Médico de Morro Reuter é indiciado por injúria xenofóbica contra enfermeira nordestina

Por Cleiton Zimer

Morro Reuter – Um médico de 63 anos – que atuava no Posto de Saúde de Morro Reuter – foi indiciado pela Polícia Civil de Dois Irmãos pelo crime de injúria xenofóbica. O homem, morador de Campo Bom, foi preso em flagrante no dia 12 de fevereiro após discriminar uma enfermeira de origem nordestina, de 39 anos, que trabalha no mesmo local.

De acordo com o delegado Felipe Borba, a palavra da vítima foi respaldada e complementada pelo testemunho de outras pessoas, de forma que a conduta do investigado se amoldou perfeitamente ao disposto no artigo art. 2º da Lei nº 7.716/89 – que trata sobre injúria.

“A partir dos depoimentos colhidos, apontou-se que o diálogo não se restringiu a crítica de cunho profissional, uma vez que, além da ofensa mencionada pela vítima, no sentido de que seria “nordestina burra”, o profissional da saúde teria proferido discursos preconceituosos contra pessoas oriundas da região nordeste do país, como “nós gaúchos trabalhamos o dobro para sustentá-los”, “eles vão tomar conta do Rio Grande do Sul” e “o Brasil não vai pra frente por causa dessa gente”, explicou Borba.

Durante a investigação o médico negou qualquer manifestação discriminatória, aduzindo que manteve a conversa em nível profissional, sem qualquer ofensa. “Entretanto, os demais elementos de convicção colhidos durante a instrução do procedimento indicam que houve a prática do crime, razão pela qual concluímos com o respectivo indiciamento.”

O que diz o artigo em questão, que foi incluído em 2023 na lei que elenca os crimes de racismo:

“Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos, e multa”.

RESPONDE EM LIBERDADE

O médico foi preso em flagrante pela Brigada Militar, mas solto posteriormente para responder em liberdade. Ele foi afastado do Posto de Saúde e uma sindicância interna também foi aberta para apurar as circunstâncias do ocorrido. Conforme a prefeita Carla Chamorro ainda não há resultado desta investigação.