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Polícia

Canis denunciados por maus-tratos têm alvarás suspensos em Dois Irmãos

09/02/2023 - 19h22min

Operação que levou cinco pessoas à prisão ocorreu na segunda-feira (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – Na tarde de quinta-feira, 9, a Prefeitura atendeu a decisão judicial que determina a suspensão dos alvarás de funcionamento dos canis denunciados por maus-tratos a animais no bairro Travessão. Os locais ficam a pouco mais de um quilômetro de distância um do outro, na BR-116 e na Rua Ijuí.

Tanto estes estabelecimentos, como outro localizado em Ivoti, foram alvos da Operação Geisel, desencadeada pela Delegacia de Polícia Civil de Dois Irmãos, coordenada pelo delegado Felipe Borba e com o apoio do Conselho de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul.

No total cinco pessoas foram presas, sendo quatro da mesma família – pai, mãe, e os dois filhos; além do veterinário que prestava serviços para os três locais.

ANIMAIS EM PEQUENAS JAULAS E SUJEIRA

Conforme a Polícia foram constatadas irregularidades nos dois estabelecimentos de Dois Irmãos. Dentre as situações apontadas estão animais em pequenas jaulas e nitidamente doentes; pratos de alimentos e água sem higienização, sendo que em alguns havia inclusive larvas vivas; cachorros e gatos em ambientes completamente fechados, sem ventilação ou acesso à luz solar.

Num dos canis os agentes encontraram descartes inadequados de materiais. “Seringas, vidros de vacinas, que eram incendiados nos fundos da propriedade e restos mortais de animais enterrados sem qualquer observância das normas”, explicou o delegado Borba.

Já no estabelecimento de Ivoti, administrado pela filha, tudo estava em dia.

Os animais seguem lá

A decisão judicial determina que os dois locais de Dois Irmãos não tenham mais atividades comerciais. O que significa que os animais seguem lá, sendo cuidados e tratados. “Na sequência, serão adotadas as demais providências necessárias para o encerramento das atividades. A Administração Pública está acompanhando o processo no Judiciário e a Vigilância Sanitária acompanha a situação dos animais que estão nos dois locais”, respondeu a Prefeitura em nota.

A Polícia avaliou que, somando os três pontos, haviam cerca de 300 animais, dentre cães e gatos de raça, com preços estimados entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.

Proibição para criar e comercializar

Ao final da tarde de terça-feira, 7, o Poder Judiciário homologou o flagrante da Polícia Civil. No entanto, através de uma liminar, foi decretada a liberdade provisória mediante algumas condições fixadas para cada um dos presos, dentre elas, que não poderão mais atuar com a criação e venda de animais – exceto um deles, o filho, o que abre precedentes para que os negócios continuem funcionando.

Também foi acolhido o pedido da Polícia de suspensão do exercício profissional do veterinário, pelo prazo de noventa dias, inicialmente – para apurar eventuais irregularidades em sede administrativa.

Um dia depois, estava tudo nos conformes

Ao contrário das cenas encontradas pela Polícia Civil e fiscais na manhã da operação, 6, no dia seguinte, 7, durante uma vistoria da Prefeitura de Dois Irmãos, os locais estavam limpos e sem infrações.

 Advogado defende que locais não estão interligados

O advogado Fernando Fontes Corrêa representando tanto da família como o veterinário. Ainda no dia das prisões a reportagem conversou com ele. Corrêa defende que, embora sejam da mesma família, os empreendimentos são individuais, sem relação um com o outro. “São três coisas distintas, sendo um da filha, um da mãe e um do pai. O veterinário presta um apoio aos três canis.”

Ele reiterou o que o delegado já havia destacado: de que em Ivoti não foram constatadas irregularidades.

Disse que em Ivoti há profissionais 24 horas e, nos outros dois de Dois Irmãos, responsáveis pela ordem do local – tal como evitar furtos, roubos ou até mesmo brigas entre os animais. “Quando a polícia chegou os funcionários estavam chegando para fazer a limpeza, é feita uma na parte da manhã e outra final da tarde. Então eles pegaram todas as fezes de toda uma noite antes da limpeza”, disse. O advogado também negou que os animais estavam em locais fechados, sem ventilação e iluminação adequada.

*HOje, após a decisão de suspensão dos alvarás de funcionamento, a reportagem entrou novamente em contato com a defesa, no entanto, até a publicação desta notícia, não foi dado retorno.

 

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