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“Ninguém aguenta isso”; agricultores enfrentam sucessivas perdas nas lavouras em Santa Maria do Herval

06/08/2024 - 10h49min

Atualizada em 06/08/2024 - 11h11min

Darci Schmitz, do Canto Becker, sofreu prejuízo nos milhos (FOTO: Cleiton Zimer)

Prejuízos acumulados ao longo deste ano por conta das chuvas se somam aos das estiagens e desanimam produtores

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval | Agricultores da região amarguram a realidade dos que têm ‘empresa a céu aberto’. Há dois anos enfrentaram estiagens severas e, agora, foram atingidos pelas enchentes.

A consequência é nítida para todos: há falta de muitos produtos e, outros, estão com preço elevado. Mas, além disso, diversos produtores, principalmente os da agricultura familiar, estão perdendo suas forças com tantos revezes em pouco tempo.

A Secretaria de Agricultura do Estado estima que mais de 206 mil propriedades tenham sido afetadas pela alta precipitação, com perdas na produção e na infraestrutura.

“O bolso, quando vê, não consegue mais”

Em Santa Maria do Herval não foi diferente, foram perdas em muitas frentes. Darci Schmitz, 62 anos, é colono aposentado da localidade de Canto Becker. Ele é um exemplo do estrago que o clima causou.

Por muitos anos trabalhou com vacas leiteiras, mas em 2023 decidiu parar e vendeu os animais. Usou o dinheiro e aplicou no milho. “Se tivesse guardado, teria sido melhor”, lamenta.

Cultivou quatro hectares, comprou sementes boas, investiu em defensivos, maquinário para plantio e colheita. Mas o resultado ficou muito aquém do esperado, assim como praticamente todos da região.

A colheita foi tardia devido à chuva. Ainda assim fez silagem. Ficou com cerca de 30 sacos de grão para tratar os animais que ainda tem. Ademais, sobraram entre 50/60 para venda. “Mas, calculando, tinha que ter sobrado cerca de 200 sacos”, analisa.

Ele comercializou a saca por R$ 65, cujo resultado não cobriu o investimento feito. “Deu dois anos de seca, agora a chuva, ninguém aguenta isso. O bolso, quando vê, não consegue mais.”

Dúvidas

Questionado se vai investir na plantação de milho novamente, disse que ainda está pensando. “O problema é que, em uma, duas dessas, se perde muito. E isso derruba o pequeno produtor.”

Quase 50 mil produtores de grãos afetados no RS

Em relação à produção de grãos, as perdas se referem às áreas que não puderam ser colhidas, ou às que foram colhidas e tiveram baixo rendimento, incluindo soja, milho e feijão, entre outros.

Já as perdas nas culturas de inverno foram pontuais e correspondem a áreas recém-semeadas, e algumas puderam ser replantadas.

Segundo a Secretaria de Agricultura do RS, foram prejudicados 48.674 produtores de grãos, grande parte de milho e soja.

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