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Homem que matou ex-companheira e abandonou corpo em SC será julgado em uma semana em Estância Velha
Estância Velha – O assassinato da estanciense Lourdes Clenir de Oliveira Melo completa dois anos daqui a pouco mais de um mês. Antes disso, o caso, finalmente, terá um defecho com o julgamento do criminoso Léu Vieira de Moura, que acontece na próxima quinta-feira, na Câmara de Vereadores, de acordo com o promotor do Ministério Público de Estância Velha, Bruno Amorim Carpes.
A cabeleireira, que tinha 48 anos, foi assassinada com 11 facadas, desferidas pelo ex-companheiro, o caminhoneiro Léu, atualmente com 57 anos, com quem havia terminado um relacionamento cerca de um mês antes de ser morta. Já sem vida, foi colocada no porta-malas do próprio carro, que acabou abandonado no município de Içara, no Sul de Santa Catarina.
Léu, que acabou localizado pela Polícia Civil no dia 18 de fevereiro, cerca de 40 dias após o crime, continua preso. O criminoso está detido preventivamente na Penitenciária Estadual do Jacuí, em Charqueadas, aguardando para ser julgado.
Desde o início das investigações, Léu era apontado como o único suspeito e ficou foragido até ser encontrado em Sapucaia do Sul, após semanas de trabalho dos agentes da Delegacia de Estância Velha, coordenados pelo delegado Rafael Sauthier. O criminoso se escondia na rua Das Abelhas, no bairro Horto Florestal, há cerca de 20 dias, e se preparava para escapar novamente.
Durante o tempo que conseguiu se manter em liberdade, circulou por Santa Catarina – onde o corpo da vítima foi encontrado – Paraná e Rio Grande do Sul. Uma familiar o apoiou no transporte, alimentação e com a compra de uma casa. O próximo destino estava escolhido e seria o Estado de São Paulo. Durante o cumprimento da prisão preventiva, os agentes localizaram fotos 3×4, usadas para a encomenda de documentos falsos.
LÉU SERÁ JULGADO POR FEMINICÍDIO
No final de março do ano passado, o promotor Bruno Amorim Carpes ofereceu denúncia à Justiça, pelo crime de feminicídio quadruplamente qualificado. Entre as qualificadores denunciadas pelo Ministério Público está o fato de que o assassinato foi cometido com motivo torpe e com emprego de meio cruel. Além do gênero do fato da vítima ser mulher, a denúncia sustenta que o ex-companheiro matou Lourdes para assegurar a impunidade de outro crime.
Isto porque ele havia sido acusado pela ex-mulher de violência doméstica. Por conta disso, Lourdes possuía uma medida protetiva a seu favor. Entretanto, Léu continuava praticando ameaças e chegou a descumprir a medida e acabou preso, mas liberado cerca de 24 horas depois. Na ocasião, o criminoso chegou a ser acusado de estupro e a vítima iria depor contra ele.
Léu também foi acusado por furto do automóvel e ocultação de cadáver, uma vez que utilizou o carro da própria vítima ocultar o corpo em SC.
A familiar do acusado, que não teve o nome divulgado, foi denunciada pelo crime de favorecimento pessoal. De acordo com o MP, ela auxiliou o agressor, fornecendo esconderijo e meios para que se mantivesse foragido.
Enquanto aguarda pelo julgamento, que acontece na semana que vem, o promotor afirma que só se manifestará durante o Tribunal do Júri. “Sobre a expectativa não falo. No momento do júri explanarei a posição do MP”, pontua.
QUEM É O ASSASSINO
Apesar de ser franzino, Léu acumula uma extensa ficha criminal. Possui diversos antecedentes criminais, por estupro, direção perigosa, vias de fato, embriaguez ao volante, desacato, ameaça, roubo, porte ilegal de arma e receptação, entre outros. Havia saído da prisão há cerca de um ano antes de matar Lourdes, para cumprir pena em liberdade condicional e utilizava tornozeleira eletrônica.
Ele também tinha uma microempresa registrada em seu nome, com o mesmo endereço de onde o crime de feminicídio foi cometido. A empresa Léu Instalações teria como principais atividades as instalações e manutenções hidráulicas, elétricas e de gás. A empresa tinha capital social declarado de R$ 3 mil, situação ativa e completaria seu primeiro ano no mesmo mês.
VÍTIMA BUSCAVA UMA VIDA NOVA
Entre as razões que levaram Léu ao cometimento do crime covarde e injustificável, está o fato de que Lourdes estava buscando uma vida nova. Ex-presidiária, ela havia ingressado em uma igreja evangélica recentemente e buscava deixar para trás as coisas erradas que havia feito durante a vida. Entre os problemas que deixava para trás, estava o relacionamento abusivo que tinha com o criminoso.
Em entrevista na época, uma das filhas da cabeleireira relatou que ela também estava prestes a realizar um sonho. “Quando a gente conversava, ela falava que ia abrir um salão. Esse ano ela iria realizar esse sonho. Na metade do ano passado (2021) ela nos visitou, para conhecer a neta que nasceu”, lamentou.