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Freiras são indiciadas por maus-tratos, racismo e tortura de idosos em lar
Santa Maria – Duas freiras estão sendo indiciadas pela Polícia Civil por suspeita de tortura, racisco e maus-tratos praticados na casa repouso que trabalhavam, no Lar das Vovozinhas, na região central de Santa Maria. Os crimes teriam acontecido em 2018 e 2019. No local, residem cerca de 130 idosas.
A investigação, conduzida pela delegada Débora Dias, da Delegacia de Proteção ao Idoso, aponta a prática de tortura física e psicológica e maus tratos em pelo menos quatro idosas. As identidades das religiosas não foram divulgadas pela polícia, porém conforme GZH, as autoras seriam Terezinha Benetti, 76 anos, e Marli do Carmo Pena, 59.
Elas trabalharam no lar até agosto de 2019, momento em que foram afastadas, após terem sido autuadas pelo Ministério Público. No inquérito, dezenas de pessoas foram ouvidas, entre funcionários de limpeza, técnicos em enfermagem, enfermeiros, assistentes sociais, médicos e dirigentes da casa repouso. Mesmo antes da autuação, o próprio lar havia determinado a suspensão temporária das freiras.
Após isso, o promotor encaminhou as informações para a Delegacia de Proteção ao Idoso. A investigação começou em julho de 2020. De acordo com a delegada Débora, a conclusão do inquérito se deu a partir dos depoimentos apurados, que são bastante consistentes e semelhantes, sustentando o indiciamento.
— Vieram muitos depoimentos e todas no mesmo sentido. Alguns fatos não conseguimos indícios probatórios suficientes para indiciamento. Mas aqueles pelos quais indiciamos, aqueles fatos ficaram bem comprovados — afirma a delegada.
Os crimes
Terezinha foi indiciada pelos crimes de tortura e racisco. Conforme apurado na investigação, ela teria negado que uma idosa participasse de um evento social realizado no lar, em razão da cor de sua pele. “Tu não vai descer, negra fedorenta. Preta e suja não pode se misturar com os brancos”.
Já o crime de tortura teria ocorrido quando a religiosa deixou uma idosa de 70 anos, nua por mais de uma hora após o banho, como forma de punição. Os eventos foram confirmados por testemunhas às autoridades.
Outros fatos como o de terem racionalizado produtos de higiene, obrigando as acolhidas a utilizarem os mesmos materiais, também foram apurados.
Marli foi indiciada por maus-tratos, após praticar alguns procedimentos médicos irregulares nas idosas, sem anestesia e prática adequada, causando dor e sofrimento nas mesmas. Em uma ocasião, ela deixou uma acolhida sangrando, após uma pinça num machucado. Além disso, a suspeita impediu que uma idosa tivesse acompanhamento médico.
O lar informou que está tomando providências para evitar novos problemas.
Fonte: GZH