Conecte-se conosco

Estado - País - Mundo

Irmãos Olbermann: uma trajetória de muito trabalho e dedicação na roça

13/05/2022 - 13h13min

São mais de três décadas se dedicando a qualidade na comercialização de batatas, além de cebolas (Créd. Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Toda conquista advém de muito trabalho e dedicação. Os Irmãos Olbermann, de Alto Morro dos Bugres, que o digam.

Hoje possuem uma empresa consolidada e reconhecida na região no ramo da comercialização de batatas e cebolas. Mas para chegar até aqui foi preciso muito suor e trabalho constante, além de visão de negócio com base na experiência do segmento.

As famílias de Alcídio Olbermann e Ivo Olbermann sempre foram agricultoras; junto às esposas Maria Neli e Nelga Maria criaram os filhos às custas da enxada. Desde criança os primos sempre acompanharam os pais na lida e, depois que crescidos, decidiram unir forças e trabalhar em conjunto. Era braçal, com bois, arado, enxada e carroça – nada fácil, mas digno.

Nadir Lindemann Olbermann trabalhando na separação das batatas (Créd. Cleiton Zimer)

Plantavam um pouco de tudo, especialmente, batatas. Entre 1988 e 1999 compraram uma antiga 608 – o primeiro caminhão. Começaram a fazer varejo pela região, nas cidades de Nova Petrópolis, Feliz, Vale Real, São José do Hortêncio e Presidente Lucena. Durante a semana trabalhavam na roça e, nos sábados, vendiam de casa em casa, além de foco especial nos comércios.

Foi assim que os filhos de Alcídio – os irmãos Selírio, Celso, Jair e Vantuir (em memória) – e os filhos de Ivo – Laudo, Laudemir e Laurício – seguiram trabalhando. Primeiro plantando nas próprias terras e, com o aumento da demanda, começaram a alugar propriedades para o plantio.

Selírio, filho mais velho de Alcídio, lembra que os primeiros tempos era difíceis. “Lavrávamos com os bois nos barrancos. Para plantar era preciso carregar as sementes nas costas até a roça e, depois, na colheita, os sacos de batata também eram retirados nos ombros”. Tinham um trator Agrale pequeno e uma carreta agrícola; porém, por vezes, os terrenos íngremes não permitiam o uso.

Levando as juntas

de boi na 608

Laudo, filho de Ivo, comenta que é difícil descrever em palavras o esforço que tiveram ao longo desses mais de 30 anos. Mas resume tudo à vontade e organização no trabalho. “Às 3h da madrugada a gente levantava para tratar os bois. Às 4h saíamos a pé, puxando os bois. As roças ficam a quatro ou cinco quilômetros no Canto Becker. Também íamos para Boa Vista e até no Centro para plantar”.

Os irmãos Olbermann e Nadir Lindemann Olbermann no pavilhão da empresa (Créd. Cleiton Zimer)

Os irmãos destacam que para um trabalho ser bem executado é preciso comprometimento e pontualidade, mas sem ir até a exaustão. Por isso, antes do raiar do sol já estavam na roça. Tinham horário. Trabalhavam até começar a esquentar e, depois, iam para casa. Iam cedo e voltavam cedo – essa é a receita.

E neste ritmo o negócio dos irmãos só crescia. De tal forma que tiveram que expandir mais ainda. Começaram a plantar nas localidades de Nova Renânia, Padre Eterno; Picada Verão, em Dois Irmãos e Gramado. Para isso, colocavam as juntas de bois em cima do caminhão 608, com o arado, e percorriam vários quilômetros. Era o único jeito.

A expansão para São Francisco de Paula

 

Além dos irmãos, netos, genros e mais funcionários trabalham na empresa (Créd. Cleiton Zimer)

Dormindo no mesmo galpão dos bois

A qualidade do produto ofertado pelos Irmãos Olbermann começou a se destacar cada vez mais, fomentando a demanda. Em 1994 tiveram que ir plantar em São Francisco de Paula – onde permanecem até hoje.

A expansão para o campo gerou ainda mais comprometimento e responsabilidade. Novos desafios vieram. Laudo lembra que a primeira plantação de 280 sacos de batata em São Francisco foi feita com os bois.

Eram animais grandes. Selírio conta que colocaram as duas juntas na carroceria do caminhão. Uma de frente e, a outra, de costas – de forma que ficassem com os traseiros virados um para o outro. “Saímos daqui às 15h e chegamos em São Francisco 21h. Lá em Padre Eterno, na Pedreira, um dos bois quase caiu. Tínhamos que ir bem devagar”.

Luado lembra que, no campo, não tinha como deixar os bois ao relento. Desta forma, por longos meses dormiram no mesmo galpão que os animais. “Hoje ninguém mais faz o que a gente já fez, não precisa esperar por isso”.

O resultado do trabalho

Em 2001 compraram o primeiro caminhão novo, um 1620. Hoje contam com uma frota muito maior, distribuindo para a Ceasa e cidades como Nova Petrópolis, Feliz, Novo Hamburgo, São Leopoldo. As batatas dos Irmãos Olbermann também vão para outros Estados, como São Paulo.

Ao longo dos anos foram adquiridos equipamentos inovadores para facilitar os processos (Créd. Cleiton Zimer)

Junto aos irmãos são 13 funcionários. No período de safra, porém, a quantidade de colaboradores chega a dobrar.

Metade do ano possuem produto próprio e, no restante, trazem as batatas do Paraná, Ibiraiaras e São Paulo. Geralmente começam a colheita em São Francisco no final do ano.

“Sempre temos muito trabalho, mas vamos devagar”

Os riscos na agricultura sempre são constantes, afinal, é uma indústria a céu aberto – estando à mercê do excesso de chuva ou da falta dela, por exemplo, além da própria variação de preços no mercado. “Ao longo desses 30 anos já tivemos perdas. Mas, graças a Deus, nunca de causar prejuízos em toda a safra”, afirma Laudo.

Diante de todo o cenário econômico no Brasil e Mundial, associado à estiagem, havia temor que 2022 representaria o primeiro ano negativo. “Mas não está sendo assim”, analisa Laudo, explicando que as batatas estão vindo com boa qualidade e com um preço equilibrado.

Os Irmãos Olbermann seguem trabalhando no mesmo pavilhão em que começaram em Alto Morro dos Bugres. O local já passou por várias ampliações assim como a aquisição de novos maquinários que tornam todos os processos mais fáceis; tanto que os mais novos dificilmente conseguem imaginar como foi suado chegar até aqui.

Sempre temos muito trabalho, mas vamos devagar. Poderíamos plantar 200 hectares, mas vamos ficar nos 120/130. Não trabalhamos apressados”, destaca Laudo. Além dos irmãos, a sociedade também pertence à Nadir Lindemann Olbermann, que era casada com Vantuir – que faleceu. Ela também trabalha junto com a equipe em todos os processos.

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.