Região
Diretor da SV Engenharia diz que Prefeitura de Ivoti autorizou uso de pinus e eucaliptos no pórtico da Colônia Japonesa
Por Geison M. Concencia
Ivoti – Em resposta as acusações de que supostamente teria fraudado a obra no pórtico da Colônia Japonesa, o diretor da empresa SV Engenharia e Serviços LTDA, Paulo Oliveira, conversou com a redação do jornal O Diário na tarde desta segunda-feira (29). Ele apontou a Prefeitura como sendo responsável pela autorização na mudança de material para pinus e eucaliptos, já que, com o orçamento disponível, não teria como executar a obra em madeira Itaúba, dentro das condições especificadas pela Prefeitura.
Ele ressalta que a ex-engenheira, Denise Rodrigues, estava ciente da necessidade de alterações, devido a falhas na elaboração do projeto. Oliveira recorda que a obra inicial tinha uma série de problemas e que seria necessários aditivos. Além disso, destacou que não teria como construir um pórtico de itaúba, com o orçamento disponível.
“Referente ao projeto de Ivoti (Pórtico da Colônia Japonesa), de fato, correto, são pinus, mas a gente não decidiu colocar uma madeira por conta própria. Foi conversado com o primeiro engenheiro que tinha lá. Era o primeiro engenheiro. Ele ficou uns dias e depois passou para outro pessoal, que era aos cuidados de uma secretaria, no caso, da Raiama Trenkel. E a gente participou com eles numa reunião. Temos a data da reunião. Estamos muito bem embasados”.
Integrantes da Prefeitura e da empresa teriam se reunido para combinar e apresentar os ajustes necessários para a realização da obra. “Conversamos com eles sobre as composições do projeto que estava errado, desde as fundações, o tipo de madeira, entre outros itens. O que ficou definido na reunião é o que a gente pode fazer, fazemos. O engenheiro que projetou para a prefeitura fez somente uma fundação, não duas. E daí não tem como prender um pórtico daquele porte com uma fundação, apenas”.
Segundo o diretor da empresa, uma planilha com os valores atualizados, bem como a composição novo material, foi enviado à Prefeitura, como sugestão de adaptação do projeto aos valores disponíveis para investimento. A engenheira teria aprovado e dado parecer favorável ao início das obras.
“Então tudo isso precisava de um aditivo. A gente apresentou a planilha e os custos para eles, e executamos o pórtico, que foi entregue e autorizada a emissão da nota. Nesse período trocou o profissional da engenharia e houve discordâncias entre eles, e não nos pagaram e encaminhamos o assunto para o jurídico”, aponta Oliveira.
Oliveira menciona que a Prefeitura autorizou emissão de nota fiscal, dentro das condições técnicas sugeridas para caber no orçamento, com o consentimento da engenheira, que já não era a mesma. Porém, passados 25 dias, o pagamento não foi efetuado.
Além disso, Oliveira diz que, em nenhum momento, projeto fala de uma madeira específica. “Não existe bitola de diâmetro 65 de madeira itaúba com nove metros de altura. Para esses diâmetros, só existem pinos e eucaliptos. Se fosse o caso, ficaria o dobro do preço e não caberia no orçamento deles”, justifica.
O diretor da SV também destaca que pinus tratados têm durabilidade de 10 anos, o que enquadraria ao projeto, que pede itaúba ou semelhante. “Atendemos tudo que pediram. A garantia é de cinco anos, mas oferecemos mais dois sobre nossa responsabilidade”.
Com relação à finalização da obra, Oliveira confirma a disponibilidade da empresa em voltar ao local para conclusão. Segundo o entendimento do diretor da SV, ocorreram sucessivas trocas de engenheiros. Com a substituição do corpo de profissionais, a última engenheira, Jéssica Moeller, não aceitou a mudanças de componentes da obra.
Diretor explica ocorrência envolvendo polícia
Além do pórtico, a empresa falou sobre as luminárias, em que foi notificada para correção da pintura, que em vez de preto, deveriam estar em vermelho. Em março, o funcionário da SV foi até o local, mas acabou sendo barrado pela Brigada Militar e funcionários da Prefeitura, que suspeitavam se tratar de furto, na época. Quanto ao fato, Oliveira confirma que as cores estavam erradas e atendeu a solicitação de mudança de cor. Para realização dessa mudança, era necessário a retirada das estruturas para um local adaptado, porém, não foi permitido.
Indignado, Oliveira menciona seu descontentamento quanto ao fato de seu funcionário ser barrado enquanto cumpria com sua função. Diante desses fatos, o jurídico da empresa enviou uma notificação à Prefeitura, para a necessidade de pintura das luminárias, algo que não teria sido atendido. Na ocasião, a SV também apontou que o armazenamento das luminárias na Colônia Japonesa, algo que ocorreu durante a operação da BM, acarretaria dano a estrutura. Para ele, a secretária de Turismo, Raiama Trenkel, praticou abuso de autoridade, ao não permitir que as luminárias fossem retiradas.
Prefeitura rebate e diz que não autorizou mudança de material
O Executivo não vai no mesmo discurso da empresa e salienta que não autorizou a troca por material considerado inferior. Em nota, ela diz:
“Após iniciar as obras, a empresa contratada para execução do pórtico da colônia japonesa – EGR, contrato 226/2023 – vinha solicitando aditivo de prazo justificando a dificuldade de encontrar a madeira especificada nas dimensões de projeto, por isso executou a fundação em agosto/2023 e a parte estrutural do pórtico em janeiro/2024. Em 26/fevereiro a empresa foi notificada acerca da exigência da comprovação da madeira de origem florestal e da discrepância das luminárias instaladas. A partir disso, a empresa não fez mais adequações no pórtico, respondendo à notificação dada pelo município que a madeira utilizada foi Garapeira (madeira nobre, similar a contratada, que é Itaúba), e que as luminárias seriam adequadas conforme a notificação. Diante disso, o município contratou um laudo de identificação da espécie da madeira, que confirmou que os pilares são eucalipto e as vigas pinus. Posteriormente a isso, nos enviaram um e-mail com a NF em anexo se retratando, afirmando que a madeira utilizada foi do tipo Pinus.
O Município não pode aceitar que a obra seja realizada com uma madeira totalmente inferior à exigida no Projeto, razão pela qual não realizou o pagamento e está encaminhando a rescisão do contrato e a aplicação de multa e demais penalidades à empresa”.
Email’s abaixo mostram conversas entre empresa e Prefeitura. Segundo SV, eles são justificativas que mostram a ciência do Executivo quanto a alterações na obra.