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Mulher vai à Justiça pedir os mil dólares que Bolsonaro disse ter pago de auxílio

26/09/2020 - 15h56min

Após o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, na Organização das Nações Unidas (ONU), em que ele afirmou que pagou cerca de US$ 1 mil de auxílio emergencial por pessoa, uma dona de casa do Rio foi à Justiça para receber a diferença. Ela relata que só ganhou R$ 2,4 mil, em quatro parcelas de R$ 600, assim como os outros beneficiados.

Um levantamento apontou que trabalhador aprovado no programa recebeu, no máximo e somando as parcelas, R$ 4,2 mil, o que equivale a US$ 766. As advogadas da dona de casa escrevem na petição que, na atual cotação do dólar, o valor total do auxílio que deveria ter sido recebido pela cliente é de R$ 5.540, se considerados os mil dólares.

Na ação, é sustentado que o valor recebido teve “importantíssima relevância”, mas que não foi o suficiente para gastos como saúde, educação e moradia. Elas pedem, ainda, dano moral, totalizando a causa em R$ 9.420.

A juíza federal substituta, Angelina de Siqueira Costa, intimou a União Federal a prestar informações em 10 dias e, caso não reconheça o pedido, apresente contestação em até 30 dias.

O discurso

O discurso de Bolsonaro foi feito na terça-feira (22) na abertura da 75ª Assembleia Geral da ONU, em que defendeu a gestão ambiental do país e a resposta brasileira à pandemia. Ele fez menção às estratégias adotadas pelo governo para amenizar os efeitos da crise sanitária na economia nacional

Entre as medidas citadas, falou sobre o auxílio emergencial repassado aos brasileiros que ficaram sem renda. Segundo o mandatário brasileiro, cada um dos beneficiários do programa recebeu, aproximadamente, mil dólares.

“Nosso governo, de forma arrojada, implementou várias medidas econômicas que evitaram o mal maior. Concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam, aproximadamente 1.000 dólares para 65 milhões de pessoas, o maior programa de assistência aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo”, afirmou o chefe do Executivo.

Seguindo a lógica apresentada pelo presidente, cada pessoa que foi atendida pelo benefício teria recebido, ao todo, algo em torno de R$ 5,4 mil. A informação, contudo, não condiz com os indicadores do programa. Considerando que a maioria dos 65 milhões de brasileiros que receberam o auxílio emergencial tiveram cinco parcelas de R$ 600, o máximo que cada pessoa ganhou foi R$ 3 mil, o que na cotação atual da moeda norte-americana representa pouco mais de 554 dólares.

A marca de mil dólares não é atingida nem levando em conta as quatro parcelas adicionais de R$ 300, que serão repassadas até dezembro deste ano. Se aos R$ 3 mil das cinco primeiras parcelas forem somados os R$ 1,2 mil das quatro parcelas restantes, o valor máximo repassado a cada beneficiário do programa seria de R$ 4,2 mil, o equivalente a quase 778 dólares.

Mães solteiras

A afirmação do presidente não é totalmente incorreta, porque alguns dos beneficiários do programa, de fato, receberam mil dólares (e até um pouco mais).

Mães solteiras e mulheres chefes de família, por exemplo, tiveram o auxílio dobrado. Em cada uma das cinco primeiras parcelas, elas receberam R$ 1,2 mil. Ao fim de cinco meses, elas acumularam, portanto, R$ 6 mil, o mesmo que 1.104 dólares.

Com mais R$ 2,4 mil das quatro parcelas adicionais (R$ 600 a cada mês), o total repassado a essa classe de beneficiários pode chegar a R$ 8,4 mil, que é igual a 1.546 dólares.

 

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