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Diário Rural: Eucalipto cheiroso é cultivado há 30 anos por Robertinho Ozaki e Família

03/01/2025 - 10h17min

O foco do produtor rural é no eucalipto ornamental  (Crédito: Cândido Nascimento)

Roberto foi um dekassegui e chegou a morar e trabalhar no Japão

Por
Cândido Nascimento

Ivoti – Viver em um lugar sem muros, onde a natureza é preservada e a vida prossegue dentro de um ritmo de paz e tranquilidade é algo que está dentro do coração de Roberto Ozaki, 60 anos, ou simplesmente “Robertinho”, como ele é mais conhecido devido à sua pequena estatura. Construir cercas e muros é como perder o encanto, entende ele. O pai, Tadahiro Ozaki, veio do Japão e conheceu a esposa, Yasue, no Brasil. O casal teve 10 filhos, tendo vindo primeiro a Viamão e depois para Ivoti, na década de 1960. Roberto é o terceiro mais velho.

TEMPOS DIFÍCEIS

A família passou por algumas situações difíceis em Ivoti, tendo inciado com a criação de frangos, depois migrando para produção de uvas, hidroponia (hortaliças) e eucalipto ornamental (cheiroso). Entretanto, um temporal destruiu tudo na Colônia Japonesa de Ivoti na década de 1970, entre estas propriedades, foi atingido o galpão da família Ozaki que perdeu quase tudo com a queda do pavilhão de madeira que abrigava as aves.
Roberto relembra que a família perdeu três crianças em um incêndio. Os pais estavam cuidando das plantações e que quando viram o fogo, provavelmente causado por um curto-circuito, já era tarde demais. “Demorou bastante tempo para eles se recuperarem dessa tragédia”, explica Roberto. Desde cedo ele ajudava os pais nos serviços da roça, no turno oposto ao das aulas. Durante o incêndio, ele lembra que estava na escola, a Mathias Schütz, que funcionava onde hoje é o posto de saúde do centro.
Depois de perder o aviário veio a ideia de iniciar com a produção de uvas, e anos mais tarde veio o eucalipto ornamental, cuja produção se mantém até hoje. Com o excesso de chuvas, a propriedade teve perdas, pois as raízes das plantas apodreceram. Além do eucalipto são cultivadas a Pittosporum e Aspidistra. A venda é feita a floricultores parceiros da colônia e de Dois irmãos.

PERÍODO DEKASSEGUI

Houve uma época que Roberto foi para morar no Japão para trabalhar em uma empresa de autopeças, sendo um dekassegui, que são as pessoas de origem japonesa que voltaram ao país de origem dos pais para trabalhar lá e ganhar dinheiro. Segundo o produtor, o salário era muito bom na época (entre 5 e 7 salários) e ele ficou pro 10 anos no Japão, enviando dinheiro para casa, e voltando em 1999, quando os pais já estavam idosos. Ele perdeu o pai em 2022 aos 74 anos, e a mãe em 2012, aos 76 anos.
Um dos irmãos, Ivoti, começou a produção de verduras no sistema de hidroponia, onde as mudas são cultivadas em canos. Outros produtores de Ivoti praticavam a hidroponia, na ápoca, entre eles o Orita, Tanaka e o Ricardo Frota. O cultivo hidropônico tem como base uma prática que não usa terra, sendo esta substituída por uma solução de água enriquecida com nutrientes, entre outras alternativas. Logo depois da volta de Roberto ao Brasil, Ivo retornou ao Japão, onde mora até hoje com a família. Também a irmã Megumi reside no Japão.
Ele já plantou melão rede, rúcula, radite, alface, pepino salada, ervilha, repolho e brócolis. Contudo, atualmente, a produção está focada nas plantas ornamentais. A hidroponia funcionou até 2019, e depois todo o foco foi para as plantas ornamentais, sendo o eucalipto cheiroso o carro-chefe das vendas. “Continuei o que o meu pai já fazia, e o bonito de tudo é que não precisa usar defensivos, o eucalipto é decorativo e pode ser usado na sala e até no banheiro por ser cheiroso”, destaca o produtor.

FAMÍLIA/CONTINUIDADE

Logo depois que voltou ao Brasil, Roberto casou com Arita. O casal tem os filhos gêmeos Anderson e Leila, de 23 anos. Eles são avós de Lucy, de três anos, filha de Leila.
A expectativa é que o filho queira dar continuidade ao trabalho na Colônia japonesa, apesar de trabalhar fora atualmente. A ideia da sucessão familiar é que os descendentes continuem o trabalho desenvolvidos pelos antepassados, conclui Ozaki.

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