Coluna Nova Petrópolis
Sobre os efeitos psicológicos da quarentena em Nova Petrópolis
Até o fim de semana completar-se-á um mês de quarentena por causa do coronavírus. Eu procurei respeitá-la, principalmente nos dez primeiros dias, quando saí de casa rigorosamente apenas para ir ao mercado e à farmácia. Não que estivessem me faltando mantimentos e remédios naquele momento, mas sabe como é… Eu queria garantir pelo menos mais um pacote de Materva moída grossa e mais um vidrinho de Balsamo Alemão, coisa difícil de conseguir naqueles dias. Garantido isso, foram nove dias sem sair de casa. Quer dizer, sem sair do terreno, pois na horta eu ia diariamente e continuo indo. No 11º me deixei convencer de que é possível sim sair de casa durante uma hora para fazer um exercício como uma corrida ou uma caminhada. Daí que venho correndo quase que diariamente, à tardinha. Do bairro Piá até a pista do Frederico, Kukos e de volta, num total exato de oito quilômetros.
MAIS GENTE CAMINHANDO
Me admira a quantidade de gente que adotou este hábito durante a quarentena. Agora é possível ver até casais caminhando. Chega a ser engraçado, pois dá para ver de longe que muitos deles não levam o menor jeito para este tipo de exercício. E muito menos ao lado do marido ou da esposa. Fazer o que, se este é praticamente o único jeito de se livrar por uns instantes do tédio da quarentena? Eu quero ver se essa “disposição” seguirá quando a quarentena acabar… Estou até pensando em anotar alguns nomes para conferir depois!
UM DOMINGO ASSUSTADOR
Me parece que o auge disso aconteceu no fim da tarde/início da noite do último domingo, 12. Muitas calçadas estavam repletas, com grupos de três, quatro ou até mais pessoas caminhando. Em alguns pontos, optei por correr na rua, pois ficando na calçada seria impossível não esbarrar nos grupinhos. É um fenômeno inevitável para os novos caminhantes, que na verdade pouco interessados estão no suposto exercício físico. Muito melhor é encontrar algum conhecido e trocar a caminhada por meia hora de conversa na calçada. Não estou querendo dizer que eu sou o joãozinho do passo certo. Se eu posso sair de casa, todos podem. Mas a ideia do distanciamento social precisa continuar valendo. Então, nada de grupinhos.
TURISMO NO SUPER PIÁ
Esse é o efeito psicológico mais curioso da quarentena: ir ao supermercado virou quase um programa turístico. Nas vésperas da Páscoa, então, os corredores eram quase um Chocofest. Ouvi comentários parecidos de vários mercados da cidade. Citei o Super Piá porque eu estava lá no preciso momento em que foi implantada a medida de permitir a entrada de apenas uma pessoa por família no mercado. É algo muito mais simbólico do que qualquer outra coisa. Primeiro porque mostra a falta de preocupação de boa parte dos clientes. Segundo, porque foi mais uma medida de apelo ao bom senso. A menos que alguém chegasse com uma criança pequena, o rapaz que estava cuidando a porta não tinha como saber se as pessoas eram da mesma família ou não. Eu suspeito que aqueles casais que nunca tinham saído juntos para caminhar também são capazes de entrarem separados no mercado.
Por Francis Jonas Limberger
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