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Negociações de paz entre Rússia e Ucrânia ficam incertas com possível ausência de Putin
A dois dias da esperada rodada de negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, que pode representar um avanço rumo ao fim da guerra no Leste Europeu, o Kremlin ainda não confirmou se o presidente russo, Vladimir Putin, participará pessoalmente do encontro marcado para quinta-feira (15), em Istambul, na Turquia.
A indefinição foi confirmada nesta terça-feira (13) pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que disse que a presença ou não de Putin será anunciada “no momento apropriado”. A declaração jogou dúvidas sobre a concretização da reunião, já que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky impôs uma condição clara: só participará do encontro se Putin também estiver presente.
“O presidente Zelensky não se reunirá com nenhum outro representante russo em Istambul, exceto Putin”, afirmou o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak à agência Reuters.
Zelensky havia declarado no fim de semana que compareceria ao encontro e defendeu um cessar-fogo imediato a partir desta segunda-feira (12), como base para o diálogo diplomático. No entanto, com a hesitação russa quanto à presença de seu principal líder, a disposição ucraniana passa a depender diretamente de uma demonstração de seriedade por parte de Moscou.
Disputa por protagonismo e pressão internacional
A movimentação diplomática acontece num contexto de forte pressão internacional pelo fim da guerra, que já dura mais de três anos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem liderado os apelos por um cessar-fogo imediato e sugeriu no domingo que Putin estaria disposto a comparecer ao encontro em Istambul.
O governo russo, por sua vez, diz que está aberto a negociações “sem pré-condições”, mas rejeita qualquer ultimato sobre o cessar-fogo, como o que foi sugerido por Reino Unido, Alemanha, França e Polônia — que propuseram uma trégua de 30 dias.
Em meio a essa tensão, líderes de diferentes países têm intensificado esforços para destravar o diálogo. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Moscou na semana passada e defendeu uma solução diplomática urgente. Já o presidente turco Recep Tayyip Erdogan declarou que “Istambul está pronta para sediar negociações que levem a uma solução permanente”.
Concessões e dúvidas
Apesar dos esforços públicos dos dois lados para mostrar disposição ao diálogo, analistas avaliam que ambos também usam as negociações como palco de pressão política. Um eventual acordo de paz, segundo o governo brasileiro, exigirá concessões, como a possível renúncia da Ucrânia à Crimeia e a retirada do pedido de adesão à Otan.
O julgamento internacional agora se volta para o Kremlin. Caso Putin não confirme presença até a véspera do encontro, há o risco de o processo ser interrompido antes mesmo de começar. Para o gabinete ucraniano, a ausência do presidente russo representaria “um sinal definitivo de que Moscou não quer acabar com esta guerra”.
A expectativa nas próximas horas é por um anúncio oficial do Kremlin e por um possível reposicionamento diplomático que salve a rodada de negociações da frustração.