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A época dos bailes com liquinho e gelo em metro no Salão Mallmann de Santa Maria do Herval

17/05/2021 - 10h30min

José lembra de como começou a história do Salão Mallmann, fundado por ele há 45 anos (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – No último dia de 1975, antes da virada de ano, José Mallmann inaugurou o salão de festas e bailes que levou o seu sobrenome na localidade de Morro dos Bugres Baixo. Alguns dias depois, outro grande evento foi celebrado: o casamento de José com Maria Brunilde que ocorreu no dia 17 de janeiro de 1976. De lá para cá 45 anos se passaram, marcados por momentos de encontros e alegrias eternizados no Salão Mallmann.

José recorda que, no início de tudo, quando ainda não tinha energia elétrica, a iluminação era feita através dos liquinhos. Para refrescar as bebidas comprava-se pedaços de gelo no Kieling que eram conservados com serragem. A banda tocava só com a força dos pulmões e dos braços, sem caixas de som. Nos primeiros bailes os músicos vinham a cavalo. Mais tarde, iam de ônibus até o Centro e, de lá, tinham que pegar um carro menor para vir até o salão. As estradas eram pequenas, feitas para carroças, e veículos maiores não passavam.

As lembranças são muitas. Algumas mais marcantes e que jamais serão esquecidas. José lembra que no ano de 1985 organizou o baile de Kerb, que sempre acontecia duas semanas após a Páscoa. Era tanta gente que nem todos entravam no salão. A euforia era grande. De repente, alguém sugeriu que fosse feito mais um baile na noite de segunda-feira. A ideia foi de bom grado para José que, à 1h da madrugada do domingo, subiu no palco e anunciou que mais um baile seria feito. “Minha mulher disse que eu sempre era certo e naquela noite, de repente, tinha ficado louco”, lembrou, rindo.

No domingo de manhã a notícia se espalhou. José teve que correr contra o tempo para arrumar banda, bebidas e tudo mais. Foi de casa em casa convocando os músicos. “Na noite de segunda, os carros vieram enfileirados do Centro até aqui. Chegaram, buzinaram e chamaram a banda para recepcioná-los do lado de fora. Aí pediram uma caixa de cerveja. Depois me chamaram; eu fui e me colocaram em cima da caixa, me carregaram dançando e cantando até o salão. Nunca vou esquecer disso”. Naquela noite vendeu 30 caixas de cerveja diretas; somando tudo deu 80.

Salão Mallmann faz parte da história de Morro dos Bugres Baixo e de Santa Maria do Herval (FOTO: Cleiton Zimer)

Hoje, tudo está diferente. Há mais opções de entretenimento e os jovens, principalmente, não participam mais tanto de bailes e festas. José recorda que na época, eventos assim eram muito aguardados. Antigamente fazia cerca de quatro bailes por ano; recentemente, seguia com o Kerb e Baile da Linguiça.

José, 71 anos, e Maria, 68 anos, tem cinco filhos. Em 1990 fundaram o restaurante Mallmann no Centro, no qual trabalham dois dos filhos e Maria. Durante os finais de semana todos ajudam. José trabalha mais em casa, ao lado do antigo salão; cria seus porquinhos e trabalha na roça, dando sequência ao que faz desde criança.

Os bailes, por hora, estão parados. E o futuro dos eventos no Salão Mallmann ainda não está definido, assim como ocorre com todos os salões de festas em decorrência da pandemia.

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