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Famílias de venezuelanos enfrentam dificuldades para recomeçar em Ivoti

12/05/2020 - 14h15min

Casal Roy e Carolina, moradores do Palmares, busca trabalho

Ivoti – Duas famílias de venezuelanos vivem rotinas parecidas no município. Em comum, ambas vieram atrás do sonho de melhores condições de vida no Brasil, e fizeram sua morada na região da Encosta da Serra. Há poucos meses aqui, estes novos moradores buscam se adaptar a uma realidade em que o idioma e a cultura são totalmente diferentes ao que viviam antes.

Roy Aguilera, 21 anos, é de Maturín, estado de Monagas, e Alexandra Carolina Neri, 24, é natural da capital Caracas. São namorados, e se conheceram enquanto viviam em Esteio, na região metropolitana, durante o projeto de interiorização dos imigrantes, promovido pelo governo federal. Moravam em um prédio, ela no apartamento de cima e ele embaixo.

Carolina está há dois anos no Brasil, e morou um ano e meio em Boa Vista, capital de Roraima, onde diz não ter boas lembranças, e depois veio a Esteio. Roy veio ao país há um ano e três meses. Ele morou seis meses em Boa Vista e sete meses no município da região metropolitana de Porto Alegre. Juntos, estão em Ivoti há cerca de um mês e meio.

Pandemia frustrou sonhos de trabalho

“Falaram que tinha bastante trabalho aqui”, conta Roy, mas o sonho de ambos ficou um pouco frustrado em razão da pandemia de coronavírus. Eles também contam que vieram para fugir da situação social ruim que vive seu país de origem, com a expectativa de, um dia, trazer as famílias para cá. “O auxílio que ganhamos acabamos mandando tudo para lá”, diz ele.

O casal está desempregado, e vive em uma residência alugada entre os bairros Palmares e Centro, junto à rótula da Rua José de Alencar. Contam com o apoio de amigos e conhecidos, que estão doando alimentos para que o jovem casal consiga se sustentar. Carolina afirma que os móveis foram conquistados pelo casal graças a uma situação curiosa, mas que demonstra a força do destino.

“Cheguei aqui quase somente com a roupa do corpo, e enquanto estava andando pela rua, tropecei e a mala caiu, esparramando a roupa no chão. Uma mulher veio nos ajudar e acabou conversando conosco, e foi ela que acabou nos doando”, afirma a jovem. Segundo ela, a doadora é identificada apenas como Sílvia, e mora próxima ao casal. A situação incomum fez criar uma amizade.

Jhonny, Saraí e Jedimar: família vive no bairro Concórdia

Perda de dias trabalhados comprometeu orçamento

Jhonny Rivera, 28 anos, vive com a esposa, Jedimar López, 25, e a filha do casal, Saraí, 7, em uma residência alugada no Concórdia. A família, do estado de Sucre, igualmente teve dificuldades no início, mas Jhonny logo conseguiu um emprego no Grupo Minuano, em Lindolfo Collor. Mas o coronavírus também preocupa o casal, já que o rapaz teve o contrato modificado.

Jhonny veio sozinho a Ivoti há oito meses. Jedimar e a filha chegaram cerca de três meses mais tarde. A principal motivação deles foi também proporcionar um futuro diferente e melhor à família, bem como sua filha. Logo que chegaram, o rapaz conseguiu, por meio da Secretaria de Educação, uma vaga na Escola Concórdia, onde Saraí frequentava as aulas até o começo da pandemia.

Nas últimas semanas, Jhonny tem trabalhado apenas alguns dias, o que comprometeu o orçamento familiar. Jedimar está desempregada, e a filha sofre com dores de dente, mas já está em tratamento odontológico, conquistado por meio de um amigo da família, que indicou um dentista em Ivoti. A residência onde eles vivem foi alugada pelo próprio Grupo Minuano.

Como ajudar as duas famílias

No caso de Roy e Carolina, eles ainda não pensam em ter filhos, apenas, por enquanto, se estabelecer e conseguir trabalho para o próprio sustento. A jovem também pediu auxílio em postagens em grupos de Ivoti no Facebook, e obteve alimentos para algum tempo. Para auxiliar, o telefone dela é (51) 99779-3290.

A família de Jhonny e Jedimar também está em busca de melhoria do sustento, e além do emprego regular, ele também se ofereceu para realizar alguns “bicos”, como jardineiro, entre outros serviços. O contato da família é (51) 98044-8650. Ambas as famílias, também em comum, fazem questão de agradecer a todos que os ajudaram com tamanha solidariedade nestes tempos difíceis.

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