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Cultura leiteira atravessa gerações
* por Fábio Radke
Morro Reuter – O amor pela agricultura é algo que vem de berço. E esse gosto está enraizado no DNA da família Hoffmann e segue de geração em geração. Com um plantel de 31 vacas leiteiras, a família que reside na localidade de Batatenthal, é formada pelo patriarca Dércio, de 75 anos, esposa Loiva, 68, o filho Adilson, 41, e companheira Monia, 42, e pequeno filho do casal, Alisson, de apenas 3 anos. O garoto ajuda os pais e ao mesmo tempo se diverte na propriedade rural.
Em virtude da geografia do terreno, o plantio de acácia e outras culturas como feijão, batata, antecederam a profissionalização da produção leiteira. Adilson, aos 13 anos de idade, deixou os estudos de lado para investir na cultura leiteira. O número de cabeças aumentou, ele participou de cursos e assim realizou as melhorias necessárias. Hoje, a família Hoffmann consegue entregar, em média, de 8 a 9 mil litros de leite ao mês. A produção tem a cooperativa Piá, de Nova Petrópolis, como destino.
Com o objetivo de reduzir gastos com ampliação e atualização do plantel, os próprios bezerros são gerados na propriedade rural de 23 hectares. Recentemente, uma das vacas gerou duas bezerras gêmeas. Os filhotes permanecem em um potreiro separado das vacas leiteiras das raças Jersey e Holandesa. A permanência nesse ambiente acontece até atingirem entre 20 a 24 meses. Com essa idade ingressam na fase em que começam a produzir leite. O preço pago ao produtor pelo litro, atualmente, está na faixa de R$ 1,70.
As raças leiteiras
O produtor rural Adilson revela alguns detalhes das características das raças. “A Holandesa gera maior quantidade de litros, enquanto que a Jersey oferece um leite com maior concentração de gordura. Uma vaca pode produzir de 30 a 42 litros de leite ao dia”, explica. Um fator lamentado pelo produtor é a disparada dos preços dos insumos. “O valor pago pela ração e, principalmente, pelas vacinas aumentou muito. Aqui realizamos ainda o plantio de milho para alimentação. Já conseguimos estocar quase 80 toneis com silagem”, disse. Pasto, capim e cana de açúcar complementam a alimentação dos animais. Os agricultores idosos, Dércio e Loiva, ajudam a trabalhar na roça. Com eles não tem tempo ruim. Recentemente, foram apresentados em reportagem sobre o período de quebra do milho, o momento em que as espigas são colhidas para o aproveitamento dos grãos secos.
Rotina inicia cedo
O trabalho na propriedade rural já começa cedo. Segundo os agricultores, é por volta das 4h 30, quando tem início o trabalho de retirada do leite, limpeza do estábulo e alimentação das vacas, processo que segue até umas 6h 30 da manhã. O restante da manhã, atualmente é voltada a produção de silagem. A estocagem desse material preparado a partir dos pés de milho ainda verdes, segundo eles, garante um pouco mais de comodidade nos dias chuvosos e tardes frias nessa época do ano.
Companheirismo
Em 2015, Monia e Adilson engataram um relacionamento e, anos depois, os dois foram morar juntos. Monia, que é mãe de Emily Sartori, 20, de um relacionando anterior, deixou o trabalho na fábrica de lado. A vida no campo ao lado de Adilson foi a escolha. Aos 39 anos, Monia se tornou mãe, novamente, com o nascimento do Alisson. “Foi uma gravidez de risco pela minha idade. Eu tive que ficar muito em repouso por que minha pressão estava sempre alta”, disse. A mudança de Dois Irmãos para a localidade interiorana de Morro Reuter fez com que Mona aperfeiçoasse a habilidade de produzir alimentos.
Hoje, ela transforma diversas frutas em geleias, produz rapaduras, bolos, bolachas e pães. “Agora estamos com uma linha de pães integrais e também sem glúten e lactose. Cultivamos frutas e verduras sem veneno”, disse. A produtora explica que, em sua rotina, as segundas-feiras são dedicadas, para a produção de bolachas em maior quantidade. Os produtos recebem a cobertura no dia seguinte. Enquanto que, em quartas e nos sábados, ela comercializa seus alimentos caseiros na Feira do Produtor de Morro Reuter.
Monia mostra as bolachas produzidas e que, posteriormente, serão vendidas na Feira do Produtor
Adilson, Monia e o filho Alisson no galpão das vacas leiteiras
Patriarca Dércio e a esposa Loiva quebrando o milho na propriedade
Bezerros nascidos na propriedade ficam confinados em um potreiro separado
Adilson herdou amor pela produção de leite do pai e já inspira o filho