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Especial edição 5.000: Picada Café perdeu as fábricas da Caflex e da Dakota

19/06/2020 - 18h44min

Atualizada em 19/06/2020 - 18h45min

Nesta sexta-feira, dia 19, o Diário chegou a sua edição de número 5.000. Para marcar este momento, selecionamos diversas reportagens históricas publicadas pelo jornal ao longo das quase três décadas. Esta é uma delas:

Quando Picada Café perdeu duas grandes fábricas: a Caflex e a Dakota
Saída das duas empresas fechou 670 postos de trabalho no município entre 2000 e 2002

O período entre outubro de 2000 e maio de 2002 separa duas das piores notícias já veiculadas pelo Diário sobre a economia de Picada Café. Primeiro, a falência da Caflex Calçados; depois, o fechamento da unidade local da Dakota. Somados, os dois fatos representaram o fechamento de 670 postos de trabalho no município, além de uma redução significativa na arrecadação de ICMS.

Uma das principais empresas da cidade, a Caflex decretou falência e deixou 240 pessoas sem emprego e sem o pagamento imediato dos direitos trabalhistas. A esperança era a massa falida, avaliada em R$ 1,2 milhão e vendida com ágio de 30% em leilão no dia 10 de janeiro de 2001.

O valor foi depositado em juízo no Banco do Brasil e serviria para o pagamento das indenizações quando os processos trabalhistas fossem concluídos. Contudo, o Estado também estava tentando obter esse dinheiro, pois a Caflex tinha dívidas de ICMS. Houve inclusive uma ação do Estado para tentar impedir leilão.

O leilão aconteceu e um dos interessados era o ex-prefeito Rubem Kirschner. Mas a proposta dele acabou superada pela 3R do Brasil, de São Leopoldo. Rubelão, então, fez uma proposta e, na mesma tarde, comprou o prédio da 3R. A ideia era alugá-lo para alguma outra empresa. Os equipamentos foram retirados e também revendidos pela 3R.

Dakota surpreende e sai de Picada Café
Na mesma época do leilão da Caflex já circulavam rumores sobre um possível fechamento da filial da Dakota em Picada Café. No Diário de 9 de fevereiro de 2001, o diretor da empresa, Romeu Lehnen garantia que a saída não aconteceria. Ele reconhecia problemas relacionados à baixa no consumo no início do ano, mas dizia que tudo voltaria ao normal depois do Carnaval.

Mais: além de estabilizar a situação, a Dakota de Picada Café planejava ampliar a produção. No jornal de 23 de fevereiro estava a notícia de que a filial contrataria mais 150 funcionários. Romeu também estava negociando junto a Rubem Kirschner a locação do prédio que era da Caflex.

Em maio de 2002, a segunda notícia triste: a Dakota fecharia a filial e transferiria todas as operações de Picada Café para Nova Petrópolis. Isso incluía os 430 funcionários, que teriam o emprego mantido, caso concordassem em trabalhar na cidade vizinha. A alegação era de que a filial tinha uma produção pequena demais para o alto custo que gerava.

A Dakota era a terceira maior empresa da cidade, mas aquela era uma notícia significativa não só por causa das perdas financeiras. Tratava-se de uma empresa nascida em Picada Café. O próprio prefeito Lui Schenkel havia trabalhado nela por 20 anos. “Isso dói na alma”, comentou.

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