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Coronavírus: socióloga aponta diferenças entre isolamento e confinamento social

28/04/2020 - 13h56min

Atualizada em 28/04/2020 - 14h00min

Socióloga Sueli Cabral: "Há quem possa morrer por falta de um prato de comida"

A pandemia de Coronavírus trouxe não apenas o temor pelo contágio, mas uma grande preocupação quanto ao desenvolvimento econômico e social das cidades. O isolamento social se tornou a saída mais recomendada pelos órgãos de saúde para evitar a proliferação do vírus, porém há uma clara disparidade entre as classes sociais que se sobrepõe e impede muitas famílias de se manterem dentro deste regramento. A necessidade pelo trabalho e itens básicos para a manutenção da casa parecem estar acima de qualquer recomendação sanitária para os mais desprovidos.

Para a professora, pesquisadora e doutora em Sociologia da Universidade Feevale, Sueli Cabral, a pandemia também demonstra a desigualdade social do País, nos apresentando uma realidade onde estão sendo praticados o isolamento e o confinamento social.

“Existe uma larga diferença entre quem pode estar afastado do meio social e de quem não consegue ficar, porque não irá comer. Há quem possa morrer por falta de um prato de comida, e há aqueles que podem ficar meses sem trabalhar. A pandemia mostra que ainda somos uma sociedade do trabalho, talvez não do emprego, e que necessitamos da classe trabalhadora”, avalia Sueli.

A socióloga também pondera sobre como as famílias menos abastadas estão enfrentando este momento, em meio a condições estruturais precárias e acesso à informação deficiente. “Sabe quanto custa uma máscara? Você compra a máscara ou vai ao supermercado comprar arroz? E a outra questão é que há uma descrença sobre o real potencial da doença. Ela é invisível e só tem “vida” quando a morte chega por um amigo, parente ou vizinho. Esta descrença também foi fomentada, infelizmente, pela presidência, que prestou um desserviço que pode custar um preço muito alto”, aponta.

Estimular a boa convivência é um exercício

Por fim, Sueli avalia a “imposição” do vírus quanto ao confinamento, que pode trazer benefícios e malefícios pelo convívio social permanente dentro de casa entre familiares. “Por incrível que pareça, alguns meios de comunicação e redes sociais estão estimulando meios de manter uma boa relação nas famílias. Mas não é fácil. Dados apontam que a violência doméstica aumentou. Muitos não estão em isolamento social, mas em “confinamento social”, sem o espaço mínimo para os exercícios de suas funções vitais. Trata-se de um momento em que o convencimento e o estímulo são difíceis”, finaliza.

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