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Região

Morro Reuter 32 anos – Independência e agilidade que inspiram

20/03/2024 - 07h30min

Atualizada em 20/03/2024 - 08h48min

Dona Cladis, na sua loja matriz, em Morro Reuter (Fotos: Nicole Pandolfo)

Aos 80 anos, Cladis Lourdes Lehnen Wittmann administra as suas 5 Lojas Lewi

Por Nicole Pandolfo

Ouvir a história de Cladis Lourdes Lehnen Wittmann é um privilégio de quem conseguiu um espaço na agenda apertada da senhora de 80 anos. Afinal, ela administra 5 lojas espalhadas em Morro Reuter, Dois Irmãos e Picada Café. A primeira, aberta no dia 17 de março de 1976, é a mais antiga da cidade do Morro.

Mas para entender de onde vem a energia, agilidade e inteligência para negócios da dona Cladis, é preciso voltar para a Picada Café dos anos 1950, quando Aloísio Lehnen, seu pai, construiu com as próprias mãos uma pequena fábrica de calçados. Foi daí que a família tirou grande parte do sustento que garantiria, conforme o desejo do seu Aloísio, o estudo indispensável dos filhos, mesmo que, para isso, eles precisassem ficar longe de casa.

Do primeiro internato, em Joaneta, dona Cladis fala que a saudades de casa era grande, apesar da pouca distância: “Do último andar, onde era o nosso dormitório, eu via a minha mãe tratando os animais no potreiro”, ela conta. Mas foi em Novo Hamburgo, depois de 11 anos em um internato, que Cladis concluiu os seus estudos.

Cladis se encarrega da compra das mercadorias, visita as filiais constantemente e organiza estratégias de vendas

O início do empreendimento

Ela não aprendeu contabilidade, como sonhava o seu Aloísio, para ajudar nos negócios da fábrica. Em vez disso, tornou-se professora do primário, antes na localidade de 4 Cantos, depois, quando já era casada, na Escola Estadual João Wagner, em Morro Reuter, muito próximo de onde ela passou a morar.

Em um determinado verão, o irmão mais novo, Romeu Wittmann, deu a ideia abrir uma rede de lojas: “Eu não queria abrir, não tinha dinheiro, já tinha dois filhos”, conta Cladis que, mesmo relutante no início, cedeu à ideia do irmão que, anos mais tarde, fundaria a marca de calçados Dakota.

A loja foi aberta na garagem de casa, local onde hoje funciona o depósito de calçados do espaço que já triplicou de tamanho depois de várias reformas. Em uma sociedade com irmão, Cladis administrava a loja no turno contrário ao que lecionava na escola João Vagner. “Financeiramente era bom, por que o prédio era meu. Eu sempre fui muito econômica, não tirava quase nada de roupa da loja e, se tirava, era o mais barato”, ela conta.

“Eles queriam roubar”

Mais ou menos 4 anos após a abertura, a loja Lewi, já bem estabelecida, sofreu um incêndio criminoso: “Eu vim da praia pra fazer compras, vi muito carro parado na rua, aí vi que tinha pego fogo. Eu chorei muito, mas não podia parar.” Cladis acredita que o incêndio tenha sido originado de uma vela que os assaltantes usaram no momento do crime: “Eles queriam roubar. Eu acho que eles acenderam vela e tinha muito vento naquela noite.” Todas as mercadorias foram danificadas pelo fogo, além de uma parte da casa. Com o dinheiro do seguro, dona Cladis reconstruiu a loja, inclusive ampliando-a. “Meu marido disse: ‘quando tu encheres essa parte toda, aí tu podes parar de trabalhar.’ Nossa, hoje eu já comprei uma parte nos fundos, o terreno do vizinho, e ainda é pequeno!”, conta a incansável empreendedora.

Carinho pelos funcionários e o controle da qualidade

“Eu consegui tudo o que eu tenho hoje pela ajuda dos meus funcionários”, diz Cladis

Segundo Cladis, boa parte do sucesso das Lojas Lewi se deve aos funcionários que trabalharam com ela ao longo dos anos: “Eu tenho ótimos funcionários. Eu consegui tudo o que eu tenho hoje pela ajuda dos meus funcionários.” Ela cita nomes de vendedores e auxiliares com o carinho de uma mãe que se preocupa com a saúde e o estudo dos filhos. Além disso, a qualidade da mercadoria que ela vende está relacionada com o seu modo de comprá-las: “Eu compro com as mãos, eu preciso tocar na mercadoria.” E dona Cladis se encarrega do serviço até hoje. Em São Paulo, para onde viaja seguidamente, diz que os lojistas já conhecem o seu ritmo acelerado durante as compras: “Quando chega 16h eu tô cansada de tanto falar!”

Planejamento

Quando perguntada a respeito da sua independência e agilidade, Cladis acha que herdou dos pais: “Não sei, meu pai era assim. A minha mãe era muito trabalhadora.” Até sobre seu futuro, organização e planejamento da empresária falam mais alto. Dona Cladis explica decidida: “Olha, eu já disse pra todo mundo: Quando eu morrer, vendam todas as lojas”, diz ela lembrando dos investimentos que ela juntou ao longo da vida, pensando em cada um dos 4 filhos.

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