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Animação “Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica” conquista pela magia e emoção
A Pixar tem se especializado em produzir animações para adulto chorar. Depois de ser exibido pela primeira vez no Festival de Cinema de Berlim, “Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica” estreia nesta quinta-feira com um enredo emocionante sobre família, passado e intuição. Em um local onde as coisas fantásticas parecem ficar cada vez mais distantes de tudo, dois irmãos elfos adolescentes embarcam em uma extraordinária jornada para tentar redescobrir a magia do mundo ao seu redor ao mesmo tempo em que tentam se reencontrar com seu pai.
A animação dirigida por Dan Scanlon toca numa ferida familiar semelhante à de “Viva! A Vida É uma Festa”, que se forma a partir da morte de um parente querido que marcou a vida daqueles que o conheceram. Ian (dublado por Tom Holland), o filho mais novo da família Lightfoot, foi criado apenas com as lembranças dos outros sobre seu falecido pai que nunca conheceu.
Barley (Chris Pratt), o irmão mais velho, já é o completo contraste de vida e personalidade do caçula. Além de ter presenciado a figura paterna em casa, o jovem carrega uma empolgação típica de constranger qualquer adolescente birrento. Sua paixão pela história de seus ancestrais, jogos de RPG, tudo que envolve magia, não é levada a sério por ninguém, mas se torna a sua principal arma na trama. Quando os dois irmãos se unem após receberem uma herança valiosa, eles vão perceber que tudo o que mais precisavam estava dentro e do lado deles.
“Dois Irmãos” tem uma mensagem poderosa e um tanto humilde que se desenvolve durante a aventura de Ian e Barley, em que a dupla precisa se virar com o que tem em sua volta enquanto desvendam enigmas para completar a missão e ter a chance de reencontrar o seu pai por um dia. Este é um desejo de Ian que se sente incompleto por não ter tido este afeto paterno ao longo da sua vida, apesar de ter uma família atenciosa, e que acredita que a solução da sua adolescência vazia estará nos ensinamentos que um desconhecido lhe passará. Já do outro lado, Barley parece ter herdado as características do pai, mesmo que o público não conheça esta pessoa misteriosa, por contagiar o ambiente com sua energia expansiva e carismática capaz de marcar vidas.
E a partir destas partículas, Dois Irmãos emociona por valorizar não só o laço familiar, mas por mostrar que para conhecer o nosso passado existem outras fontes que podem completar uma lacuna deixada por alguém que não está mais aqui. O filme destaca a importância do papel do irmão mais velho como alguém que ao mesmo tempo que cresce junto também ensina, dá exemplo. Quase como um segundo pai ou mãe. Então, aquela estratégia de usar as ferramentas que se tem, diante da situação em que se está, aplica-se nesta busca emocional de Ian.
Talvez “Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica” atinja o emocional e faça mais sentido para os adultos, que vão se identificar em momentos pelos quais já passaram na sua infância, mas a animação acerta em cheio na magia e na diversão genuína para conquistar toda a família.
Fonte: Correio do Povo