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Comunidade de Morro Reuter pede retorno de médico afastado por acusação de xenofobia

17/04/2024 - 05h15min

Atualizada em 17/04/2024 - 09h55min

Abaixo-assinado destinado à prefeita conta com cerca de 200 assinaturas (FOTO: Cleiton Zimer)

Ele foi preso por, segundo a polícia, ter chamado uma enfermeira de “nordestina burra”

Por Cleiton Zimer

Morro Reuter | Afastado do Posto de Saúde por ordem judicial desde o dia 12 de fevereiro, a comunidade de Morro Reuter – através de um abaixo-assinado – pede o retorno do médico Evangelista Aquino da Costa Neto, 64 anos, acusado de xenofobia contra uma enfermeira de origem nordestina.

O fato aconteceu dentro da unidade onde ambos trabalhavam, no Centro. Ele chegou a ser preso em flagrante pela Brigada Militar (BM) por ter, segundo a investigação da polícia, chamado a mulher de “nordestina burra”.

No mesmo dia, através da decisão do juiz Frederico Menegaz Conrado, recebeu a liberdade provisória, determinando também o imediato afastamento das funções desempenhadas no município. Aquino foi indiciado pela Delegacia de Polícia Civil de Dois Irmãos. Ele nega as acusações.

“Tratou 90% da cidade, conhece o perfil de cada morador”

O médico trabalhou por 32 anos no município. Motivo este, segundo o representante comercial Maiquel Fabrício Wagner, 47, que fez a comunidade pedir o retorno dele.

A gente quer o médico de volta. Como é uma cidade pequena, isso faz muita diferença. Ele está lá há trinta anos ou mais. Tratou 90% da cidade, conhece o perfil de cada morador. É um bom médico”, argumenta.

Maiquel – que ajudou no abaixo-assinado liderado pela esposa Janete Wagner, 41 – diz que, em questão de poucos dias, foram coletadas em torno de 200 assinaturas. “A gente nem fez força, não fomos de casa em casa. Tem gente que até veio lá em casa pedindo para assinar.”

O morador afirma que não estão questionando o fato que ocorreu. “É um problema que eles vão resolver judicialmente. Mas acho que a nossa cidade foi bastante prejudicada devido a essa questão.”

O abaixo-assinado foi encaminhado para a prefeita Carla Chamorro. “A gente quer que ele volte a trabalhar. Se ele vai querer ou não, vai caber a ele decidir.

“Assim que me for permitido, retornarei ao meu trabalho com imensa satisfação”

A reportagem fez contato com o médico. Em nota, respondeu:

Fico muito contente com a notícia da mobilização da comunidade para que eu retorne à Unidade Básica de Saúde de Morro Reuter. Afinal são mais de 32 anos de dedicação e cuidado para com os pacientes.

Entendo que é um movimento legítimo e que demonstra o reconhecimento do trabalho prestado.

A questão do retorno depende de diversos fatores. Em primeiro lugar, existe uma vontade imensa de minha parte de retornar a minha rotina de atendimento aos pacientes da comunidade. No entanto, eu costumo dizer que decisão judicial não se contesta, se cumpre. Creio que o magistrado, ao decidir, entendeu que o meu afastamento provisório seria mais benéfico para todos. Evidentemente, eu, como servidor público, estarei sempre à disposição para servir, de modo que assim que me for permitido, retornarei ao meu trabalho com imensa satisfação.

Quanto à acusação, mantenho o que venho dizendo desde sempre: sou inocente, não cometi nenhum ato de preconceito ou xenofobia, assim como jamais faltei com respeito com qualquer colega ou paciente. Eu confio muito na Justiça e no Poder Judiciário, por isso tenho certeza de que no momento certo a verdade será revisitada, e todos saberão o que de fato ocorreu naquele dia.

O que diz a prefeita?

Procurada, a prefeita Carla Chamorro disse que, de imediato quando aconteceu o fato, foi aberta uma sindicância seguindo o trâmite legal. “Foi apontada a necessidade de abertura de um processo administrativo que está na fase das oitivas.”

Sobre a reivindicação da comunidade a partir do abaixo-assinado, a prefeita disse que não possui gerência para trazer o médico de volta, uma vez que essa é uma decisão judicial.

Enfermeira não se manifestou

A reportagem tentou contato com a família da vítima que informou que preferem não se expor, optando por não se manifestar sobre o caso.

Segundo a Prefeitura, segunda-feira a enfermeira entrou com um pedido de exoneração. Ela estava há pouco tempo no cargo.

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