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Jovem condenada injustamente morre dois meses após deixar a prisão

03/11/2025 - 09h41min

A jovem Damaris Vitória Kremer da Rosa, 26 anos, morreu dois meses depois de ser absolvida pelo Tribunal do Júri, após permanecer seis anos presa por um crime do qual foi posteriormente considerada inocente. Ela não resistiu às complicações de um câncer no colo do útero, diagnosticado ainda no período em que estava encarcerada. O sepultamento ocorreu na segunda-feira, 27, no Cemitério Municipal de Araranguá, em Santa Catarina.

Damaris havia sido presa preventivamente em agosto de 2019, acusada de envolvimento no homicídio de Daniel Gomes Soveral, ocorrido em novembro de 2018, em Salto do Jacuí (RS). A acusação sustentava que ela teria ajudado a planejar o crime e atraído a vítima ao local da execução. A defesa sempre negou a participação da jovem, alegando que ela apenas relatou ao namorado que teria sido violentada pelo homem e que o assassinato foi cometido isoladamente por ele, como vingança.

Ao longo dos anos em que esteve custodiada, Damaris passou por penitenciárias em Sobradinho, Lajeado, Santa Maria e Rio Pardo. Mesmo apresentando sintomas graves — como dores intensas e sangramentos — seus pedidos de liberdade foram negados repetidas vezes. Na época, a Justiça entendeu que os documentos médicos apresentados não comprovavam doença grave.

A prisão domiciliar foi concedida apenas em março de 2025, após o agravamento do quadro clínico, com uso de tornozeleira eletrônica. Ela passou a residir com a mãe, em Balneário Arroio do Silva (SC), e realizava tratamento oncológico em hospitais de Santa Cruz do Sul, Rio Pardo e Criciúma. Segundo a advogada Rebeca Canabarro, a defesa solicitou a retirada do monitoramento eletrônico para facilitar os deslocamentos médicos, mas o pedido foi negado. “Ela passou por exames, sessões de quimioterapia e radioterapia ainda usando tornozeleira. Lutou pela vida e pela justiça ao mesmo tempo”, afirmou.

O júri que absolveu Damaris foi realizado em agosto de 2025. O Conselho de Sentença reconheceu a inexistência de provas que sustentassem as acusações de homicídio e destruição de cadáver. Setenta e quatro dias depois da decisão, ela morreu.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul informou que avaliou três pedidos de soltura ao longo do processo e que converteu a prisão para domiciliar quando ficou comprovado o diagnóstico de neoplasia maligna do colo do útero. O Ministério Público afirmou que, quando a doença foi efetivamente comprovada, não se opôs à liberação.

 

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