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Região

64 anos de Dois Irmãos: Edinho preside a Câmara que leva o nome do seu pai

10/09/2023 - 08h50min

Ederson e parte da equipe da Câmara de Vereadores do município

Mandato tem sido de crescimento pessoal e político, diz vereador

Por Nicole Pandolfo

Um dos vereadores mais votados da última eleição, Ederson Arantes Bueno (MDB), o Edinho, 33 anos, atribui à equipe que o acompanha a experiência positiva frente a Câmara que leva o nome do seu falecido pai, Veronez Antônio de Almeida Bueno. Aliás, é dele que vem a maior parte da inspiração política: “Meu pai sempre me incentivou a ter um senso de liderança”. Edinho relembra com carinho a campanha política de 2004, quando seu pai foi candidato a prefeito em Dois Irmãos: “Eu tinha 12 anos e participava ativamente, ia pra rua com bandeira, achava muito legal.”

Professor de música desde os 17 anos, ainda hoje Edinho concilia a política com apresentações em bares da região. Mas o tempo dedicado à música pode estar com as horas contadas. A preparação para as eleições 2024 já iniciaram e ele garante que será candidato. Quando questionado sobre o cargo, “vereador”, responde. “Provavelmente”.

Edinho com o pai Veronez

QUAL FOI O SEU PRINCIPAL OBJETIVO NESTE PERÍODO

Edinho: Tentamos deixar a Câmara o mais independente do Executivo possível. Mas também sem deixar de dar suporte à Prefeitura nos projetos que são relevantes para o município.

Destaco que tivemos muitos projetos na área de educação, também trouxemos algumas verbas importantes para a saúde. Inclusive, com verba da Câmara de Vereadores, está sendo organizado um mutirão, pelo qual serão feitas por volta de 120 cirurgias de média e alta complexidade. A mobilidade urbana também foi muito trabalhada, inclusive temos uma Comissão Especial destinada a esses trabalhos.

Ederson entrou para a vida pública em 2016

E AS PRINCIPAIS DIFICULDADES NA POSIÇÃO DE LÍDER DA CÂMARA?

Uma das grandes dificuldades do trabalho como representante do povo, fazendo o elo entre a comunidade e o Poder Executivo e as nossas referências fora do município, é a burocracia. Em alguns casos se tem pouca resolutividade, mesmo que tu insistas muito.

Alguns trâmites na área da saúde, por exemplo: nossa traumatologia é referenciada em Canoas que atende mais de 150 municípios. Recebemos de três a quatro vagas de cirurgia por mês, temos uma fila de espera de mais de 200 pacientes. Se tu não vais na Defensoria Pública, não consegues uma liminar do juiz, o paciente fica, às vezes, esperando até cinco anos por uma cirurgia.

Essa parte é um pouco frustrante. Por mais que tu te esforce muito, fique em cima, pressione, entre em contato com os hospitais, não é sempre que se consegue resolver.

A QUE VOCÊ ATRIBUI O SUCESSO NA SUA ÚLTIMA ELEIÇÃO COMPARADO COM A ANTERIOR NA QUAL VOCÊ NÃO SE ELEGEU?

Não deixar para última hora. Comecei a fazer campanha quatro anos antes. Estive bem envolvido politicamente em outro município, onde fazia parte de um partido do qual não faço mais hoje.

Aprendi muito em casa com o meu pai e quando decidi que ingressaria na vida pública, me tornaria pré-candidato a vereador, comecei a estudar bastante o meio. Fiz muito curso de mentoria que entregava resultados significativos, às vezes mais que algumas cadeiras da faculdade de Ciências Políticas.

Fui fazendo contatos, captando pilares, principalmente do meu reduto eleitoral, meu bairro onde eu era mais conhecido (São João). Montei uma equipe e consegui vários cabos eleitorais que trabalhavam de forma não monetizada, mas por amor a camisa.

Defini uma linha de trabalho que fosse de acordo com a minha ideologia e a do grupo. E também contei com um apoio grande de pessoas que já apoiavam o meu pai.

COMO VEREADOR, POR QUAL PROJETO SEU VOCÊ TEM MAIS APREÇO?

Tem vários, mas eu vejo duas obras importantíssimas no Município que eu acredito que têm que sair do papel e eu tenho brigado muito pra que isso aconteça. Uma é a ponte nova ao lado da Ponte de Pedra, há uma cobrança muito forte dos moradores do bairro. O projeto já está em fase de licitação, foi aprovado um empréstimo de R$ 10 milhões.

Outro projeto que nós temos feito o maior esforço possível para que se desenvolva, é o da construção da escola no bairro União, com capacidade para 820 alunos. A gente já não constrói uma desde a época do Juarez Stein, quando ele era prefeito. Viemos na contramão do Estado. É uma obra importante, vai ser uma escola de primeiro mundo. Esses dois são importantíssimos em termos estruturais.

Agora, temos outros projetos de leis que alteram legislações que eu julgo importantes, por exemplo, a mudança no Código de Obras. Desde 78 ele sofreu algumas atualizações mas ainda é bem quadrado. Com a alteração a gente visa justamente desburocratizar a legislação e facilitar um pouco a vida das pessoas.

COMO VOCÊ VÊ O FUTURO DE DOIS IRMÃOS?

Temos que continuar nos preocupando com a estruturação, principalmente com a questão da mobilidade urbana. A nossa cidade, em território, é pequena. A população, apesar de o senso dizer que não, eu acredito que ela vem crescendo sim, então esse ponto tem que ser muito bem planejado.

E também a gente não pode deixar de se preocupar com os principais pontos, referentes a saúde. Todas as nossas regiões têm Unidade Básica de Saúde. Então, a médio prazo podemos pensar na qualificação do profissional e em ter profissionais suficientes pra atender a demanda, principalmente aumentar o número de especialidades.

Na educação ainda é preciso melhorar a estrutura. A educação aqui é muito boa, mas como sistema político, na minha opinião, deveríamos pensar numa reforma didático pedagógica no ensino. Nós ainda vivemos no tempo da decoreba, dos anos 90. Com a inserção da tecnologia e um novo projeto bem estruturado, a gente consegue fazer com que o aluno volte a ter interesse no estudo.

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