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Livreiro encontra poema inédito de Mário Quintana

23/01/2022 - 11h53min

Atualizada em 23/01/2022 - 11h56min

(Crédito: Arquivo Pessoal)

O Poema ‘Canção do Primeiro do Ano’, assinado pelo poeta, foi comparado com outros manuscritos de Quintana. Escritores afirmam que não têm dúvida da legitimidade do documento.

 

Porto Alegre – Um poema inédito assinado por Mario Quintana foi descoberto por um livreiro de Porto Alegre. Um achado e tanto para a literatura gaúcha. O manuscrito de “Canção do Primeiro do Ano” foi encontrado por George Augusto dentro de um livro do poeta, adquirido de uma coleção particular composta por mais de 5 mil volumes.

Já amarelado, o papel traz a assinatura de Quintana e a data, 1ª de janeiro de 1941. George e o professor e diretor do Theatro São Pedro, Antônio Hohlfeldt, analisaram a grafia e compararam com outros registros da letra de Quintana. Devido à escrita característica, não tiveram dúvida de se tratar de um original legítimo.

O poema e o livro foram encontrados há cerca de duas semanas e foram divulgados por uma colunista do GZH, Juliana Bublitz. O livro chamou atenção pois trazia duas dedicatórias, repassado de presente a duas pessoas diferentes. O livreiro decidiu folhear o volume, e encontrou dentro das páginas o papel, dobrado.

O presidente Associação de Amigos da Biblioteca Pública Estadual do RS, Gilberto Schwartzmann, diz que o documento é original e define o poema como um “mistério”. Ele tem um formato semelhante a outras poesias escritas por Quintana, o que leva a crer que o escritor trabalhava naquelas ideias até chegar a um resultado para ser publicado.

A associação comprou o manuscrito e o livro, que serão doados ao acervo da biblioteca, em cerimônia ainda a ser marcada. Também está prevista uma exposição do poema na Casa de Cultura Mario Quintana, onde o poeta viveu, no Centro de Porto Alegre.

O valor histórico do achado é inestimável, conforme Schwartzmann. “Quintana é uma pessoa muito importante na cultura brasileira, qualquer coisa que venha dele original tem grande importância pra nossa cultura como registro”, observa.

 

Leia o poema:

 

Canção do primeiro do ano

Pelas estradas antigas
As horas vêm a cantar.
As horas são raparigas,
Entram na praça a dançar.

As horas são raparigas…

E a doce algazarra sua
De rua em rua se ouvia.
De casa em casa, na rua,
Uma janela se abria.

As horas são raparigas
Lindas de ouvir e de olhar.
As horas cantam cantigas

E eu vivo só de momentos,
Sou como as nuvens do céu…

Prendi a rosa dos ventos
Na fita do meu chapéu.
Uma por uma, as janelas
Se abriram de par em par.

As horas são raparigas…

Passam na rua a dançar.
As horas são raparigas
Lindas de ouvir e de olhar.

As horas cantam cantigas
E eu vivo só de momentos,
Sou como as nuvens do céu…

Prendi a rosa dos ventos
Na fita do meu chapéu.

Uma por uma, as janelas
Se abriram de par em par.

As horas são raparigas

 

Fonte: G1/RS

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