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Especial edição 5.000: crise e demissões em massa nas fábricas de calçados

19/06/2020 - 18h28min

Nesta sexta-feira, dia 19, o Diário chegou a sua edição de número 5.000. Para marcar este momento, selecionamos diversas reportagens históricas publicadas pelo jornal ao longo das quase três décadas. Esta é uma delas:

Crise e demissões em massa nas fábricas de calçados
A pior crise de Ivoti teve momentos importantes em 1995

Em meados da década de 1990 abateu-se sobre o Vale do Sinos, com grandes reflexos em Ivoti, a crise no setor coureiro calçadista. Naquela época, o Diário noticiou o fechamento de muitas fábricas e milhares de demissões no principal setor da economia do município. Até representantes de igrejas se envolveram em reuniões de emergência para tratar da crise.

Como a maioria das crises econômicas, a situação das fábricas e de seus empregados foi piorando aos poucos. No dia 17 de março de 1995, o jornal estampou na capa foto de um mendigo perambulando por Ivoti – fato incomum para a cidade naquela época. Conforme aquela notícia, Ivoti somava mais de 1.000 desempregados.

Uma das fábricas atingidas pela crise era a Calçados Licetti, que chegou a ter 600 funcionários. A falência deixou centenas de funcionários sem emprego e nem mesmo o pagamento dos últimos salários e das rescisões. As notícias do jornal citavam ainda 260 funcionários dispensados pela também falida BSM. Esta empresa estava operando num prédio que antes era da Calçados Lindopé, que fechou por falência em 1994.

Ainda em março, mais uma notícia pesada para Ivoti: o fechamento da Calçados Pollen, gerando mais 160 demissões. Em abril o Diário noticiou que a busca por seguro-desemprego na Caixa de Ivoti já havia triplicado, passando de 115 pedidos em janeiro para 420 em março. Um mês depois, mais uma notícia ruim: “Pequena multidão à procura de emprego”. Carros de som haviam passado nas ruas de Ivoti anunciado vagas de emprego em fábricas de calçados de Dois Irmãos.

Situação começa a melhorar
As possibilidades de reverter o desemprego começaram a surgir, aos poucos, ainda naquele ano de 1995. Uma das soluções encontradas pelo Sindicato dos Sapateiros de Ivoti foi a criação de uma cooperativa e a parceria com grandes empresas, como a Calçados Azaleia. Uma reunião para tratar dessa parceria era a principal notícia do Diário na edição de 12 de maio de 1995.

Uma cooperativa seria formada em Ivoti por 120 trabalhadores demitidos da Calçados Licetti. Ela operaria nos próprios pavilhões industriais da massa falida. A Azaleia, que já tinha fábricas na região e planejava ampliar a produção, não precisaria fazer grandes investimentos. Bastaria adquirir o que fosse produzido na cooperativa em Ivoti.

Ainda na edição de 12 de maio, o Diário noticiou a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de sobretaxar em 70% os calçados importados da China. Junto com a desvalorização do dólar frente ao real, as importações chinesas eram apontadas como causa para a crise do setor calçadista gaúcho. Outra boa notícia daquele mês era a abertura de linhas de crédito do BNDES para investimentos na indústria do couro e do calçado.

No dia 9 de junho, a notícia de que a West Coast começava a operar no prédio da Calçados Lindopé (prédio antes alugado pela BSM, também fechada por falência). Além disso, a West Coast anunciava a implantação de um segundo turno de trabalho em sua matriz, no bairro Jardim Panorâmico. Em 6 de janeiro de 1996, o Diário trouxe a notícia do alívio: “Melhora a situação do emprego em Ivoti”.

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