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Cada vez mais, a Rota Romântica é visitada a pé

03/07/2018 - 16h51min

Atualizada em 03/07/2018 - 23h07min

Grupos se organizam para caminhar pelo interior e fortalecem um novo tipo de turismo

É cada vez mais comum a cena de pessoas caminhando pelas estradas da zona rural nos municípios da Rota Romântica. A atividade, simples e prazerosa, ganhará um impulso importante com a iniciativa da Associação Rota Romântica de mapear e sinalizar alguns dos melhores roteiros da região.

“Esse projeto não pretende tirar o que já existe, como as caminhadas. Tudo continuará igual”, antecipa o presidente da Rota Romântica, Cláudio José Weber. Continuarão, portanto, iniciativas como as das Prefeituras, que promovem caminhadas em meio aos seus grandes festejos, bem como entidades e empresas que já oferecem esse tipo de atividade.

Seguirão também, com perspectiva de crescimento, as caminhadas organizadas por grupos de amigos. Elas se caracterizam principalmente pela informalidade, sem necessidade sequer de inscrição. Por outro lado, a simplicidade faz com que cada participante se responsabilize pela ausência de qualquer apoio no trajeto. Mochilas às costas, cada um carrega a água e o lanche de que precisará.

“Muitas pessoas participam não só por causa do exercício físico da caminhada. Eles querem a convivência com outras pessoas, desfrutar das belezas dos lugares por onde se passa, enfim, desligar do celular por algumas horas”, afirma Marcelo Arnold, de Ivoti. Ele é um dos 11 fundadores do Grupo Caminhadas, que está prestes a completar seis anos e já ultrapassou a marca dos 8.000 inscritos no grupo do Facebook. “Através do grupo, promovemos cerca de 50 caminhadas por ano”, acrescenta.

No dia 29 de abril, Marcelo e mais 33 caminhantes participaram de um desafio que vai ao encontro do que está sendo proposto pela Rota Romântica: uma caminhada de 36 quilômetros, passando por cinco municípios.

O ponto de partida, às 7h30, foi o Moinho Rasche, em Nova Petrópolis. Passando por Linha Olinda, o grupo caminhou até o Parque Municipal de Linha Nova, onde aconteceu a primeira parada para descanso. Seguindo por Capela do Rosário, em São José do Hortêncio, o trajeto levou até o Rio Cadeia, cuja travessia para o lado de Presidente Lucena se deu em uma pinguela (ponte pênsil). A caminhada seguiu por Linha Nova Baixa, onde aconteceu a segunda parada, e por Nova Vila, em Ivoti, lugar da terceira pausa. A linha de chegada foi o Núcleo de Casas Enxaimel, em Ivoti.

Entre os 34 aventureiros estavam Dulce e Márcio Benedetti, de Porto Alegre, ela com 49 e ele com 50 anos. O casal participa das caminhadas do grupo desde junho de 2015. Atualmente, a média é de duas caminhadas por mês. “As paisagens do interior desta região são muito bonitas e é muito melhor caminhar em estrada de terra”, afirmam. Conforme Márcio, o casal já se sente tranquilo para caminhar por conta própria pelas estradas da região. “Essa ideia de fazer roteiros autoguiados é muito bem-vinda”, diz.

Outra presença constante nas caminhadas do grupo é o casal Jocilaine, 45 anos, e Dirson Stein, 44, de São Leopoldo. “Começamos a participar porque queríamos caminhar pelo interior, ver menos movimento da cidade e mais natureza”, explica Jocilaine. O casal considera a região da Rota Romântica encantadora, com segurança e cidades bem arrumadas. “Mas há uma diferença muito grande entre o passeio de carro e a caminhada”, acrescente Dirson. Com caminhadas já realizadas em Nova Petrópolis, Linha Nova, São José do Hortêncio, Ivoti e Lomba Grande (Novo Hamburgo), o casal entende que ainda tem muitos bons lugares para conhecer. “Em Nova Petrópolis conhecem pouco e, em Dois Irmãos, nunca caminhamos”.

Inácio de Oliveira Flores também caminhou de Nova Petrópolis até Ivoti no dia 29 de abril. No grupo, ele é considerado um especialista. Inácio é o criador do Caminhos do Sul, percurso de mais 600 quilômetros entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e já completou diversos outros roteiros famosos, incluindo Santiago de Compostela. Ele considera as caminhadas uma ideia muito promissora para a região da Rota Romântica. “Essa próxima geração que vem aí já está mais desligada do computador e mais disposta a sair de casa. E essa região é maravilhosa para isso, com seus morros e matas. Em termos de beleza, ela só se compara ao Vale Europeu, em Santa Catarina, mas em infraestrutura ela é até melhor”, afirma.

Jocilaine e Dirson querem menos movimento da cidade e mais natureza

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