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Aos 33 anos empreendedor de Herval emprega 160 colaboradores e projeta futuro
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval / Gramado – Trabalho, foco e, principalmente, humildade. É com essas três palavras que o empreendedor Daniel Zimmermann, 33 anos, morador de Boa Vista do Herval, define a base da sua trajetória dos últimos oito anos.
Hoje, entre colaboradores diretos e terceiros, a empresa do ramo de construções – com forte atuação em Gramado, Canela e Nova Petrópolis – possui cerca de 160 funcionários, tendo um aumento de 30% a 40% do efetivo durante a pandemia.
Mais do que isso, está em constante transformação, tal qual que o objetivo é, nos próximos cinco anos, ser uma das maiores construtoras da Serra Gaúcha, expandindo para outras regiões, inclusive.
Tudo começou com a DHZ Construtora, e atualmente Daniel é sócio em outras empresas: Da Serra Pinturas, Impactto Revestimentos e, a mais recentemente, no ramo de energia solar – com a Work Solar. Além disso, o jovem empreendedor já vislumbra novos projetos na área da construção civil.
Em 2019, buscando empreender em outros segmentos do mercado de trabalho, Daniel se aventurou na concepção de um Pet Shop em Santa Maria do Herval, mas, como estava em dissonância com o ramo de construções, decidiu focar somente na construção civil, e encerrar as atividades do Pet Shop.
Zimmermann explica que dentre os objetivos traçados está criar o Grupo DHZ com diversos segmentos. “Temos o objetivo de captar a obra como um todo, buscando atender a demanda total do cliente, ou seja, tudo que será necessário para a obra, dentro do Grupo”. Destacou que tem como meta buscar empresas parceiras que componham o grupo.
O começo de tudo
Daniel é natural de Igrejinha e veio para Santa Maria do Herval aos 10 anos com os pais Emílio e Marlice. Dos 15 aos 18 anos trabalhou em uma fábrica de calçados do município e, uma semana depois de completar a maioridade, já foi para o canteiro de obras de uma empresa em Gramado.
“Fiquei 10 meses como servente e depois coloquei a cara a tapa para ser pedreiro, onde fiquei por quatro anos. Depois, comecei a auxiliar na linha de frente dos comandos das obras”, conta.
Aos 25 anos – já com um vasto conhecimento – vislumbrou uma oportunidade de empreender e, junto com seu sócio, decidiu começar por conta própria, dando início à história DHZ. O sócio ficou alguns anos e depois saiu da sociedade, mas permanece como funcionário.
A provação dos primeiros oito meses
Começaram entre três: Daniel, o sócio e mais um funcionário. No segundo mês a demanda aumentou e a equipe foi para cinco colaboradores. Em menos de seis meses estavam com 12 funcionários, fechando o ano com 18. Do segundo para o terceiro ano, passaram de 20 colaboradores.
O empreendedor explica que não tiveram dificuldades, neste período, em relação à demanda de serviço. “Já conhecíamos várias pessoas do ramo. Conforme fomos entrando em contato com um e outro não tivemos dificuldade em encontrar serviço”.
Mas tiveram os desafios. Daniel destaca que tinham dificuldade em calcular uma execução, de forma que os serviços, no final, geravam prejuízo à empresa. “A gente não tinha a expertise do total da obra. Hoje possuímos. Aprendemos com os erros e adquirimos experiência ao longo dos anos”.
Por isso, tiveram muitas dificuldades financeiras no começo. “Nos primeiros oito meses da empresa, tanto eu como o sócio, sobrevivemos com os salários das nossas esposas. Devido as dificuldades financeiras, não possuíamos condições de desfrutar de atividades de lazer, e íamos jantar nos finais de semana na casa dos pais para economizar. Tivemos que emprestar dinheiro no primeiro ano. Qualquer um teria desistido, e muitos desistem nos primeiros anos. Mas passamos pelos obstáculos e, hoje, graças a Deus, a empresa cresceu e nos trouxe estabilidade”.
Daniel expressou sua gratidão a todos os que ajudaram neste período. “Temos que saber de onde viemos. Muitas pessoas apostaram na gente”.
Antes, o escritório era na sala de casa mesmo, em Boa Vista do Herval, Santa Maria do Herval, onde Daniel e sua esposa, eram os responsáveis por toda parte administrativa. Hoje o escritório se localiza em Gramado, contando com uma equipe de 8 colaboradores que desenvolvem rotinas administrativas, financeiras, e técnicas.
“E é isso, dei a cara a tapa sim”
Daniel é casado com Caroline Michel Zimmermann, 35 anos; juntos tem um filho, o Lorenzo, de oito anos. Questionado quanto ao sentimento de, aos 33 anos, ter constituído um grupo de tamanha proporção, gerando emprego, renda e desenvolvimento, Daniel reconhece o esforço da própria trajetória e diz que jamais imaginou chegar tão longe.
“Me orgulho de ter chegado até aqui, com trabalho e dedicação. Não foi fácil. Muitas pessoas no início da caminhada, quando apresentava um orçamento, falavam ‘mas tu é um piá novo’, ‘começou novo’, ‘deu a cara a tapa mesmo’. E é isso, dei a cara a tapa sim. Hoje me considero uma pessoa de sucesso. Me considero um empreendedor”.
Dentre os pilares do seu caminho destaca o trabalho baseado no foco e na humildade. “Quando erramos, admitimos, corrigimos, buscamos aprender com a situação e trazer soluções para os problemas”.
Família DHZ
Daniel explica que na equipe há funcionários que estão na empresa desde o início. “O que significa que estamos fazendo um trabalho bom, com gestão de equipe, incentivando-os a empreenderem também”.
A empresa possuí, inclusive, um time de futebol que participa das competições de Herval. No logo, a descrição é Família DHZ, assim como em todos os veículos da frota. “Passamos longas horas ao lado de nossos colegas e pouco tempo junto de nossas famílias. Então buscamos nos aproximar como família, para trazer harmonia para dentro e fora do canteiro de obras”.
Planos de carreira
O empreendedor pontua que a empresa cria planos de carreira para os colaboradores, de forma que todos possam ter oportunidades. “Estamos com um projeto de fazer obras em outras regiões, e para isto vamos criar supervisores que vão acompanhar e fiscalizar a obra”, diz, dando um exemplo de como se pode progredir dentro do grupo.
Daniel enfatiza que a empresa tem dificuldade no crescimento em virtude da falta de mão de obra civil. Possui apenas uma equipe de pedreiros de Herval, sendo a maioria de Gramado, Três Coroas, Igrejinha, Taquara e Dois Irmãos.
Crescimento na pandemia
A pandemia de coronavírus, que foi danosa para muitos segmentos, representou crescimento no setor de construções, ao menos, na Serra Gaúcha – onde a DHZ atua. “Sempre digo que Gramado é um país dentro do Brasil, o mercado é outro. O pessoal que investe aqui tem um poder aquisitivo diferente de outras regiões”, explica Daniel, afirmando que a pandemia não afetou o mercado de construções local mesmo com a alta do material. “Toda semana recebemos novos projetos para orçamentação”.
Empresa de Santa Maria do Herval
Apesar de a empresa atuar fora, ela está registrada em Santa Maria do Herval. “Eu sou de lá e qualquer centavo que eu conseguir arrecadar de imposto, que fique no município, onde eu moro”. Toda a frota de veículos, também é de Herval. O escritório fica em Gramado pela praticidade.
Daniel destacou a atuação de outros jovens empreendedores que apostaram e fizeram acontecer no Teewald – como é conhecida –, mas lamentou que ainda seja escasso o incentivo para as empresas locais. “Acredito que tanto empresas de grande porte, quanto empresas de pequeno porte, devem receber atenção e incentivo. Ambas batalham para sobreviver dentro do cenário econômico atual. O empreendedor se sentiria valorizado se o município promovesse eventos, ou buscasse incentivos para auxiliar o crescimento de todas as empresas do Herval”.