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Ciclone avança e pode atingir a costa gaúcha no início da próxima semana

14/05/2022 - 14h08min

Créditos: Reprodução/MetSul Meteorologia

A MetSul Meteorologia adverte para potencial situação de alto risco meteorológico no Rio Grande do Sul e Santa Catarina entre a terça (17) e a quarta-feira (18), por conta de uma inusitada situação em que um ciclone de trajetória e características atípicas avança do mar em direção ao continente, com ameaça de ventos muito fortes, com rajadas intensas por várias horas, oferecendo perigo de danos estruturais e transtornos em serviços públicos.

Existem muitas incertezas ainda quanto à evolução deste ciclone, mas o conjunto de dados já permite se antecipar a possibilidade de vento forte a intenso no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul. Se as projeções menos agressivas dos modelos se confirmarem já é alta a probabilidade que venham a ocorrer alguns transtornos para a população. Nos piores cenários indicados pelos modelos, o risco de impactos é grave.

O cenário projetado por modelos gerados por supercomputadores é bastante incomum e foge ao que normalmente se observa na atuação de ciclones nas latitudes médias da América do Sul. O comportamento do ciclone indicado pelas simulações computadorizadas é significativamente anômalo, seja pela trajetória que vai percorrer como pela intensidade que os dados apontam deve adquirir, sem mencionar a característica do sistema meteorológico que não é a tradicional da região.

Ciclones são comuns durante os meses de outono, inverno e primavera no Atlântico Sul pelo encontro de massas de ar quente e frio de diferentes pressões atmosféricos. Normalmente, os sistemas se formam na altura do Rio da Prata ou mais ao Sul do Atlântico, como na costa de Buenos Aires ou junto à Patagônia. São estes ciclones que impulsionam massas de ar frio com o conhecido vento “Minuano” no Rio Grande do Sul e que ao interagirem com o ar polar acabam em algumas vezes provocando neve.

Este ciclone também vai acompanhar uma massa de ar frio e impulsionará, pela sua formação e posicionamento mais ao Norte que o habitual, o ar frio pelo interior do continente com forte queda da temperatura em ao menos metade dos estados brasileiros, havendo a expectativa de mínimas muito baixas e formação de geada em muitos estados, notadamente do Sul, Centro-Oeste e do Sudeste do território brasileiro.

CICLONE DE TRAJETÓRIA INCOMUM E RARA

O cenário meteorológico que se apresenta, deve ser visto com grande preocupação pelos riscos envolvendo este ciclone. Um dos elementos atípicos deste sistema será a sua trajetória. Todos os principais modelos globais, usados pela Meteorologia no mundo inteiro, apontam o mesmo cenário em que uma baixa pressão retrógrada avança do mar para o continente, o que é incomum.

Normalmente, os ciclones que se formam na costa do Sul do Brasil ou na altura do Uruguai ou do litoral de Buenos Aires, avançam para Sudeste e o Leste, distanciando-se do continente. Este, ao contrário, no que é absolutamente incomum, vai observar uma trajetória oposta. Os dados indicam que vai se deslocar do mar para o continente.

A QUANTO PODE CHEGAR O VENTO

A intensidade do vento vai depender totalmente da trajetória que o sistema percorrer. Quanto mais distante da costa, menor será o risco de vento muito intenso. O pior cenário é o sistema avançar de Sul para Norte, margeando o litoral, muito perto da costa, o que a maioria dos modelos indicava na sexta.

Se ingressar em terra o centro da tempestade, como alguns dados ontem e hoje chegaram a sugerir, vento muito forte ocorrerá no estado gaúcho, especialmente no Sul e no Leste do Estado, mas menos intenso que no cenário de o ciclone margear o território gaúcho, sobre o oceano, muito perto da costa. Isso porque, em se tratando de sistema subtropical, enfraqueceria rapidamente ao avançar sobre terra e perder a fonte de energia do calor latente das águas do Atlântico.

Modelos que indicavam o ciclone margeando a costa gaúcha indicavam ontem vento no litoral tão intenso quanto 120 km/h a 140 km/h ao passo que as projeções apontando o ingresso do sistema no continente sinalizavam 80 km/h a 100 km/h, em média. Uma vez que a trajetória deste sistema é uma questão ainda em aberto, também a velocidade do vento está cercada no momento de incertezas e não se tem um prognóstico definitivo

Neste momento, com base no conjunto médio dos dados, com ciclone intenso permanecendo sobre o oceano e passando perto da costa, a melhor estimativa é a possibilidade vento forte a por vezes intenso com rajadas por várias horas seguidas e que, no litoral gaúcho, podem alcançar ou passar de 100 km/h. Em Porto Alegre, entre 60 km/h e 80 km/h. Na Serra, em áreas mais perto do Litoral Norte, o vento igualmente poderia ficar perto ou passar de 100 km/h em vários pontos, como na região de Cambará do Sul e São José dos Ausentes. Na maior parte do interior gaúcho, o vento não seria muito intenso, apesar de rajadas fortes a muito fortes no Sul gaúcho.

Estas são velocidades de vento capazes de gerar transtornos e riscos para a população. Podem ocorrer quedas de árvores, postes, destelhamentos e colapsos de estruturas. O vento ainda pode afetar muito o serviço de energia elétrica, o que repercute também no abastecimento de água, cujas estações são dependentes do fornecimento de energia elétrica. A maior ou menor extensão dos possíveis impactos ficará mais clara à medida que ingressarem novos dados nas próximas 48 horas até a véspera da atuação do ciclone.

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