Vitalidade e simpatia aos noventa anos de idade

Por Giordanna Benkenstein Vallejos

Dois Irmãos – A nona Elsila Catarina Colognese Pienegonda celebrou seus 90 anos no dia 16 de junho. Apesar da idade avançada, ela demonstra bom humor, abrindo um sorriso sincero a cada pergunta. Enrolada em sua coberta para aquece-la do frio na manhã gelada de quinta-feira, 23, Elsila explica que é natual de Carasinho e que viveu em diversas cidades como Chapada, Redentora e por fim, fixou residencia em Dois Irmãos na década de 90.

A vida no campo

No município de Chapada ela conheceu seu esposo Gomercindo Pienegonda (in memoriam) e concebeu seus primeiros quatro filhos: Leonildo, José, Armando e Maria. O casal adquiriu 12 hectares de terra e começaram a cultivar para consumo próprio e para venda alimentos como: soja, milho, mandioca e feijão. Também criavam galinhas, porcos, cavalos e bois que serviam para arar a terra. Durante trinta anos, Elsila cumpriu o trabalho árduo na roça, em uma época em que tratores e máquinas que facilitam o trabalho pesado eram uma utopia.

Mudança para Dois Irmãos

O tempo passou e vieram mais quatro filhos para compor a grande família Pienegonda: Luiz, Terezinha, Lurdes e Gilmar. Lurdes infelizmente faleceu quando tinha apenas quatro anos, deixando o casal com sete filhos. Todos eles cresceram ajudando os pais com as tarefas diárias na lavoura. Quando ficaram mais velhos, vieram para a região do Vale dos Sinos em busca de melhores oportunidades. José Pienegonda abriu seu próprio mercado, o São José e o filho Luiz empreendeu também, com o mercado São Luiz.

Conforme foram ficando mais velhos, as atividades do campo começaram a ficar impraticáveis e eles precisaram contratar pessoas para realizarem quase tudo na lavoura, o que gerava um prejuízo na produção. Gomercindo e Elsila fizeram a mudança para Dois Irmãos por motivo de doença e pelos problemas que envolviam o cultivo. Eles receberem uma recomendação médica para ficarem mais próximos aos filhos, que vieram para a cidade nos anos 80.

Parla italiano?

Assim que os Pienegonda chegaram na cidade, houve um problema de comunicação. Isso porque em Chapada a maioria dos residentes falavam em Italiano, por serem descendentes de imigrantes da Itália. O Alemão, assim como segue em alguns casos até hoje, era a única língua falada pela maioria dos moradores de Dois Irmãos. “Foi difícil para a gente se acostumar a viver no meio dos alemães, porque não nos entendíamos. Tivemos que nos adaptar e aprender o básico do idioma”, disse Elsila.

Hoje em dia, Elsila disse que desaprendeu muito do vocabulário do Italiano, pois não tinha ninguém para conversar e que ela viveu em uma época na qual houve a proibição de qualquer idioma que não fosse o português. Mas ainda assim, decidiu ensinar algumas palavras: Tutti bene, que seria o nosso “tudo certo”, em português.

Notícias são seu passatempo

Atualmente, Elsila é aposentada. Para se divertir, ela gosta de assistir o noticiário na televisão e espera ansiosa pela chegada da edição impressa dos jornais, que guarda em uma grande pilha próximo ao seu canto preferido no sofá. Também é católica e gosta muito de assistir a missa para fazer as suas orações. Mesmo com 90 anos, ela mantém a sua autonomia, tendo o auxílio em casos pontuais realizados pela nora, Olga Pienegonda.