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AVENTURA EM FAMÍLIA: Casal e três filhas de Presidente Lucena viajam e conhecem paisagens deslumbrantes
Presidente Lucena – O casal Gabriel e Morgana Graeff, junto com suas filhas Lara 11, Pietra 8 e Aurora 3 embarcaram para uma aventura no final de dezembro, ficando cerca 30 dias na estrada. A ideia surgiu a partir de um trabalho de escola (sobre vulcão) na pandemia.
Com a curiosidade das filhas despertada, a família buscou mais informações e organizou a expedição e conheceram vários lugares, com paisagens impressionantes, passando pelo litoral do Uruguai (Punta del Este, Punta del Diablo, Montevidéu e Colônia). Ingressaram na Argentina e desceram pela Ruta 3: conheceram Buenos Aires, a Villa Epecuén, a Pinguineira em Punta Tombo, assim como puderam ver de perto os leões marinhos na cidade de Caleta Oliva e foram até o Ushuaia.
“Ao longo do caminho encontramos muitos guanacos, ovelhas, emas, gado, diferentes plantações. Agora estão retornando e seguem pela Ruta 40 para conhecer as Torres del Paine, Glaciar Perito Moreno, fazer parte da Carretera Austral, conhecer as Capilas de Marmol, Bariloche, Mendoza e os Caracoles no Chile”, relatam
FORAM 12.200 KM RODADOS
Foram 20 dias na estrada, mais de 12.200 km rodados, 26 aduanas/fronteiras (entre saídas e entradas), partimos de Presidente Lucena, passando pelo Uruguai, Argentina e Chile chegou ao fim nossa expedição. Foram 8 noites dormindo em posto de combustível, 6 noites em camping, 3 noites em quarto de família no Ushuaia, 1 noite em quarto de família no Chile. O fato de pernoitar com as famílias enriqueceu ainda mais a vivência, pois puderam ver de perto a rotina, organização e cultura dos lugares.
VILAREJOS FANTÁSTICOS
A família conheceu vários brasileiros no caminho, e alguns brasileiros que hoje residem em cidades da Argentina e Chile. “Fomos bem recebidos e tratados por todos. Ao longo da aventura foram inúmeras paisagens belíssimas, diferentes costumes e culturas, outra língua para aprender (algumas palavras ao menos), desafios para superar, poder ver de perto vários animais em seu habitat natural é fantástico. Vilarejos verdes que se destacam nos vales entre montanhas desertas. Conhecer as histórias de alguns lugares como a Villa Epecuén (Esse pequeno balneário, que fica a 520 quilômetros de Buenos Aires, no passado foi um dos destinos mais visitados da Argentina”, enfatiza o casal.
Em novembro de 1985, uma mudança climática rara fez com que chovesse mais do que o habitual na região e uma barragem que protegia a cidade explodiu. Devido à falta de drenagem, o volume de água do Lago começou a crescer rapidamente e foi se tornando Inabitável. O Lago Epecuén tem um nível de sal tão alto que perde apenas para o Mar Morto, em Israel, chegando a ser dez vezes maior do que qualquer oceano. Em 1993, a água havia subido 10 metros e o vilarejo foi completamente destruído. Ninguém morreu com a inundação, os moradores tiveram apenas alguns dias para levar o que foi necessário e abandonar suas casas às pressas.
Quase 25 anos depois, em 2009, as águas começaram a baixar e o que restou de Villa Epecuén começou a aparecer. Hoje, após o recuo das águas, só sobraram ruínas. O cenário encontrado é de árvores secas/mortas, escombros de casas, hotéis, comércios). Outra questão que chamou muita atenção no trajeto até o Ushuaia, na Tierra del Fuego foram as árvores/bosques destruídos pelos castores. “É impactante esse cenário e fomos pesquisar mais sobre, pois como um animal desse porte faria tamanha destruição”, destacam.
Em 1946, o governo desejava criar uma indústria para a comercialização de pele e o exercício Argentino trouxe 10 casais de castores canadenses. Mais de 70 anos depois, ficou claro que o ecossistema da região não foi feito para abrigar esses animais. As represas construídas pelos castores desviam rios e substituem água corrente por água parada, alterando o tipo de vida selvagem capaz de prosperar na região. As árvores da região acabam morrendo, parecendo uma floresta fantasma. Ao contrário da América do Norte, que abriga castores e lobos, a ilha da Tierra del Fuego possui poucos predadores naturais que caçam castores. Com acesso a amplas florestas e estepes as quais podem colonizar sem medo, os castores se multiplicaram e se dispersaram rapidamente.
Houve todo um estudo e trabalho para buscar a melhor solução na última década,mas não foram encontradas informações recentes se isso se efetivou. A ideia era eliminar/matar todos ou a maioria dos animais para salvar e recuperar o ecossistema. Certamente foi uma ideia que gerou discussões. Nas últimas informações que li não estavam mais contabilizando, mas acreditavam que passava de 110 mil animais que estavam vivendo na Tierra del Fuego).
LAGOS E MONTANHAS NEVADAS
Fazer algumas trilhas, apreciar lagos e montanhas nevadas, pisar, tocar e brincar na neve pela primeira vez foram momentos únicos (Glaciar Martial). Conheceram vários Parques Nacionais, um deles foi o Glaciar Perito Moreno (Se estende desde o campo de gelo Patagônico Sul, na fronteira entre Argentina e Chile, até o braço sul do lago Argentino, possuindo cinco quilômetros de largura e 60 metros de altura. O glaciar é considerado uma das reservas de água doce mais importantes do mundo).
A trilha é toda por plataformas. Logo foi visualizado um grande bloco de gelo, a cada passo dado mais encantos com a natureza ao longo da trilha. “É impressionante a beleza do glaciar, sua imensidão e grandiosidade. Escutamos vários blocos de gelo caindo em diferentes pontos do glaciar (espetáculo natural mais esperado para quem visita, especialmente no verão). Observamos que na parte bem baixa o azul do gelo chega a ser bem escuro, demonstrando ser gelo bem compactado e antigo. As fissuras no glaciar também são de impressionar”, enfatizam.
Também foi visitada o Torres del Paine, que é considerado um dos parques mais impressionantes do sul do Chile. Tem uma área de aproximadamente 242.000 hectares, na qual se encontra a cadeia montanhosa del Paine, com as mundialmente famosas Torres del Paine e os não menos conhecidos Cuernos del Paine. Em 2012 houve um incêndio que queimou até 33 mil hectares do parque, queimando a maior parte das árvores. Lagos, rios, cascatas e glaciares estão em perfeita harmonia, com paisagens e belezas surreais. Foi feita uma breve trilha até a Cascata Salto Grande, cuja cor da água, o conjunto visual da queda, do rio, das montanhas são de uma perfeição inexplicável. Outro ponto são os ventos extremamente fortes, em toda a Patagônia na verdade, mas ali eram ainda mais fortes.
Na sequência a viagem foi para a cidade de El Chaltén para conhecer o Monte Fitz Roy, com sua altitude relativamente modesta de 3375 metros, é uma montanha localizada na fronteira do Chile com a Argentina na região da Patagônia. O céu estava meio nublado, mas o trajeto até lá é belíssimo. Chegando mais próximo, as nuvens acabaram se intensificando e as montanhas ficaram bem encobertas e infelizmente não foi possível ver o Monte Fitz Roy, assim como fazer as trilhas.
Foi percorrido parte da Carretera Austral (de Chile Chico até Futaleufú) no trajeto, mais paisagens de tirar o fôlego, pararam na cidadezinha de Puerto Rio Tranquilo para fazer um passeio de barco para conhecer as Capelas de Mármore, compostas por três formações calcárias, destacam-se pela beleza de suas colunas e pelo azul intenso das águas que as protegem.
A Catedral, a Capela e a Caverna, esculpida nas margens ao longo de milênios pelo vento e pelo Lago General Carrera, impressionam os visitantes com as formações e beleza única. Continuando ainda pela Carretera foram conhecer o Parque Nacional Queulat onde fica o Ventisquero Colgante (o nome quer dizer glaciar pendente) uma geleira a mais de 1200 metros de altura e quase 20 quilômetros de extensão, de onde sai uma cachoeira.
INDO CONHECER UM VULCÃO
Avançando até Bariloche onde passaram pelo Circuito Chico e seguimos pela Ruta dos Siete Lagos com seus bosques e lagos charmosos. O último passeio realizado foi para foi conhecer o vulcão Lanín (fica na fronteira entre a Argentina e o Chile) bem de perto, foi o vulcão que motivou em 2020 a fazer a pesquisa deste roteiro.
“Toda a experiência foi incrível, cada lugar com suas belezas únicas já deixam saudades. Somos gratos por poder fazer esta viagem e oportunizar essa vivência para nossas filhas. Lara (11 anos) relata que só não gostou dos mosquitos que tinha no Uruguai (na hora de dormir) e das partes de estrada de chão”, assinalam.
Os seus passeios favoritos foram as Torres del Paine e a Villa Epecuén. Pietra (9 anos) também não gostou dos mosquitos e olhar os muitos pinguins de perto foi o que mais marcou. Já Aurora (3 anos) não gostou do vento forte (na trilha Salto Grande/Torres del Paine). Ela cita que chorou pois o vento ia levar ela embora de tão forte. Quando questionada sobre o que gostou: ‘Amei a cidade abandonada, a neve, o camping, a Bárbara (conheceu no posto) e a Olívia (camping) são minhas amigas, dormi no carro”, observou.
PLANOS PARA O FUTURO
Há ainda planos para expedições futuras no Brasil e de voltar para explorar mais a região da Patagônia Argentina e Chilena. A opção foi em deixar de fora a parte dos Caracoles e Mendoza (que estava prevista) e isto será incluindo na expedição da parte norte da Argentina, juntamente com o Atacama.
Finalizando, afirmam: “Para desbravar os diferentes lugares não precisa de muito, basta vontade, disposição e um pouco de coragem. Nosso carro é comum e de tamanho moderado, conseguimos organizar as coisas de forma prática e no final ainda vimos que nem precisava tanta coisa (isso que já levamos somente o necessário e básico). As coisas se ajeitam ao longo do caminho. Muito se ouve: quando trocar de carro, quando comprar isso ou aquilo, quando juntar tal quantia (o gasto da aventura depende da organização de cada um, nós gastamos pouco em 20 dias e 5 pessoas), mas na verdade não precisa, adapta o que se tem hoje e vai. Precisamos aproveitar mais as coisas e os momentos da vida, colecionar memórias. Quando formos velhos, não vamos lembrar dos bens materiais, das roupas que usamos. Vamos lembrar dos momentos que fizeram nos sentir sentir vivos”.