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Conheça o restaurante que ficou sem luz, sem telefone, sem internet, e libera mais de 100 clientes sem cobrar a conta: sabe quantos pagaram no dia seguinte?

11/10/2025 - 18h40min

Clientes anotaram seus telefones na comanda para pagarem no dia seguinte, via WhatsApp

Mauri M.T.Dandel

Morro Reuter – Já pensou você ter um restaurante, ficar sem luz, sem sinal de telefone e sem internet e não conseguir cobrar a conta de mais de 100 clientes? Prejuízo superior a R$ 10 mil, certo?

Qual a saída para algo assim? Foi o que aconteceu com o Restaurante Picada São Paulo.

No último domingo, 5, em uma parceria entre o Restaurante Picada São Paulo, Mexicana Custom e o grupo Irmandade Escuderia GSX750F – RS, ocorreu o 7º Encontro Gaúcho de GSXF. O evento reuniu motociclistas de todo Estado, com integrantes vindos dos municípios de Lajeado, Cruz Alta, Encantado, Marau, Guaporé e Teutônia, além de motociclistas residentes no estado de Santa Catarina.

Mas, faltou luz. E a luz não voltou. E o problema é que no local não tem sinal de telefone, só a 150m dali. E sem luz, não tem internet. Então, como cobrar as contas de quem almoçou e quer pagar no cartão ou Pix?

Veja qual a saída encontrada pelo restaurante

Um fato inusitado aconteceu no domingo, 5, em um restaurante da Picada São Paulo. Cerca da metade dos clientes teve que sair sem pagar a conta, porque não tinha luz e nem sinal de celular para fazer Pix ou passar o cartão de crédito. A saída? Anotar o valor, o nome e o telefone dos clientes na comanda e liberá-los para, ao longo da semana, tentar fazer a cobrança dos almoços via telefone.
Seria algo impensável no “país do jeitinho brasileiro”, liberar mais de 100 clientes sem pagar a conta, confiando que o fariam posteriormente, mas, foi o que aconteceu ao longo da semana, pois 100% deles pagou a conta.

PICADA SÃO PAULO
O caso inusitado ocorreu no Restaurante Picada São Paulo, que atende diariamente na BR-116 na localidade do mesmo nome e, em domingos, serve espeto corrido na mesa. Por isso, é muito procurado por moradores da região e turistas. Também por isso, o restaurante foi escolhido por um grupo de motociclistas como local de almoço para centenas deles, que vieram de várias partes do Estado.

PROBLEMA
O problema começou justamente na hora do almoço, pois o restaurante acabou ficando sem energia elétrica. Como o almoço é servido na mesa, tudo transcorreu normalmente e todos foram bem atedidos, tanto do grupo de motociclistas, como clientes em geral.
Mas, na hora de pagar a conta, como a energia elétrica não tinha voltado, ainda, e como o sinal de telefone no local é precário, não havia como “passar cartão” e nem receber por Pix. Dessa forma, a direção do restaurante anotou o valor, o nome e o telefone dos clientes na comanda e liberou os clientes para retornarem às suas casas e cidades de origem, para, ao longo da semana, tentar fazer a cobrança dos almoços via telefone.

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Um encontro que reuniu 200 motociclistas do Estado inteiro

*No último domingo, 5, em uma parceria entre o Restaurante Picada São Paulo, Mexicana Custom e o grupo Irmandade Escuderia GSX750F – RS, ocorreu o 7º Encontro Gaúcho de GSXF.
*O evento reuniu motociclistas de todo Estado, com integrantes vindos dos municípios de Lajeado, Cruz Alta, Encantado, Marau, Guaporé e Teutônia, além de motociclistas residentes no estado de Santa Catarina.
*O grupo se reuniu e saiu do Posto Sapatão, com chegada ao pátio do restaurante por volta das 10h45, sendo mais de 200 motocicletas.
*O almoço foi realizado no Restaurante Picada São Paulo e, antes de iniciar o atendimento, haviam mais de 120 reservas. Por volta das 11h30, o primeiro grupo de motociclistas se acomodou para almoçar e, por volta das 11h45, quando a comida ainda estava sendo servida nas mesas, houve uma queda de luz. Nesse momento, tinha-se a ideia de que seria algo rápido, de maneira que o atendimento prosseguiu.
*No entanto, em contato com a RGE, a previsão de retorno da energia elétrica era para o final da tarde. Frise-se: para contatar a RGE, a direção do restaurante teve que andar cerca de 150m a fim de conseguir sinal de telefone, pois no local o sinal é precário (ou inexistente).
*O restaurante seguiu o atendimento (entenda aqui), conseguindo atender a todas as reservas e demais clientes que chegaram. Mas, devido a falta de energia elétrica e a ausência de sinal telefônico, não havia maneiras de viabilizar o pagamento dos almoços.
-Então, a única opção encontrada foi anotar o nome e telefone dos clientes e esperar para que pagassem quando saíssem do estabelecimento.
-Na mesma noite, mais de 50% dos clientes já havia realizado o pagamento via PIX e, ao longo da semana, todas as comandas foram pagas.

Restaurante Picada São Paulo

EDITORIAL

Um fato atípico que nos faz manter a fé no brasileiro

Imagina servir mais de 200 almoços, por exemplo, e deixar mais de 100 pessoas saírem sem pagar, depois de almoçarem e consumirem bebidas. E tudo isso aconteceu em um domingo, onde o almoço tem mais variedade e, por ser servido na mesa, tem um valor maior do que durante a semana.
Agora, então, imagina anotar apenas o telefone, sem pegar documento e confiar nesta anotação feita a caneta para receber o valor ao longo da semana! Você faria isso? Faça um cálculo de valor aproximado, para “ver” – mais ou menos – de quantos mil reais estamos falando!
Pois é, seria algo impensável no Brasil de tanta roubalheira, corrupção e escândalos, pois a TV diariamente mostra comportamentos e fatos que derrubam a capacidade de confiar no ser humano. Sim, a grande mídia com suas novelas e telejornais faz questão de mostrar que “o Brasil do brasileiro, é o Brasil do jeitinho, o país de levar vantagem e se dar bem as custas dos outros”. Não é verdade? E você, o que teria feito, se o restaurante fosse teu?
Mas, acredite, não foi o que aconteceu no Restaurante Picada São Paulo. Não teve jeitinho brasileiro, todos os clientes, onde a imensa maioria era do grupo Irmandade Escuderia GSX750F saiu de lá sem pagar, mas pagou!
Eu pergunto: se fosse em outro lugar do país (ou aqui mesmo ou no exterior), se fosse com outras pessoas, será que as pessoas iriam dar o telefone correto para o restaurante? No país onde as pessoas fogem das ligações do banco cobrando conta, o que esperar?
Pois é, se é “normal” ou corriqueiro um restaurante liberar as pessoas sem cobrar, eu não sei, mas confesso que na minha santa ignorância nunca tinha visto. É claro que aqui no interior a gente vende fiado, a gente empresa dinheiro e faz favor não remunerado ao vizinho, é comum, é da nossa tradição, mas, digamos, “vender fiado” para quem nunca vimos na vida, ainda mais sendo de cidades distantes, não é “normal”.
Anota aí: 100% dos clientes – que, em teoria, saíram sem pagar devido aos problemas que relatamos– passaram o número correto de telefone e, ao longo da semana, quitaram a sua conta. A grande maioria, aliás, cerca de 50%, já pagou a conta via Pix na mesma noite de domingo. Então, nossos parabéns ao Restaurante Picada São Paulo, ao Turismo de Morro Reuter, ao grupo Irmandade Escuderia e a todos os clientes que nos passaram, com esta história curiosa, a sensação de que o Brasil tem jeito. Meus parabéns!

Texto: Mauri Marcelo ToniDandel

 

ENTENDA O DRAMA EM 5 PARTES
1- Grupo de motociclistas combinou almoço no restaurante e se reuniu no local.
2- Próximo ao meio-dia, faltou luz, mas o almoço foi servido normalmente. Mas, na hora de pagar, começou o problema.
3- No local não há sinal de telefone, somente próximo a Sociedade São Paulo, a cerca de 150m, de onde foi possível telefonar para a RGE.
4- Sem luz e sem sinal de telefone, a única maneira encontrada foi confiar nos clientes e anotar o número de Whats para contatar ao longo da semana e cobrar a conta.
5- No final do domingo, a direção do restaurante fez contato com os clientes via WhatsApp. 50% dos clientes já pagaram a conta na mesma noite e o restante pagou nos dois dias seguintes, totalizando, 100%.

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