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Amigos Inclusivos: projeto cria brinquedos com as características das crianças em Herval

10/10/2022 - 19h45min

Atualizada em 10/10/2022 - 19h58min

Através de recursos da Embaixada dos Estados Unidos, jovem cria projeto com bonecos para integrar crianças que tenham alguma deficiência. (FOTO: Laura Mallmann Kieling)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – O pequeno Alisson Clement, de três aninhos – diagnosticado com Paralisia Cerebral –, viu a si mesmo em um boneco especial. Da mesma forma o Enzo Gabriel Klauck, de dois anos, com Deficiência Auditiva. E o Cláudio Eduardo Land, de oito anos, também com Paralisia Cerebral.

Geralmente os brinquedos encontrados nas lojas são padronizados, comuns, e não contribuem para a sociedade inclusiva. Mas o projeto de uma hervalense está mudando isso.

O projeto Amigos Inclusivos surgiu através da jovem Laura Mallmann Kieling, 21 anos, e está sendo possível através do financiamento da Embaixada dos Estados Unidos – de onde foi Jovem Embaixadora em 2020 e permanece com o vínculo; além de amigos voluntários.

Ela conta que tinha essa ideia há muito tempo. “Eu sempre pensava que um dia faria bonecos que nem algumas crianças que têm características especiais, físicas, estéticas”. Mas era algo difícil de sair do papel, afinal, demandava tempo e também dinheiro.

E no início deste ano surgiu a oportunidade de inscrever o projeto na Embaixada. Era a hora de tentar colocar em prática. E assim o fez. Em abril, dentre vários candidatos, foi a escolhida. “O objetivo principal do projeto é que as crianças realmente se vejam representadas nos bonecos”.

IMPRESSÃO 3D

Com o recurso participou de mentorias e aprimorou a proposta. Teve várias ideias até chegar no produto final. “Primeiro era para ser MDF, depois pensamos em ir atrás de uma impressora 3D. Aí surgiu meu maior parceiro que é o Eloir Rockenbach, professor de informática de Dois Irmãos”, conta. “O projeto é meu, mas sem o Eloir ele não aconteceria”.

Assim com ele diversos outros voluntários abraçaram o plano, afinal, o valor oriundo da Embaixada não era o suficiente para custear tudo. “E nesta primeira fase não queria que as crianças pagassem nada, foi dado para elas”.

Laura fez a encomenda dos bonecos, que vieram prontos, e os adaptaram através do Eloir que imprimiu as cadeiras de rodas e o aparelho auditivo. Foram feitas algumas modificações nas roupinhas que estão identificadas com o logo.


Pretendemos alcançar mais

necessidades de acordo com

as crianças que a gente

vai conhecendo– Laura

Resultados emocionantes e inspiradores

Laura foi em busca de crianças com alguma necessidade especial. Conversou com os familiares que contaram sobre seus filhos e como queriam os bonecos. O resultado foi emocionante.

“Gratificante saber que não estamos sozinhos”

Alisson Clement, de três anos, diagnosticado com Paralisia Cerebral e morador do Padre Eterno Baixo, precisa usar cadeira de rodas. O boneco foi feito igual a ele. “Gratificante saber que não estamos sozinhos, cada projeto de inclusão nos faz sentir mais esperançosos. Uma verdadeira inclusão é provada em ações que realmente abracem a diversidade”, disse a mãe Graciela Weber.

Alisson recebendo seu boneco de cadeira de rodas

 

“Se sentir bem e não diferente dos outros”

O projeto também foi parar em Nova Renânia. Lá, o pequeno Enzo Gabriel Klauck, então com 1 ano e 11 meses, diagnosticado com Deficiência Auditiva, recebeu um boneco com aparelho auditivo igual ao dele. “Foi muito legal porque a inclusão dele na sociedade é muito importante. Se sentir bem e não diferente dos outros”, relatou a mãe Eloísa Klauck.

Laura com o pequeno Enzo que recebeu seu brinquedo com aparelho auditivo

 

“Que possa ajudar outras crianças também”

E em Boa Vista do Herval, o Cláudio Eduardo Land, Dudu, de 8 anos, recebeu um boneco no qual se identificou. Também diagnosticado com Paralisia Cerebral, ele sempre está acamado ou em cadeira de rodas e, a novidade, o animou. “Gostamos, ficamos felizes. O projeto da Laura é muito bonito. Que Deus abençoe e que possa ajudar outras crianças também”, comentou a tia Valmiria Martins.

Dudu viu a si próprio no brinquedo em formato de cadeira de rodas

Entre em contato para participar

Quando um plano tem propósito as coisas convergem ao seu favor. Agora, neste mês, abriu mais um programa de financiamento na Embaixada que, inclusive, poderia ser para dar continuidade a algum projeto. “Achei que não passaria, mas me inscrevi pois poderia fazer algo maior, atingir mais crianças”.

E de quase 100 inscrições o Amigos Inclusivos foi selecionado novamente. “Então já são dois financiamentos da Embaixada porque acreditaram realmente no projeto”.

E para dar andamento a proposta no município são necessárias mais crianças. Desta forma, familiares e conhecidos dispostos a participar podem entrar em contato com Laura pelo 051 99162-4476.

Por enquanto foram feitos modelo de cadeira de rodas e aparelho auditivo. “Pretendemos alcançar mais necessidades de acordo com as crianças que a gente vai conhecendo”.


Planos futuros incluem as escolas, apadrinhamento e venda

O objetivo de Laura é que o projeto cresça cada vez mais – e não pare nem mesmo após o término do financiamento. Ela explica que, além de fazer mais bonecos para mais crianças, uma das próximas etapas será levar os brinquedos também para as escolas para que possam trabalhar a diversidade e o respeito. “Para que caso conheçam alguém assim possam, realmente, incluir essa pessoa”.

Também conta que já tem pessoas solicitando para venda. “Quando o financismo acabar a gente abre para vendas, aí quem quiser pode comprar o seu”. Ela conta que terá um sistema de apadrinhamento caso haja famílias que não consigam arcar com o custo. “Se tiver uma criança carente e não ti ver mais fundos da embaixada para pagar para ela, vou atrás de uma empresa ou pessoa para apadrinhar. Quem já tiver interesse pode entrar em contato”.

 

“É uma causa nobre”

Professor Eloir Rockenbach (Créd. Arquivo O Diário)


O professor Eloir Rockenbach, da EJR Robótica Educacional, destacou que é uma honra participar do projeto. “É uma causa nobre, em que precisamos ter um olhar especial. Acho que falta muito hoje em dia esse olhar, sobretudo ao respeito às diferenças e isso realmente vemos na questão dos brinquedos”, afirma, explicando que sempre há um padrão e que infelizmente não há produtos para crianças que possuem alguma necessidade especial, fazendo com que cada vez mais se sintam diferentes.

Rockenbach conta que, inclusive, modelou as cadeiras de rodas do zero. “Achei que tivesse algum modelo nos arquivos, mas infelizmente não encontrei, modelei do zero e imprimimos. Ficamos muito felizes pelo feedback das crianças, a alegria. É recompensador”.

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