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Polícia

Um ano em que mãe e filha morreram carbonizadas em Dois Irmãos

02/08/2022 - 17h21min

Atualizada em 02/08/2022 - 19h14min

Ana Clara e Lígia morreram asfixiadas e queimadas no banco de trás do carro (Créd. Cleiton Zimer / detalhe (reprodução)

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – Na segunda-feira, dia 1º de agosto, completou um ano da tragédia em que mãe e filha morreram carbonizadas no banco traseiro de um Fiat Uno num terreno na lateral da Estrada Picada Verão, próximo ao Cemitério Municipal de Dois Irmãos.

No inquérito a Polícia Civil concluiu que a morte de Ana Clara Rubbo Gomes, 7 anos, e de sua mãe Ligia Gomes Rubbo, 42, se deu por homicídio simultâneo a suicídio – tendo a mãe tirado a própria vida e a da filha.

Morte por asfixia

O laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) apontou que ambas foram asfixiadas até a morte. Desta forma, entende-se que estavam vivas quando o fogo começou e que morreram por conta da inalação de fumaça – não se sabe se estavam sedadas ou não.

Na noite após o ocorrido, quando a perícia chegou ao local, já havia sido constatado que o corpo da mãe estava em cima do da criança.

As chamas deixaram os cadáveres irreconhecíveis e só foi possível identificá-los oficialmente através do material genético da família. Não se pôde determinar de que forma o veículo foi incendiado, mas, a polícia acredita que com o uso de álcool ou combustível semelhante.

Questão de minutos

Na época uma testemunha contou à reportagem que viu o carro passando sentido Sapiranga, mas retornando em seguida. Instantes depois viu uma fumaça preta subindo entre as árvores.

Bombeiros e Brigada Militar foram acionados e só depois das chamas serem apagas viram os corpos. Inicialmente o da mãe, por cima, e depois, mais claramente, o da menina.

Carta de despedida

Poucas horas após o ocorrido a Polícia Civil conseguiu acesso à casa de Lígia no Vale Esquerdo e, em cima da mesa, encontraram uma carta na qual se despedia, pedindo desculpas para familiares e amigos. Num caderno, dizia que “não aguentava mais” e “que não queria deixar a menina sem mãe”.

Guarda era do pai

O pai da criança e Ligia estavam separados desde outubro de 2020. Informalmente ele estava com a guarda da menina e morava com Ana Clara em Canoas; ela passava os finais de semana com a mãe.

Conforme relatado pelo ex-companheiro à polícia eles teriam se conhecido em 2009. Contou, o que também foi confirmado pela mãe dela, que Ligia enfrentava problemas psiquiátricos e fazia tratamento para depressão e bipolaridade desde os 18 anos.

O casal teria, inclusive, consultado um psiquiatra para avaliar a possibilidade de ter filhos. Nos últimos anos os ciclos de depressão teriam ficado mais intensos.

Ligia se preparava para dar aula

Ligia era química, especializada em desenvolvimento e controle de qualidade de produto, auditoria e gestão de segurança alimentar. Devido aos problemas de saúde estava há bastante tempo sem trabalhar, tendo sido internada duas vezes.

Conforme a polícia, ela retomaria suas atividades profissionais como professora em Dois Irmãos, na retomada das aulas, na época paradas por conta da pandemia. O nome da escola onde lecionaria não foi divulgado.

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