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IMIGRAÇÃO ALEMÃ: Lembranças da comunidade se tornam memorial na Linha Olinda

06/12/2022 - 16h37min

Atualizada em 06/12/2022 - 16h43min

As lembranças expostas chamaram atenção da comunidade para recordar a própria história (Créd. Gian Wagner Baum)

Grupo trabalhou por dois anos levantando informações para o memorial instalado na divisa com Linha Nova

Por: Gian Wagner Baum

Nova Petrópolis – A comunidade de Linha Olinda se reuniu na tarde de sábado (3) para inaugurar o mais novo memorial da cidade, que resgata e expõe as memórias da localidade, a primeira a receber colonos alemães ainda no século 19. O trabalho foi coordenado por Daniel Michaelsen e começou a cerca de dois anos, através de um grupo formado depois de um curso do Sebrae. “Entre as ações do grupo, uma delas era fazer o memorial e o monumento à imigração alemã”, conta Daniel.

Pessoas de diferentes idades participaram do grupo que estudou, pesquisou e montou como seria o memorial. Essas pessoas estão homenageadas em uma placa que fica no monumento, uma escultura de pedras que retrata um casal de imigrantes. O projeto, antes de ser instalado, foi apresentado por Daniel e pelo grupo à comunidade. “Foi uma das partes mais importantes no dia 30 de maio, uma segunda-feira, quando nos reunimos com moradores daqui na sociedade da Linha Olinda. Nós queríamos a comunidade também participando deste projeto”, explica Daniel.

O MEMORIAL – O memorial é composto por quatro grandes painéis que, nos dois lados, mostram parte da história da comunidade. São mapas antigos, pequenos textos explicativos e muitas fotografias conseguidas com moradores que doaram as imagens para a construção do memorial. Familiares e demais envolvidos foram convidados a descerrar as faixas de inauguração na tarde de sábado. Além disso, o monumento aos imigrantes que recepciona os visitantes que chegam no memorial também contempla a obra. A instalação do casal de imigrantes foi uma parceria com o Esculturas Parque Pedras do Silêncio, que conseguiu a obra por um quarto do valor de mercado, e a Sicredi Pioneira, que patrocinou a aquisição.

Os mais idosos, acima dos 70 anos, descerraram a faixa do monumento à imigração (Créd. Gian Wagner Baum)

AS PESQUISAS – Para saber por onde começar, o grupo seguiu a lógica e iniciou “pelo começo”. As pesquisas iniciais se concentraram nos Arquivos Históricos de Nova Petrópolis e de Porto Alegre. “O principal era descobrir as primeiras famílias que vieram aqui para Linha Olinda”, contou Daniel. “Nós já sabíamos que os primeiros prazos coloniais, os lotes, foram distribuídos na Linha Olinda em 7 de setembro de 1858, quando foi instaurada a colônia”, revela. Foram 66 famílias que adquiriram lotes em Nova Petrópolis há 164 anos, alguns, 17 conforme o levantamento do grupo, desertaram e abandonaram as terras na Serra partindo em direção a região de Ijuí. “Nós não sabíamos quantas famílias eram e quem eram essas pessoas e pesquisando descobrimos muita coisa, que eles tinham prazo de cinco anos para pagar esses lotes, por exemplo, e que teve imigrante que levou 24 dias para viajar de Porto Alegre até Nova Petrópolis”, conta Michaelsen.

 

“A história não tem divisas”
O Memorial da Imigração Alemã é o mais novo atrativo turístico de Nova Petrópolis. Aberto para a visitação, o espaço é cercado por um pequeno e belo muro de pedras, tradição principalmente em construções mais antigas. Tem lugar para estacionar o carro e parar as bicicletas. Ele fica às margens da Rua dos Imigrantes, bem na divisa entre Nova Petrópolis e Linha Nova. “Antigamente a divisa era ali onde fica a caixa d’água (hoje esse espaço pertence a Linha Nova). Mas naquela época as pessoas não viam tanto essas divisas. Alguns moradores da Linha Nova estudavam na [antiga] escola Tiradentes, outros de Nova Petrópolis estudaram na escola do Rincão da Serra. A história não tem divisa”, disse Daniel.

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