 - 09h37min

Dois Irmãos –  Você consegue lembrar como era o Kerb há uns 40 anos? Pois é, Marina e Luis Wüst não são naturais de Dois Irmãos, mas viram, com seus próprios olhos, boa parte da história da cidade acontecer. Marina, hoje com 76 anos, e Luis – mais conhecido como Wüst – com 79 anos, recordam do tempo onde o kerb era a principal festividade da cidade e, também, da região, mas com algumas peculiaridades que marcaram a época. “Hoje não tem nem comparação”, relembra Luis.

Marina quando ainda pequena

Leilões com animais

Marina recorda, como se fosse ontem, de quando eram realizados leilões com animais dentro do salão durante a festividade. “As pessoas entravam no salão da Sociedade Santa Cecília com cavalos e terneiros, e lá faziam os leilões. Eles montavam os animais no meio da pista”, relembra. Marina ainda comenta que, comparado com os dias atuais, naquele tempo o kerb era mais animado. “Algumas pessoas vinham, pagavam várias caixas de cerveja, e distribuíam entre  os presentes”. Comenta e, ao relembrar, destaca que bate um pouco de saudade daquele tempo.

Colocação da Pedra Fundamental da Igreja Católica de Morro Reuter

Crise de cerveja

Luis recorda que, naquele tempo, tinha o que ele denomina de “crise de cerveja”, afirmando que não tinha tanta oferta quanto a demanda do consumo . “Quando tinha kerb, eu me lembro que era complicado ter cerveja. Não tinha muito. Então eu sempre me antecipava e, umas duas semanas antes, ia no Cassel em Novo Hamburgo e encomendava”, recorda, dizendo que na época só tinha duas marcas da bebida. “Tinha a Brahma e Antarctica, não tinha outra coisa. Só depois de muito tempo que entrou a Skol”, recorda.

 

Marina e Luis Wüst são de Morro Reuter, quando ainda era distrito de São Leopoldo, mas tem uma história muito rica com Dois Irmãos, pois acreditaram nessa cidade, confiando a ela os seus projetos de vida, seus sonhos e seus planos para a família, criando vínculos que se eternizaram, mesmo com o passar do tempo.

 

De carona pela BR-116 para poder trabalhar em Dois Irmãos

A história do casal começou em Morro Reuter, onde a família de Marina tinha uma loja de tecidos. Luis ia para Dois Irmãos para trabalhar em fábricas de calçados, fazendo uma verdadeira peregrinação. Isso em 1962. “Já tínhamos três filhos. Eu ia de manhã cedo para a BR-116 pedir carona de caminhoneiros. Eu sempre conseguia, indo até o Posto Wendling em Dois Irmãos, e o restante do trajeto fazia a pé para poder trabalhar”, recorda, contando que naquela época não tinha ônibus circular tão cedo para poder se deslocar até o trabalho. “Eu morava em Morro Reuter, com três filhos pequenos, e ele ia para Dois Irmãos trabalhar, voltando só aos finais de semana”, relembra Marina.

Casamento de Marina e Luis

Luis ainda recorda que, uma vez, cedeu uma barreira na estrada, e ele não conseguiu vir de carona. Mas não deixou de ir trabalhar. “Quando cedeu uma barreira perto do Belvedere, a estrada estava fechada e nenhum caminhão podia passar. Mas eu fui a pé, de Morro Reuter até Dois Irmãos, pela estrada velha, para poder trabalhar”, comentou.

Organizadores de eventos

Quando pedir carona não deu mais certo, Marina e Luis vieram morar definitivamente em Dois Irmãos, em 1965. Luis, então, continuou trabalhando em fábricas, e Marina permaneceu em casa, cuidando dos quatro filhos, sendo um adotivo. “Eu sempre fui chefe do setor de corte nas fábricas de calçados”, relembra Luis. Mas quando vieram morar no município, o casal fundou um grupo que organizava e fazia o cardápio de festas e bailes.

Marina e Luis com sua equipe de cozinheiros, churrasqueiros e garçons que organizavam festas e eventos pela cidade e região

“Nós tínhamos uma grande equipe que organizava festas e casamentos aos finais de semana. O Luis era churrasqueiro e eu cuidava da cozinha. Fazíamos jantarem na Sociedade Santa Cecília, na Sociedade Atiradores. Preparávamos casamentos, principalmente no Centro Evangélico, mas também em Morro Reuter, São Leopoldo e Novo Hamburgo”, relembra Marina.

Durante a semana Luis trabalha na fábrica, e no final de semana organizava festas e eventos. “Fazíamos churrasco, saladas, cuidando de toda a parte dos jantares e dos almoços. Era uma equipe completa. As vezes trabalhávamos em 27 pessoas para atender os clientes”, comenta Luis.

“Teve uma vez que tinha mais de mil meio frango para serem feitos sábado de noite, e domingo tinha festa da Igreja, onde assamos em torno de mil quilos de carne. Pegávamos um caminhão frigorífico do seu Assírio Fink, encostávamos na frente da Sociedade Santa Cecília, e colocávamos quase 200 caixas de cerveja. Não sobrava nada”, relembra seu Luis.

Sociedade Santa Cecília

Luis destaca que desenvolveram essas atividades durante vários anos e, dessa forma, sempre podiam contar com uma renda extra para a família. E o fato de trabalharem prestando serviços em festas e bailes, fez com que chegassem a ser ecônomos na Sociedade Santa Cecília. “Como desenvolvíamos essas atividades, fomos convidados para assumir a Sociedade Santa Cecília, e ficamos como ecônomos por quase nove anos”, relembrou Luis.

Sociedade Santa Cecília

Reviver

No período em que estiverem à frente da Sociedade Santa Cecília, Marina recorda que participou da fundação do clube de Terceira Idade Reviver. “Na época a dona Leonita Backes, a Lia Schneider e a falecida Alide Bender, vieram falar com a gente para ver se cederíamos um espaço para o Clube Revive, para fazer as reuniões e os bailes. Nós aceitamos e desde então o grupo está lá, e isso faz 32 anos”, recorda Marina, que entrou com a diretoria quando o grupo foi fundado, sendo presidente por quatro anos e, posteriormente, vice.

CONFIRA ESSA E OUTRAS MATÉRIAS NO CADERNO DE 60 ANOS DE DOIS IRMÃOS QUE CIRCULOU NO DIA 10 DE SETEMBRO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.