Alta incidência de faltas a consultas do SUS prejudica quem realmente precisa do sistema em Dois Irmãos

“A consulta em que você falta, faz falta para alguém” – A frase estampa cartazes nas UBSs para conscientizar os faltosos de consultas do SUS

Por Nicole Pandolfo

Dois Irmãos – Mesmo com a campanha de conscientização em curso desde 2018, o número de pacientes que faltam às consultas agendadas pelo Sistema Único de Saúde no município impressiona. Nas 9 Unidades Básicas de Saúde do Município, no período de janeiro a março deste ano, a porcentagem de faltas em relação às consultas agendadas com médicos varia de 5,6% (Navegantes) a 11,3% (Vale Verde). O painel com o número de faltas atualizado mensalmente pelas unidades não parece mais coibir o péssimo hábito dos pacientes: “A gente observou que, depois da pandemia, a placa não deu mais efeito. Não choca mais”, disse Anelise Steffen, enfermeira da secretaria de saúde.

Número de faltas acumulado em abril no Posto do Centro no dia 22 era de 239

Descaso

Segundo a secretaria, a incidência de faltas ocorre mais nas especialidades em que o período entre o agendamento e a consulta é mais extenso. É o caso da odontologia, por exemplo, cujo atendimento pode levar até dois meses de espera: “O paciente agenda, esquece ou resolve o problema em outro lugar”, relata Ismael Fabrício Nervo, secretário de Saúde.

Seja qual for o motivo das faltas, a prática prejudica o sistema de saúde atrasando consultas de quem realmente precisa de atendimento. Algumas Unidades possuem um sistema de aviso prévio que envia aos pacientes um alerta sobre a data e horário da consulta, mas a prática não foi implementada em todas as UBSs: “Mesmo assim, a quantidade de faltosos ainda é grande”, constata, Anelise.

Como funcionam as Unidades

Para evitar driblar o efeito negativo das faltas, as Unidades procuram aproveitar “espaço vazio” fazendo encaixes. Entenda como são administrados os atendimentos: Das 8 horas de funcionamento, 40% do atendimento é destinado ao acolhimento, ou seja, atende-se o paciente que não possui um pré-agendamento. “O cidadão passa pelo acolhimento da equipe de enfermagem. A enfermagem, havendo necessidade de atendimento imediato com o médico, faz um encaixe na agenda e se não houver a urgência, é remanejado par uma agenda posterior, conforme a situação de cada paciente”, explicou o secretário Ismael. Os outros 60% são destinados às consultas eletivas.

Conforme explica Anelise Steffen, dependendo da queixa do paciente, não necessariamente é gerada uma consulta médica: “Pode ser que o enfermeiro consiga resolver o seu problema, prescreva exames. Isso é uma coisa que a gente está trabalhando com a comunidade que sempre quer a consulta médica, mas o enfermeiro tem protocolos que pode seguir e possui habilitação para isso.”