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Destaques

O cultivo e manejo do fumo de corda em Santa Maria do Herval

22/01/2020 - 11h25min

Atualizada em 22/01/2020 - 19h36min

Santa Maria do Herval – Na localidade de Padre Eterno Baixo, no interior de Santa Maria do Herval, ainda se mantém uma antiga tradição, que pouco a pouco vem perdendo a força, sendo afetada pela falta de uma nova geração de consumidores e, consequentemente, produtores: o cultivo e produção do fumo.

Mesmo assim, quase 200 mil agricultores do Brasil investem no cultivo, fazendo do País o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas da China.

Seu Reinaldo e Ilse Schulz são aposentados. Ele tem 70 e ela 69 anos. No dia 12 de janeiro completaram 30 anos de casados e esse é o tempo em que o casal trabalha com fumo de corda/rolo, sendo uma referência de qualidade do produto nas proximidades e, também, um dos únicos do município.

 

Reinaldo e Ilse Schulz  trabalham junto na produção(FOTO: Cleiton Zimer)

 

Clientes fixos

O fumo produzido não é comercializado abertamente. Reinaldo tem seus clientes fixos, que já aguardam ansiosamente a cada colheita pela iguaria. “Não produzimos em grande quantidade. O pouco que fazemos é para os clientes fixos que há anos compram de mim. Não vem ninguém estranho”, disse.

No ano passado, Reinaldo vendeu o quilo do fumo por R$ 60, mas já garantiu que esse ano terá um reajuste. “O valor do cigarro no mercado aumentou, então também preciso aumentar o meu preço. Acredito que de agora em diante terei que cobrar em torno de R$ 70”.

 Como funciona?

É um trabalho minucioso, que demanda tempo, cuidado e, acima de tudo, paciência. Além disso, é necessário contar com a sorte, ou, então, com São Pedro, para que o clima coopere e, assim, se tenha uma boa colheita.

 

Colheita do fumo acontece assim que as folhas ficam maduras/amareladas (FOTO: Cleiton Zimer)

Reinaldo conta que depois de plantada, são necessários três meses para que a planta se desenvolva e, por fim, amadureça. “As folhas precisam estar amareladas. Só quando estiver assim, elas estão prontas para a colheita”, afirma.

Quando acontece o processo de colheita da folha já é retirada a nervura central, para que fique só a folha que, no final, vai resultar no fumo. “A nervura precisa ser tirada, pois ela contém água e, com isso, não teria como fazer fumo”, explica dona Ilse.

Preparando as folhas de tabaco

Logo após a colheita, as folhas são colocadas sobre um monte, em cima de uma mesa. Lá elas permanecem por cerca de dois dias. “Ali elas transpiram, secam e ficam ainda mais amareladas. Quanto mais melhor”, comenta Reinaldo.

 

Após a colheita e seca, folhas são colocadas sobre hastes de madeira por cinco dias (FOTO: Cleiton Zimer)

Ilse explica que, depois disso, o fumo é colocado sobre hastes de madeira, que ficam dentro do galpão, em um local seco e arejado. “Ali as folhas ficam penduradas de quatro a cinco dias”.

Passados esse tempo, as folhas são retiradas das hastes e, na sequência, são feitos os “cochã”, que traduzido do dialeto alemão, o Hunsrik, significa sobrepor as folhas do fumo em uma fileira e, após, enrolar elas, numa espécie de “rolo comprido e fino de folhas”.

Finalização 

A partir do momento em que as folhas são enroladas, elas precisam passar por um processo de torção, que é realizado através de duas toras de madeira que foram devidamente preparadas para a finalidade.

Folhas passam por um processo de torção (FOTO: Cleiton Zimer)

As folhas que estão em uma das toras são passadas para a tora seguinte e, nesse processo, as folhas são cada vez mais enroladas através do atrito, de forma a ficar consistentes e, assim, perder todo o líquido, a ponto de ficar seca e, no final, resultar no fumo. “Esse processo dura em torno de um mês e meio. Todo dia, ao menos duas vezes, é necessário torcer o fumo, para que ele fique bem firme e seco”, disse Reinaldo.

“Fum beits”

Durante o processo de torcer as folhas, sai uma secreção preta, que é chamada de “Fum beits”. Agricultores usam isso como inseticida nas lavouras e, de acordo com Reinaldo, já tem a sua eficiência comprovada. “Coloquei no repolho aqui de casa. Fazendo isso não preciso mais usar agrotóxicos”.
“As verduras com agrotóxicos não têm mais como comer”, completa Ilse.

Fumante desde criança

Reinaldo disse fumar desde os oito anos de idade. Naquela época, ao contrário do que é hoje, fumar fazia parte da cultura local, sendo visto como um “divisor de águas”, algo a ser conquistado pelos mais novos e, que, de alguma forma, significava amadurecimento.

Reinaldo fuma desde criança, e afirma que os exames comprovam que a saúde está em dia (FOTO: Cleiton Zimer)

“Comecei quando ia junto na roça com o pai. Ele ia fazer pastagem para os bois e me dizia que, se ajudasse a fazer pastagens e levasse um pouco para casa no ombro, poderia fumar um cigarro. Era uma forma de recompensa pelo serviço. E assim foi, desde então, estou fumando”, conta, afirmando que seus exames comprovam que a saúde está em dia.

Ilse também era fumante quando jovem, mas após ficar doente, médicos a aconselharam e ela parou.

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