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Presidente da Câmara de Canela e secretário de Obras são presos por suposto desvio de verbas

08/11/2021 - 14h16min

Foto: Marcelo Casagrande / Agencia RBS

Canela- A Polícia Civil deflagrou uma operação no início da manhã desta segunda-feira (8) que investiga suspeitas sobre desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro em Canela, na serra gaúcha. São cumpridas 176 ordens judiciais em seis municípios do RS e duas em Santa Catarina. Os principais alvos são o presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Gavani Dias (MDB), o secretário municipal de Obras, Luis Claudio da Silva, e o interventor do Hospital de Caridade, Vilmar da Silva dos Santos. A Justiça autorizou a prisão preventiva dos três. Além disso, foram afastados de maneira cautelar o secretário municipal de Turismo, Angelo Sanches Thurler, o subsecretário de Obras, Osmar José Zangalli Bonetti, e Denis Roberto de O. de Souza, funcionário contratado como cargo em comissão na pasta de Obras.

 

Segundo a Polícia Civil, uma investigação iniciada em abril encontrou indícios de uma rede de corrupção para lavagem de dinheiro. Entre as práticas, estariam suspeitas de falsificação de documentos, crimes em licitação, ocultação de bens, desvio de materiais de construção adquiridos para reforma do Hospital de Caridade, canalização de verbas, orçamentos fraudulentos em licitações e rachadinha.

 

A Justiça também determinou a alienação de 11 veículos e o bloqueio de contas. A Operação Caritas mobiliza 175 policiais. A investigação começou quando a Polícia Civil descobriu material de construção desviado do Hospital de Canela no sítio de um ex-funcionário da prefeitura e dono de uma empreiteira.

 

“Inicialmente, a gente tinha para apurar desvio de material que era do Hospital de Caridade do município que teria ido para uma obra particular de um servidor da prefeitura. Na verdade, para nós teriam pontos específicos de investigação, um grande emaranhado, um esquema de corrupção muito grande, parte do Poder Executivo e Legislativo de Canela”, disse o delegado Vladimir Medeiros, de Canela, responsável pelo inquérito.

 

Com o avanço das investigações, a polícia descobriu um suposto esquema para fraudar obras feitas pela prefeitura, inclusive no hospital. Mensagens de celular atribuídas aos investigados mostram como seria a suposta fraude que usaria orçamentos frios. O dono do sítio e empreiteiro teria acertado que faria uma reforma contratada pela prefeitura por R$ 26 mil. Assim, as outras duas empresas, que seriam de fachada, apresentariam propostas maiores, de R$ 27 mil e R$ 29 mil.

O grupo fazia orçamentos fraudulentos para vencer contratos com a prefeitura municipal, esses contratos passariam pela presidência da Câmara de Vereadores de Canela, sempre vencendo uma empresa do grupo, muitas vezes, empresas de fachada, explica o delegado.

 

O inquérito aponta que os orçamentos frios para a suposta fraude teriam sido arranjados pelo presidente da Câmara, Alberi Galvani Dias, que ficou conhecido por sugerir a pulverização da cidade com álcool em gel, como forma de prevenção à covid-19. Em uma mensagem, o empreiteiro pede que o vereador coloque em um orçamento, valor R$ 5,5 mil maior. No segundo, R$ 9,8 mil mais alto do que o terceiro orçamento, que é da empresa dele. Todo tipo de obras, obras menores, obras maiores, para a realização de construções, reformas, e ampliações”, comenta o delegado.

 

Foto reprodução / Polícia Civil

 

Outro esquema apurado pela polícia indica uma suposta rachadinha, que segundo o delegado, arrecadava R$ 20 mil por mês de funcionários da prefeitura, que seriam obrigados a repassar ao partido até 10% dos salários. Fotos mostrariam o suposto arrecadador em um dia de coleta do dinheiro. O inquérito revela que os investigados costumavam enviar fotos com maços de dinheiro.

 

Nós fizemos o acompanhamento no dia do pagamento do responsável pela coleta desses valores e, com eles, conseguimos apreender valores em dinheiro, e também uma tabela de contabilidade, mês a mês, indicando o pagamento de cada um dos servidores. Esses pagamentos geravam de 5% a 10% dependendo do cargo a ser exercido. Não havia qualquer tipo de formalização legal, nenhum tipo de contabilidade em relação aos valores, e, mais, não se tratava de uma contribuição espontânea. É uma contribuição obrigatória por parte dos servidores sob pena de perder o cargo dentro da comissão”, revela o delegado de Canela com base na investigação. Durante a operação foram apreendidos documentos, cartões de bancos, cheques, contrato de gaveta, boletos de pagamento e procurações, entre outros. Segundo Medeiros, a intenção é descobrir se há mais desvios e outros envolvidos. Demonstra o nível de comprometimento do poder público, a periculosidade desses indivíduos”, resumiu o delegado regional de Gramado, Heliomar Franco.

 

Fonte: GZH

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