Cadernos
Realizações e avanços no caminho da Rota Romântica
O ano de 2018 e os próximos encaminham a Associação dos Municípios da Rota Romântica para várias realizações e avanços. A entidade trabalha para iniciar a implantação do projeto “Cicloturismo – Pelos Caminhos da Rota Romântica”. No campo diplomático, além de reforçar a irmandade com a Romantische Strasse, na Alemanha, estão sendo realizadas ações em torno de uma parceria com a região de Serra da Estrela, em Portugal. Também está sendo iniciado um planejamento para atrair turistas argentino e, na área institucional, a Rota Romântica acaba de criar um importante canal de comunicação com a Embratur.
As novidades foram detalhadas pelo presidente da Rota Romântica, Cláudio José Weber, em entrevista no dia 25 de abril. De acordo com ele, o cicloturismo na zona rural, com possibilidades também para as caminhadas, é a principal bandeira da entidade no momento. “Não adianta a gente atirar para todos os lados. Precisamos ter alguns focos e eles são definidos sempre com base em dados e estatísticas”, afirma o presidente, dando outro exemplo: “Há alguns anos pouco se falava em cervejarias artesanais. Hoje já estamos diante de um grande projeto trazido para dentro da Rota Romântica”. Confira a entrevista:
O Diário: Qual é a atual preocupação do presidente da Rota Romântica?
Weber: Estamos focados nos projetos definidos na assembleia de março e temos um cronograma de ações para o ano de 2018. Alguns projetos são maiores e ficarão para o ano que vem. Em paralelo, eu citaria a segurança. Ainda estamos em patamares confortáveis de segurança aqui na região, mas não é o ideal. O turista precisa se sentir seguro. Então a segurança caminha junto com o desenvolvimento turístico e não podemos deixar a violência crescer aqui na região.
O Diário: Qual projeto se destaca no cronograma de 2018?
Weber: É o cicloturismo, um roteiro com sinalização que vai percorrer todos os municípios. Poderá ser usado também para caminhadas, pois é autoguiado. Já temos duas propostas para o mapeamento das áreas. Em janeiro fizemos uma visita técnica ao Vale Europeu, em Santa Catarina, e conseguimos ver como podemos formatar esse projeto. Agora buscamos recursos, o que é difícil. Precisaremos de uns R$ 300 mil para colocar tudo em prática nos 14 municípios. Talvez por isso não seja lançado nos 14 ao mesmo tempo. Pedimos apoio ao Estado e ao Ministério do Turismo, que deve nos apoiar assim que abrir uma linha de crédito apropriada. Um projeto destes não se faz de um dia para o outro. Mas estamos conversando e está sendo bem legal. Eu quero crer que neste ano vamos sinalizar pelo menos um trecho e começar o roteiro.
O Diário: O mais importante, que é a demanda, já existe, certo?
Weber: E como existe! A gente viu os números lá de Santa Catarina… É um valor muito alto que isso injeta na economia, pois envolve muito público das classes A e B.
O Diário: O cicloturismo e as caminhadas levarão muita gente para a zona rural. Ela está preparada para tirar proveito das novas oportunidades?
Weber: Em partes sim, em outras, não, mas isso faz parte do desafio. É, sobretudo, uma questão de oferta e demanda. As duas coisas tem que caminhar juntas. Não se pode exigir que um lugar lá do interior construa um hotel. Eu vou investir num produto turístico se houver demanda. Mas hoje essa não é a nossa maior preocupação. Primeiro eu preciso ir para o interior e hoje eu não tenho essa possibilidade organizada. Imagine um armazém de secos e molhados, lá no interior. Se for num circuito mais organizado e ele souber que amanhã terá uma demanda de 50 ciclistas, ele vai se organizar para atendê-los. Mas ainda estamos alguns passos atrás. Ainda precisa formatar esses roteiros. Importante frisar que a Rota não pretende tirar o que já existe, como as caminhadas. Tudo continuará igual. Nós vamos sinalizar um roteiro na região. A forma como os municípios e as entidades vão utilizar isso, é com eles, bem como a limpeza e a organização.
O Diário: Quais outros temas a comitiva da Rota Romântica tratou na recente viagem a Brasília?
Weber: Buscamos apoio na Embratur para criar uma parceria com a região de Serra da Estrela, em Portugal. Gostaram tanto da ideia que já mandaram uma carta de apoio e um representante já veio para cá conhecer o roteiro. Isso foi muito melhor do que imaginamos. Também estivemos na Embaixada da Alemanha, com o embaixador Georg Witschel, para estreitar os laços de parceria e buscar apoio na aproximação das cidades de Füssen e Nova Petrópolis, que estão em processo de irmanação.
O Diário: O que justifica esse interesse por Portugal?
Weber: Temos que sempre nos ater aos dados. Quem mais visitou o Rio Grande do Sul em 2017? Primeiro argentinos, uruguaios, paraguaios, chilenos, colombianos e peruanos. Isso se explica pela proximidade. Estão aqui do lado. Mas fora da América do Sul, em primeiro lugar estão os turistas alemães e isso justifica a parceria que já temos na Alemanha. Mas nessa lista dos principais visitantes não aparece Portugal. E olha que agora existe um voo direto entre Lisboa e Porto Alegre. Então temos que trazer esse pessoal para cá e a Embratur tem essa força. Temos um canal muito bom lá e vamos ter apoio nesse objetivo.
O Diário: Também há um interesse nos turistas argentinos?
Weber: Estamos abrindo um canal e vamos para lá neste ano. Vamos focar principalmente nas regiões de Córdoba, Mendoza e Tucumã. Tem muito argentino que vem para cá por causa das praias. A Secretaria Estadual de Turismo admite que é bem difícil fazer eles pararem aqui na região por um ou dois dias. A Região das Hortênsias já tentou isso. Então precisamos de uma proposta diferente, outro produto, mas que não seja praia.
O Diário: Em que situação se encontra o projeto relacionado às cervejarias artesanais?
Weber: Tivemos um projeto regional proposto pela Rota, levado pelo deputado Elton Weber, que virou lei. Hoje temos 22 municípios dentro desse projeto e agora precisamos deslanchar isso. Tentar apontar um rumo de divulgação desse projeto. Em 2017 o número de microcervejarias cresceu 17%. Hoje somos o Estado número um, com 144 estabelecimentos, na frente de São Paulo e Minas Gerais. É um crescimento fantástico. Até onde vai durar o crescimento? Não sei, o mercado vai dizer. Mas é um movimento muito bom e que insere um município como Linha Nova. Estão fazendo eventos cervejeiros que levam gente para lá, numa forma de descentralizar o turismo. Nem se pensava nisso há cinco ou seis anos. Mas lá atrás nós falamos que esse setor iria crescer e de fato isso aconteceu. Em um ano nós conseguimos consolidar uma lei. O próximo passo é organizar essa turma e ir em busca da consolidação regional.
O Diário: No setor turístico, a crise financeira já passou?
Weber: De novo vamos nos ater aos dados. Desembarques domésticos. Esses números demonstram que a crise existiu em 2015 e se agravou em 2016. Em 2017 houve uma recuperação, mas ainda não alcançou o que era em 2015.
O Diário: A Rota segue com o trabalho de cobrar melhorias na infraestrutura da região?
Weber: Sim. Agora já era hora de roçar a beira das estradas. Eu passo de carro e vejo um mato alto, já fico atacado com isso. Vamos no Denit, aí lá não tem recurso. Aí procuramos os municípios. A gente briga, mas nas outras regiões eles nem dão bola para isso. Mato alto não importa. E não é muito longe daqui. Exigir, ter o cuidado de plantar plátanos na estrada, esse é o nosso trabalho. Se nós não fizéssemos, quem o faria?