Região
Família de homem desaparecido em Ivoti enfrenta nova tragédia

Após desaparecimento de “Pedrinho” em outubro de 2024, dois integrantes da família são mortos em Porto Alegre no Dia dos Pais
Geison Concencia
Ivoti – O Dia dos Pais foi difícil para uma família de Ivoti. Há quase um ano, o patriarca da família, Pedro da Rosa, conhecido como Pedrinho, desapareceu na localidade do Grotão, na 48 Baixa. Desde então, ele nunca mais foi encontrado. No domingo, a mesma família viveu mais uma experiência traumatizante: duas pessoas da família – pai e filha – foram brutalmente assassinados.
O crime ocorreu na Ilha Grande dos Marinheiros, no bairro Arquipélago, em Porto Alegre, e vitimou Sheila Lopes da Silva, 41 anos, e Rogério Santos da Silva, 61 anos. O crime foi de feminicídio, no caso de Sheila, e homicídio de Rogério.
Os dois foram mortos pelo ex-companheiro de Sheila, que não aceitou o fim do relacionamento e atirou contra sua ex. Ela sofreu um tiro no rosto e tórax. O pai tentou salvar a filha, mas acabou baleado e morreu.
Sheila foi visitar o pai no domingo, no Dia dos Pais. Seu ex-companheiro morava na casa ao lado. Quando ele a viu na residência, atacou e matou a vítima. O pai pegou um facão para defender, mas foi morto.
Uma terceira pessoa também foi vítima do assassinato: Djonatan Patrick da Silva Oliveira, de 20 anos, teve morte cerebral confirmada na terça-feira, 12, após ser baleado no último domingo, enquanto tentava intervir no ataque. Ele era vizinho do ex-companheiro de Sheila. Ao ver o ataque, tentou socorrer, mas acabou baleado.
Rogério é sobrinho de Neusa da Rosa, companheira de Pedro da Rosa, desaparecido em Ivoti desde outubro de 2024. Sheila era prima do filho de Pedrinho, Alexandre da Rosa.
O crime chocou a família em Ivoti, que tem ramificações na Ilha dos Marinheiros. O irmão de Rogério mora em Ivoti, atualmente. Ele veio para o Município após as enchentes que atingiram a Capital gaúcha. O sobrinho da vítima também reside em Ivoti.
“Rogério era uma pessoa festeira, sempre alegre. Dizia que nunca ficaria velho. Ele sabia viver a vida dele. A Sheila era uma menina de coração muito bom, sempre se preocupou com todo mundo. Às vezes não falava para gente o que acontecia com ela, para preservar a família do sofrimento. Ela sempre tentou proteger bem a família, mesmo passando por situações difíceis”, lembra Elisandro Pereira dos Santos, de 32 anos, sobrinho de Rogério e primo de Sheila.
Sheila pôs fim a um relacionamento de 20 anos, no qual era vítima de violência
Elisandro comenta que o autor do crime sempre teve um comportamento agressivo. Ele mesmo ressalta que não gostava do comportamento do agressor, que mantinha a mulher em um círculo de violência. Elisandro lembra que Sheila estava mais feliz após a separação do casal.
O autor do crime, que trabalha como segurança, tentou cometer suicídio e está hospitalizado. Três armas foram apreendidas com o atirador, conforme a polícia. São uma pistola 380, um revólver 38 e espingarda tipo puma.
“Se não tivesse um Deus cuidando de nós, aí seria mais complicado”
Alessandro vê a foto do pai no celular (FOTO: Geison Concencia)
Alexandre da Rosa, que está há 10 meses sem saber o paradeiro do pai, que desapareceu em outubro de 2024, comenta a difícil missão de seguir em frente, diante da ausência do pai e, agora, com a morte do primo Rogério e sua prima de segundo grau Sheila. Além disso, uma tia está internada com problemas sérios de saúde. “Precisamos de força. Deus nos dá essa força para continuar, porque é difícil”, lamenta Alexandre.
A família tenta superar as perdas recentes, e olha com fé a possibilidade de reencontrar o pai, para aliviar as dores causadas no último ano com desaparecimentos e homicídios de integrantes da família.