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“Ninguém é conivente e só esperamos por Justiça”, diz mãe de criança estuprada e morta
Santa Maria – O estupro e morte de uma menina de apenas 5 anos e com paralisia cerebral chocou todo o Estado no início do mês. A criança foi abusada dentro do quarto e, informações preliminares, dão conta que após o acusado ter cometido o abuso sexual, lhe asfixiou. O inquérito aberto pela Polícia Civil foi concluído e remetido a Justiça nesta semana. O acusado, que não teve a identidade revelada, tem 18 anos, está preso e é filho do padrasta da criança. Ele foi preso horas depois do crime e confessou ser o autor do estupro seguido de morte. A criança, no dia do ocorrido (7 de setembro), foi levada ao hospital pela mãe.
A mãe, acompanhada do companheiro, concedeu entrevista ao Diário de Santa Maria. Confira o que ela disse:
A senhora não percebeu nada de diferente ao longo do dia ou da noite?
Mãe – Ela estava bem, dormindo no bercinho. Eu estava medicada com corticoides. Meu marido me acordou por volta das 4h45min, horário que sempre acordamos para nebulizar e aspirar, e estava espantado apontando para ela. Coloquei a mão no pulso e ela ainda tinha pulsação. Quando peguei no colo, ela se amoleceu e corremos para o hospital. Percebi que saía secreção do narizinho e mal respirava.
A senhora teve a notícia do óbito no hospital?
Mãe – Sim. A médica me deu a notícia e eu saí lá fora para informar toda a família. Minutos depois, ela me chamou de volta e disse que precisava avisar a polícia. Foi aí que não entendi mais nada. Fiquei pensando em tudo o que fiz: na sexta-feira à tarde, saí pagar contas e retornei cansada, às 19h. Tenho bronquite, estava em crise, tomei um remédio com corticoide e fui deitar. Pedi para o meu marido tirar ela da cadeira de rodas e colocar no berço. Ali por volta das 21h, meu marido fez sopa, tomei, olhei para ela, que estava dormindo quietinha. Ele tinha “dado mamá”. Às 21h45min tomei um chá e outro remédio. Até que meu marido me acordou por volta das 4h45min…
O quarto tem chave. A porta estava trancada?
Mãe – Não. Deixei destrancada para entrar um ar, pois eu estava respirando mal. Meu marido tem problema de audição e eu estava medicada. Ela também tinha um “bloqueio para dor” e, por isso, dificilmente chorava quando sentia dor. Descobrimos por uma neurologista quando ela ainda era pequenininha. Segundo a médica, pelos exames, tudo aconteceu (estupro) na madrugada (de sábado).
Que providências a família pretende tomar a partir de agora?
Mãe – Vamos depor e fazer o que for preciso. Não consigo entender como ele (autor) fez isso. Ninguém é conivente e só esperamos por Justiça. Ela (vítima) foi uma menina que nasceu de sete meses, dentro de uma ambulância, em frente ao hospital. Faltou oxigenação durante o parto e desde os três meses passou a ter crises convulsivas e epiléticas. E, a partir daí, problemas nos sistemas neurológico, respiratório e digestivo. Por isso, era uma criança amada, bem cuidada, o xodó da casa. Eu ainda estou me perguntando como tudo isso aconteceu.