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Paulo e Ilse Becker: enfrentando as dificuldades para construir o futuro em Dois Irmãos

16/09/2019 - 10h16min

Dois Irmãos – Hoje, a Verduras Becker é uma empresa consolidada no ramo de hortaliças e verduras, abrangendo um mercado cada vez maior em toda a região, com uma história que começou em meados de 1994. Mas, ao nos aprofundarmos um pouco na história, entendemos que isso começou muito antes, através do esforço de Paulo e Ilse Becker que, com o suor dos seus rostos, se dedicaram de sol a sol para criar os quatro filhos e, assim, dar condições para que trabalhassem e tocassem o próprio negócio um dia.

participação de Paulo no Exército (a direita na foto)

Paulo, com seus 76 anos, ainda trabalha na lavoura, na propriedade da família na rua Pedro Becker, no bairro Navegantes, se dedicando ao cultivo de algumas plantas e no trato com os animais, mas não tão intensamente quando antigamente. “Hoje ainda trabalho, mas para não ficar parado. Antigamente era muito difícil, tínhamos que trabalhar muito para conquistar as coisas”, recorda Paulo, afirmando que no começo trabalhavam plantando e colhendo mato de acácia, batata, feijão, arroz, cebola, milho, trigo e muito mais. “E na época era tudo com carroça e bois. Aquelas carroças antigas com rodas de ferro, que volta e meia caiam”, completa Ilse, que tem 74 anos.

Casamento de Paulo e Ilse

Paulo recorda que toda a produção precisava ser levada de carroça, naquela época, até depois da ponte, onde era carregada por caminhões. “Aquela ponte era tão ruim, cheia de buracos, que até os bois tinham medo de passar por cima”, relembra Paulo, afirmando que todos os dias precisavam levar mercadorias com as carroças para vender. “Além disso, diariamente levávamos o leite até o outro lado, até os caminhões, no lombo de mulas. Era muito difícil, tanto para quem precisava levar material como quem precisava trazer”, comentam Paulo e Ilse, afirmando que, para construir uma casa, todo o material vinha de carroça.

Já aposentados, Paulo e Ilse Becker trabalharam na roça desde crianças, e não conhecem outra função a não ser a lida da agricultura. Juntos, eles criaram quatro filhos, que hoje mantêm o negócio da família. Mas o casal recorda do tempo em que tudo começou, das dificuldades, do trabalhando com arados puxados por juntas de boi, e caroça com roda de ferro

 

Os benefícios da nova ponte

Mais tarde, quando foi construída a ponte no bairro, a vida dos moradores foi facilitada e, na mesma proporção, a comunidade prosperou. “A ponte foi construída há mais ou menos 50 anos, e, desde que foi feita, melhorou em muito a vida de todos os moradores”, afirma Ilse, destacando que isso foi um dos resultados provenientes da emancipação política. “Ai as coisas ficaram melhores, pois começaram a fazer novas estradas, colocaram paralelepípedos e logo depois já veio o asfalto”, recorda.

> Paulo e Ilse, quando já casados, indo trabalhar na caroça com os bois Faceiro e Mineiro

“As crianças gostavam de trabalhar na roça”

O casal relata que, na época, criar os filhos não era fácil, mas era melhor do que hoje em dia. “Era difícil, mas, ao mesmo tempo, as coisas eram muito melhores do que atualmente”, comenta Ilse, e Paulo completa, “para se ter uma ideia, quando os nossos filhos faziam cinco anos, eles já iam na roça com a gente. Preparávamos para eles uma cestinha especial, e ai nos ajudavam a plantar mudas de acácia”.

Ilse ressalta que isso era normal naquele tempo e, além disso, que as crianças gostavam de trabalhar. “Eles gostavam muito de fazer isso. Mas hoje os jovens não podem trabalhar antes dos 16 anos. Isso é o maior problema da nossa sociedade. Quem ainda não trabalhou até essa idade, dificilmente vai querer aprender a trabalhar duro, como a gente teve que fazer”, comenta, afirmando que os serviços que demandam trabalho braçal estão cada vez sendo mais valorizados. “Ninguém quer fazer”, conclui.

Registro da Ilse na colheita de mandioca

Paulo diz que, mesmo com todo o trabalho que tinha para fazer na própria propriedade, ainda se dedicava a lavrar as terras dos outros. “Eu e meu irmão trabalhávamos em outras terras também, com nosso arado e bois. Fazíamos isso muito, mas depois se tornou demais e tivemos que parar”. Ele ainda diz que, antigamente, as pessoas se mobilizavam para ajudar nas obras que eram feitas na cidade. “Me lembro que, uma vez, nos chamaram para ajudar a cavar os buracos para fazer a base do prédio onde hoje está construída a Lojas Taqi”, comenta.

Paulo cuidando da sua ovelha

Se conheceram em bailes

Ilse é natural de Santa Maria do Herval, e veio morar com a família em Dois Irmãos, no Vale Direito, quando tinha 16 anos. “Eu conheci o Paulo em um baile”, relembra, sorrindo. Ela comenta que, naquele tempo, tanto as moças como os rapazes iam nos bailes e, quando procuravam por alguém, queriam que fosse colono. “Acreditávamos que tinha que ser assim, pois se estivéssemos com alguém que já trabalhava roça, seria mais fácil começar uma vida a dois”, comenta.

Quando casaram, no dia 7 de novembro de 1964, Ilse tinham 20 anos e Paulo 22. “Já completamos os 50 anos de casados, e estamos planejando comemorar os 60”, brinca Ilse.

CONFIRA ESSA E OUTRAS MATÉRIAS NO CADERNO DE 60 ANOS DE DOIS IRMÃOS QUE CIRCULOU NO DIA 10 DE SETEMBRO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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