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Professora aposentada conta em livro a história de Nova Petrópolis

24/02/2023 - 09h40min

Atualizada em 24/02/2023 - 09h57min

Ivoni com seu livro intitulado “No Coração da Aldeia” (CRÉD. GIAN WAGNER BAUM)

Material era tese acadêmica e na pandemia ganhou um novo formato

Por: Gian Wagner Baum

Nova Petrópolis ­– Uma tese de mestrado de uma professora da Universidade de Caxias do Sul acabou se tornando o registro mais recente e um dos mais completos da história de Nova Petrópolis. A professora aposentada, Ivoni Nör Paz (79), começou a tese como uma dissertação de mestrado, que analisava o movimento integralista na região. Esse registro foi publicado com o nome de “Da Submissão à Rebeldia”. A nova publicação da professora de história seria a tese de seu mestrado, caso não tivesse sido forçada a largar a vida acadêmica no início dos anos 2000, depois de complicações cardíacas. “Eu acabei deixando-o de lado, engavetado. Até pagava, mas não me animava”, conta Ivoni. Na pandemia, ela reencontrou no antigo trabalho algo para ocupar a mente. “Agora tenho alguma coisa para me dedicar, pensei”, conta ela. A proposta do conteúdo mudou, deixando o teor completamente acadêmico e suas normas metodológicas para se transformar em um livro mais literário.

A HISTÓRIA DE NOVA PETRÓPOLIS

O livro é dividido em seis partes, cada uma abordando determinados temas conforme a época de Nova Petrópolis, desde o funcionamento da distribuição de terras no início da chegada dos imigrantes alemães, passando pela época da colônia provincial, fundada em 1858, seguindo passando pelos períodos políticos, como no capítulo que fala sobre a repressão ao idioma alemão. Jornais da época, o associativismo e um capítulo falando sobre o solidarismo fecham as quase 300 páginas da obra e seus 40 subtópicos.

Sobre este início, Ivoni conta que foi uma estratégia do governo da época buscar pessoas para colonizar as terras ao sul. Para isso, eles teriam que trabalhar para juntar dinheiro e pagar suas próprias terras. “Foi uma estratégia dos latifundiários para garantir trabalhadores”, conta. “A pequena propriedade no Rio Grande do Sul foi uma espécie de reforma agrária que deu certo”.

Professora Ivoni Nör com seu livro No Coração da Aldeia (CRÉD. GIAN WAGNER BAUM)

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA – No início de 1950 Nova Petrópolis havia deixado de ser uma colônia e passado a ser um mero distrito de São Sebastião do Caí, que havia se emancipado anos antes. Nesta época começaram diferentes processos de criações de municípios e Gramado e Nova Petrópolis deram início aos seus. Gramado primeiro e, para não acabar sendo “engolida” pelo novo município, Nova Petrópolis deu início ao processo. Nesta época foram marcadas algumas divisas, com as linhas Marcondes e Ávila, que passaram para Gramado. Apesar de alguns casos isolados, como a Joaneta que se dividiu, e a Linha Brasil que votou pela permanência como distrito, a maioria quis que Nova Petrópolis virasse uma cidade. Lino Grings, que era o organizador do movimento, foi o eleito e entre suas propostas estava a tão sonhada eletrificação do município. Importância era tamanha que seguem no brasão do município três cabos de luz junto com outros elementos símbolos de Nova Petrópolis.

Professora faz dedicatória no livro (CRÉD. GIAN WAGNER BAUM)

NETA DE UM MARINHEIRO DINAMARQUÊS

Para um marinheiro, aquela viagem para o Brasil em 1873 poderia ser apenas mais um translado entre continentes. Mas para Hans Jakobsen Nör, aquela viagem mudaria sua vida. Nascido em Flensburg quando a cidade ainda era dinamarquesa, Hans embarcou no veleiro Saale para trabalhar na viagem que sairia de Hamburgo com direção ao Novo Mundo. Foi durante a longa e lenta viagem que Hans conheceu Amália Helena, a jovem filha dos futuros colonos da Linha Brasil, Johann e Bárbara Wazlawyk. Foi tempo suficiente para o casal se apaixonar, mas não seria tão simples. Hans precisou retornar para a Europa após o desembarque dos Wazlawick no porto e só reencontrou sua amada dois anos depois, quando o marinheiro desertou em Santa Catarina para, com o cunhado, galopar à cavalo até Nova Petrópolis. Amália, que na época trabalhava em casa de família na Capital, também retornou a colônia para reencontrar seu amado. Há registros de, no ano seguinte, o diretor da colônia solicitando um lote para o desertado marinheiro alegando “ser um homem honesto e trabalhador”, além de genro de um colono.

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