Cadernos
Dois Irmãos: Desde a chegada dos imigrantes, são quase dois séculos de desenvolvimento
Dois Irmãos – Documentos, livros, fotografias e construções antigas são alguns dos elementos que remetem à formação do contexto histórico de Dois Irmãos. Nesses quase dois séculos, o município tem seu desenvolvimento “casado” com o avanço das fábricas de calçados. Na Calçados Wirth está guardado um calendário que é uma verdadeira relíquia no que diz respeito à preservação da história de Dois Irmãos. Ele foi confeccionado para celebrar o Sesquicentenário da Imigração Germânica no Rio Grande do Sul. (Marca os 150 anos, entre o período de 1824 e 1974).
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O material teve o aval da Prefeitura Municipal de Dois Irmãos e foi feito durante a gestão do prefeito Justino Antônio Vier, gestão 1973-1977. Ele foi cedido para essa reportagem pelo Gilmar “Chile” Weber, filho de uma contramestre de costura, que por muitos anos atuou na fábrica da Kuntzler e aparece na foto. Para ele é uma emoção mito grande ver a mãe na foto e saber que ela fez parte do processo de desenvolvimentos do setor calçadista de Dois Irmãos.
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“Freguesia de São Miguel dos Dois Irmãos”
Confira a seguir, na integra, o texto divulgado na época com dados do professor Paulo Arandt e Prefeitura Municipal. O material é praticamente uma carta que resume o processo de chegada dos imigrantes:
“A EPOPÉIA DA FUNDAÇÃO DE DOIS IRMÃOS PELOS IMIGRANTES ALEMÃES”
Atendendo a sugestão da Princesa Dona Leopoldina da Áustria, D. Pedro I enviou um emissário para divulgar as riquezas das terras brasileiras de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, junto aos colonos de Eifel e Hunsrück. Várias famílias de colonos acolheram a ideia e partiram para o Brasil, no navio “Cecília”, o qual acabaram por abandonar após enfrentarem grandes temporais e avarias. Ficaram por mais de um ano na Inglaterra de onde foram trazidos com o auxílio da Princesa Amélia Leuchtenberg. Superadas todas as dificuldades passadas na viagem de imigração eles prometeram guardar dia santo de guarda a data de 29 de setembro, dia de São Miguel, quando aportassem no Brasil.
Aqui chegado eles foram conduzidos à Casa do Imigrante em Feitoria São Leopoldo, onde as mulheres e as crianças permaneceram enquanto os homens se embrenharam na mata em busca da terra prometida.
Além da aspereza da selva enfrentaram a ira dos índios, as emboscadas dos “Muckers” e os homens do “Menino Diabo” durante a Guerra dos Farrapos, ao mesmo tempo em que empreendiam a conquista da terra, a qual já encontraram dividida em glebas e demarcada com estacas. Uma vez aberta a mata e construída os primeiros casebres as famílias instalaram-se, fundando a Freguesia de São Miguel dos Dois Irmãos, denominada essa devido aos dois morros que se destacam na topografia do lugar. Durante anos s imigrantes tiveram de enfrentar a ferocidade dos silvícolas. Com a colonização de outros núcleos vizinhos, os índios acabaram tendo que fugir e os colonos retomaram suas atividades, iniciando daí a colonização definitiva de Dois Irmãos. Hoje, vários marcos lembram aqueles heroicos pioneiros, como o templo Evangélico construído em 1858, o católico de 1872, o qual fora erguido sobre a primeira capela da sede construída em 1832, a ponte histórica (1855) sobre o Rio Feitoria, na Vila rosa, e várias outras obras que são preservadas com carinho. Mas a chama mais viva que marca a presença dos imigrantes nos dias de hoje são os tradicionais festejos de são Miguel, com os famosos bailes de kerb, comemorados anualmente em 29 de setembro, conforme era o desejo daquelas famílias pioneiras que fundaram a cidade. Dois Irmãos cresceu e emancipou-se em 10 de setembro de 1959.”
Dois Irmãos foi um dos grandes produtores de batatas e cebolas do sul do Brasil, na época quem que os atuais municípios de Morro Reuter e Santa Maria do Herval ainda não eram emancipados.
Dois Irmãos se destacou pela sua produção de calçados, possuindo várias industrias em fase de grande desenvolvimento. Na foto aparecem quatro fábricas internas. Duas já não existem mais: Travesso e Calçados Roseli. As outras duas são o Wirth e o Kuntzler.