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64 anos de Dois Irmãos: A mais divertida do grupo!

10/09/2023 - 11h50min

Atualizada em 06/10/2023 - 09h25min

Dona Marlene e os biscoitos feitos por ela mesma

O bom humor e a energia de quem optou por ser feliz

Por Nicole Pandolfo

Marlene Schneider é uma entre muitas mulheres que decidiram ser feliz e aproveitar a vida depois da aposentadoria. A atitude é comum entre aquelas que dedicaram a maior parte dos seus anos ao trabalho pesado dentro e fora de casa, focadas no objetivo de criar os filhos e cuidar da família. Esta fase chega quase como uma libertação e, pela primeira vez na vida, elas garantem a si mesmas o direito do cuidar de si.

“Agora chega! Eu vou viver a minha vida!” e assim, dona Marlene passou a frequentar bailes, fazer viagens em grupo e participar da organização do Kerb. “Tu não provou Spritzbier?!” ela pergunta espantada e conta que a produção da bebida começará em breve para ser consumida nos festejos tradicionais desse ano.

A rosca de polvilho recém saída do forno para um reunião no final do dia

“SE MANTER ATIVO É UM REMÉDIO”

Aos 72 anos, dona Marlene é conhecida pela maioria dos moradores da cidade. Grande parte da popularidade vem da participação assídua no Clube Reviver, onde ela e os amigos se encontram em reuniões periódicas e em ensaios de dança e canto: “O Clube Reviver é uma família!”, afirma.
No Parcão, durante atividades físicas, ela já foi eleita como a mais divertida do grupo pelo professor e diz que o segredo está em fazer questão de cumprimentar as pessoas e conversar: “Está na cara da gente, como a gente se apresenta. Tu tens que cativar as pessoas”.

UMA VIDA DE ALTOS E BAIXOS

A energia e o bom humor já eram características da dona Marlene no passado, mas os momentos de felicidade costumavam contrastar com períodos bem difíceis.
Marlene lembra com carinho dos tempos de infância no Vale Direito, hoje pertencente a Morro Reuter. Ela conta que percorria a distância da chácara onde morava até o centro de Dois Irmãos a pé e muitas vezes descalça. Já na cidade, a vó de uma das amigas que a acompanhava costumava recebê-las com água quente para lavar os pés sujos e gelados antes de seguirem para o colégio. “A gente era pobre, mas feliz”, afirma.

Aos 18 anos, Marlene casou-se com Avelino Schneider e, junto da família do marido, passou a trabalhar na produção de schmier: “Chegávamos a produzir 350kg por semana!”. Com a venda da produção, o casal construiu a casa onde dona Marlene mora atualmente, no bairro Industrial, em Dois Irmãos. Mas a boa fase seria interrompida quando o marido sofreu um acidente que o impossibilitou de continuar trabalhando.
A solução para o problema financeiro veio com a abertura de um bar. Os pães caseiros da dona Marlene fizeram sucesso sendo vendidos como torradas e sanduíches e o bar virou ponto de encontro na região nos anos 90. Do bar, veio a creche que dona Marlene ajudou a filha administrar. E em 2008, dona Marlene ficou viúva.

Marlene e o marido no antigo bar da família

Os dois cânceres que Marlene teve, a partir de 2020, consolidaram a filosofia de vida que ela desenvolveu ao longo dos anos de dificuldades. “50% da responsabilidade é da cabeça”, ela diz ao explicar a boa resposta aos tratamentos. Segundo dona Marlene, para a cabeça se manter boa, não se pode parar: “Se ficar parado, a gente morre!” grita enquanto sai correndo para ver a rosca que está no forno. Na volta, exibe os biscoitos num pote, preparados no dia anterior: “Meu hobby é trabalho, é ajudar.”

 

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