Devido ao excesso de álcool no sangue, motorista não sentiu os efeitos de uma pistola elétrica em Estância Velha

Reincidência de motoristas bêbados expõe risco constante nas ruas de Estância Velha

Geison Concencia

Se um carro em zigue-zague já é preocupante, imagine quando o condutor sequer sente o choque de uma pistola elétrica. Foi isso que aconteceu em Estância Velha na última sexta-feira (18), em um dos episódios mais alarmantes da recente sequência de motoristas flagrados sob forte efeito de álcool. O homem, com 1,01 mg de álcool por litro de ar expelido – o triplo do limite que configura crime de trânsito –, precisou ser contido fisicamente após tentar agredir guardas e ameaçá-los de morte, mesmo após ser imobilizado com equipamento de choque. “Mesmo utilizando o dispositivo eletrônico incapacitante, popularmente conhecido como pistola elétrica, o indivíduo nada sentiu, tamanha a situação alcoólica que estava. Foi necessário uso pessoal da força para poder conter o agressor e proceder os procedimentos necessários”, relatou o comandante da Guarda Municipal, Eder Castro.

O episódio, embora chocante, não é isolado. Em menos de sete dias, ao menos quatro motoristas embriagados foram flagrados pela Guarda Civil Municipal em diferentes pontos da cidade. Três acabaram presos em flagrante. Em todos os casos, os sintomas são os mesmos: olhos vermelhos, fala arrastada, desequilíbrio e níveis altíssimos de álcool no sangue. Em um dos flagrantes, o bafômetro acusou 1,13 mg de álcool por litro de ar.

Conforme o Subcomandante da GCM, Carlos Lamadril, preocupa os casos de crimes de embriaguez ao volante constatados nessa semana. “Em menos de uma semana, tivemos quatro casos, três deles com prisão em flagrante. As pessoas precisam se conscientizar de que com esse índice de álcool no corpo, o motorista perde a noção e controle das próprias ações, colocando em risco a vida das demais pessoas.”

A reincidência e a escalada de gravidade nos casos preocupam não apenas a Guarda, mas toda a estrutura de segurança pública da cidade. “O limite para virar crime de trânsito por embriaguez no país é de 0,33 mg por litro de ar, a partir disso o condutor é preso. No caso deste motorista, ele apresentava um índice muito acima do limite. Neste caso, o indivíduo não tem mais noção das suas ações e não controla mais o que faz, ele é um risco enorme para sociedade estando na direção de um veículo,” afirmou o Secretário de Segurança Pública de Estância Velha, Oséias Vieira.

Em outra ocorrência de sexta-feira, no bairro Campo Grande, o motorista embriagado destruiu a cerca de um curtume desativado e invadiu o pátio após uma sequência de ultrapassagens perigosas. Mesmo preso e algemado dentro da viatura, tentou fugir e agredir os agentes com pontapés e mordidas. Também ameaçou a equipe: “passou a ameaçar a equipe de que se vingaria depois, inclusive envenenando-os.”

Eder também relatou o trabalho dos agentes para conter o infrator e destacou o número crescente de casos: “É preciso saber os limites para preservar a vida alheia. E se esse condutor de hoje, com 1,01 mg de álcool, atropela ou colide em uma família, imagine a tragédia que poderíamos ter na cidade por uma imprudência gigante.”

Rotina perigosa

O comando da corporação teme que a banalização desses atos resulte em tragédias. A população pode denunciar casos suspeitos à Guarda Civil Municipal pelos telefones (51) 3561-9278 ou 153. O serviço funciona 24 horas por dia.

O subcomandante também orienta que a população acione a Guarda Municipal sempre que for preciso, denunciando os casos de abusos, sejam eles quais forem. “A comunidade pode nos acionar 24 horas por dia, todos os dias da semana, pelos telefones 51 35619278 ou 153.”

Perigo constante, punição insuficiente

Com registros cada vez mais frequentes, os casos de motoristas embriagados desafiam os limites da fiscalização e da legislação. E enquanto as consequências recaem, muitas vezes, apenas sobre o patrimônio e a segurança dos agentes públicos, o risco para a sociedade segue rondando – e crescendo – a cada novo gole tomado sem responsabilidade.