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Região

DOIS IRMÃOS/MORRO REUTER: motoqueiros transformam a BR-116 em pista de corrida

20/10/2023 - 07h00min

Atualizada em 21/10/2023 - 13h33min

No final de semana passado dois morreram em colisão no Birckenthal (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Os moradores que residem entre as localidades de Picada São Paulo e Birckenthal, no Morro, assim como nos entornos de Dois Irmãos, não sabem mais o que é sossego em finais de semana e feriados.

Motociclistas, com suas máquinas de altas cilindradas, confundem a BR-116 com uma pista de corrida, sendo que lá a velocidade permitida é somente 60 km/h.

É barulho. Velocidade. Perigo – num trecho de Rota Romântica, frequentado por famílias que buscam por tranquilidade para passear em meio aos plátanos, indo e voltando da Serra, com carros, motos, bicicletas e a pé.

DUAS MORTES NA MESMA COLISÃO

No sábado (14) uma colisão matou dois motoqueiros na altura do Birckenthal. Conforme as informações da Polícia Civil, um deles teria feito uma ultrapassagem indevida, acertando o outro. Os dois morreram.

Moradores cobram por mais fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nestes dias de intenso fluxo. Defendem que a falta de presença ostensiva impulsiona a imprudência que ceifa vidas e gera medo – tanto aos que residem no entorno como quem utiliza a via.

A GOTA D’ÁGUA

E o que aconteceu no último final de semana foi a gota d’água. Moradores estão criando um abaixo-assinado, implorando que as autoridades voltem sua atenção para o trecho e tomem providências.

“Transcorrem coisas impossíveis”

Luiz Pitta (Foto: Mauri Marcelo ToniDandel)

Estamos fazendo um abaixo-assinado para ver se reduzimos ou amenizamos os problemas existentes em finais de semana, em área que dá os barulhos das motos, que giram todos estes finais de semana, acusando barulho, mortes, acidentes, dando prejuízo até mesmo para a Prefeitura e município. Porque transcorrem coisas impossíveis, não se pode mais continuar nesta situação”, disse o morador do Birckenthal, Luiz Pitta. Ele explica que o processo de assinaturas está em trâmite e será encaminhado para os órgãos públicos.

“Todos assistem calados a esta chacina”

O morador José Vanderlei Bauer disse que “as mortes continuarão enquanto nada for feito para conter estes motoqueiros que trafegam a 250 km/h. A PRF coíbe cidadãos trabalhadores de bem, diariamente, por trafegar a 70km/h, sem cinto, ou com farol desligado. Enquanto os motoqueiros voam nesta rodovia do jeito que bem entendem. Quando vão acabar com esta chacina?”

Bauer reforça que motoristas e pedestres são colocados em risco todos os fins de semanas “por estes motoqueiros malucos que acham que a BR-116 é uma pista de corrida. Chega! Tá na hora de algo ser feito, não adianta só lamentar por mortes óbvias. Todos assistem calados a esta chacina. Basta, está na hora das autoridades agirem!

Não sabemos mais o que fazer para se cuidar”

Paulo Schaab presenciou o acidente do último sábado. Disse que, pode detalhe, não foi atingido em seu carro. “Não sabemos mais o que fazer para se cuidar. Os carros têm que andar a 60 km/h e as motos simplesmente estão passando dos 200. E o que mais me deixa indignado é as ultrapassagens que fazem dentro das curvas, vindo e enxergando o carro no sentido contrário e ainda ultrapassam dentro da curva. E um destes motivos causou o acidente com duas mortes no sábado de tarde: cara fazendo uma ultrapassagem dentro da curva.”

“ Salientamos nosso compromisso em aumentar a fiscalização”

A reportagem contatou a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em nota, responderam que realizam rotineiramente fiscalizações no trecho entre Picada Café e Morro Reuter nos finais de semana durante o período diurno. “Sempre que possível, há uma equipe durante todo o dia neste trecho, justamente para coibir as ações proibidas dos motociclistas, que são uma rotina há bastante tempo. Salientamos nosso compromisso em aumentar a fiscalização no local para reduzir estes acidentes graves e demais ocorrências.”

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) também foi contatado. Mas até o fechamento desta reportagem na tarde de ontem não respondeu.

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