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Variedades

Cultivo de plantas alia controle da ansiedade e fonte de renda

06/04/2022 - 09h22min

Atualizada em 08/04/2022 - 10h02min

Noeli com dois tipos de Rosas do Deserto | Fotos: Daiani Aguiar

Produção nascida na pandemia, conta com cerca de 500 mudas de Rosas do Deserto

por Daiani Aguiar

Estância Velha – O cultivo da planta da resiliência, a Rosa do Deserto, inspira sentimentos de calma à produtora Noeli Maria Welter Martins, 62 anos, a Mino. Para desenvolver a atividade, que nasceu na pandemia como forma de conter a ansiedade, ela conta com o apoio do marido, Marco Antônio Cruz Martins, 62, da vizinhança e amigos.

Natural de Campina das Missões, ela e a família residem há 30 anos no bairro Nova Estância, onde construiu, aos poucos, uma estufa e locais para a plantação. “Estou sempre envolvida com algo e na pandemia fiquei parada. Estava muito ansiosa e ainda trabalho isso”, relata Noeli.

Ela também pinta quadros e confecciona roupas para bonecas, formas que complementam a renda. Em razão da paralisação das atividades, consequência da Covid-19, ela encontrou no cultivo, uma maneira de lidar com os sentimentos. “Nada mais estava funcionando, fiquei travada. Perdi pessoas e foi muito doloroso. Acredito que tudo isso me levou para as plantas”, afirma.

Estufa criada pelo casal

O início

Em 2020 Noeli comprou cerca de 20 sementes para iniciar a produção. Com resultado positivo, pouco tempo depois comprou mais 100, e destas, cerca de 80 brotaram. “Também comprei 10 mudinhas”, diz. Foi como a produtora chegou aos mais de 500 vasos, com 20 diferentes tipos da Rosa do Deserto.

Questionada sobre a paixão pela espécie, Noeli conta que surgiu há alguns anos, através da irmã. “Ela tinha uma encantadora, com flores bordôs”. Na época ela comprou mudas para ter em casa, mas “todas morriam”, então decidiu buscar conhecimento por meio de vídeos no youtube.

Logo que iniciou a produção com dedicação, ela percebeu a necessidade de dominar os processos de cultivo. “Eu queimei muitas mudas por causa do adubo químico, então encontrei um professor que trabalha só com o orgânico”, detalha.

Atualmente, Noeli possui mais cursos e criou um grupo no WhatsApp para disponibilizar dicas aos clientes, bem como nutrir bem as rosas. Quem se interessar pode pedir acesso por meio do contato: 51 98548-2715. “Hoje eu respeito o ciclo da planta, observo a lua, o clima e outros aspectos importantes”, salienta.

Noeli utiliza as casacas de ovo na produção de adubo orgânico

Rosas do Deserto

A planta originária da África do Sul pode medir até quatro metros de altura e um metro e meio de largura, se cultivada em seu ambiente natural. No entanto, ela se mantém em tamanhos variados, conforme a poda realizada. Quando plantada em vasos, ela se assemelha com pequenas árvores, devido às raízes abundantes.

Além disso, as flores nascem em diferentes tons, como branco, amarelo, rosa, lilás, vermelho e bordô. Algumas exóticas também florescem na cor preta. As Rosas do Deserto podem viver por até duas décadas, quando bem cuidadas.

Produção conta com mais de 20 tipos diferentes de Rosa do Deserto

Processo de cultivo

Para manter a planta saudável, Noeli indica deixar as mudas no sol, com ventilação, e regar uma vez ao dia. Já as sementes devem receber água até duas vezes ao dia, com o substrato constantemente umedecido. Além disso, o recipiente mais adequado são os rasos de plástico, para escoar a água da rega, evitar o apodrecimento do caule e garantir a saúde das raízes.

“Elas não gostam de chuva fria. Se chover tem que recolher, mas o substrato precisa estar bem drenado”, salienta. Noeli possui três bombonas de substrato, com papelão, folhas secas e gongolos, que auxiliam na produção de adubo orgânico. “O que para alguns é lixo, para mim vira substrato. Os vizinhos me ajudam bastante nisso”, sublinha.

Segundo ela, também faz adubo desenvolvido com os cinco elementos naturais: cinza de madeira sem química, carvão, farinha de osso, café e casca de ovo. “Tem plantas que só uso esse, que é um complemento para dar mais qualidade. Algumas pessoas também utilizam os de pedras minerais”, afirma.

Gongolos utilizados na produção do substrato

Participação em feiras

“Todos os dias eu trabalho um pouco. Me faz muito bem”, reforça. Além do cultivo e vendas individuais, Noeli também prepara as mudas para comercializar em feiras. Aos sábados ela expõe na Feirinha de Rua do bairro Rincão dos Ilhéus, bem como em feiras de Novo Hamburgo, por meio do programa Economia Solidária. Ela ressalta que em breve iniciará a Fenac, onde também estará expondo a produção. Os preços variam de R$ 12,00 a R$ 40,00 reais.

Adubo com os cinco elementos

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