Região
Sob influência do El Ninõ, outubro deve ter chuva acima da média
O domingo marca a chegada do mês de outubro. Após um inverno com diversos episódios de grande volume de chuva, que deixaram marcas históricas, a Primavera iniciou há pouco mais de uma semana sob grande influência do fenômeno “El Niño”. De acordo com prognóstico da MetSul Meteorologia, a tendência é de que o próximo mês mantenha as características que tem sido observadas recentemente no Estado.
Considerado um mês tipicamente de primavera, com menos frio e um aumento dos dias de calor no Sul do Brasil, o tempo severo é uma das características de outubro que é um dos meses mais tempestuosos do ano, pelo encontro das massas de ar frio e quente, além da atuação de áreas de baixa pressão e sistemas convectivos de mesoescala (aglomerado de nuvens carregadas).
Temporais começam a ficar muito mais frequentes à medida que a estação seca gradualmente chega ao fim e aumenta a umidade na atmosfera. Com o ar quente, favorece o surgimento de mais tempestades.
Em Porto Alegre, outubro tem precipitação média histórica (série 1991-2020) de 153,2 mm. Trata-se de uma das mais médias mensais mais altas de precipitação na capital gaúcha, só atrás de julho (163,5 mm). A temperatura mínima média é de 15,7ºC e máxima média histórica de 25,2ºC.
Algumas madrugadas, entretanto, ainda são frias e podem apresentar mínimas perto ou abaixo dos 10ºC em muitas cidades, enquanto várias tardes costumam ser de calor, que, em alguns dias, pode até ser intenso.
CHUVA EM OUTUBRO
A atuação do fenômeno El Niño deve seguir impactando o padrão de precipitação no Brasil neste mês de outubro. Espera-se excesso de chuva na Região Sul enquanto no Norte a região amazônica terá o agravamento da seca. Prognósticos apontam a tendência de a chuva ser mais frequente e acima da média.
O entendimento da MetSul é que a chuva ficará acima da média no Sul do Brasil com aumento da precipitação em Santa Catarina e no Paraná. No Rio Grande do Sul, será outro mês com precipitações, que vão de acima a muito acima da média. Os acumulados mais altos devem se dar na Metade Norte, onde algumas cidades podem ter marcas acima de 300 mm no mês, ou acumulados até superiores.
A tendência de chuva volumosa no mês na Metade Norte preocupa porque é a área do estado em que estão as bacias dos rios que desembocam nos vales, como o Taquari, e desaguam depois em Porto Alegre, caso do Jacuí e outros. Como os rios já estão com os seus níveis alterados e a Lagoa dos Patos cheia, o risco de novas enchentes é agravado.
Com a atmosfera mais úmida e mais aquecida por conta do El Niño, há a expectativa de temporais mais frequentes que o normal, repetindo o que se viu durante setembro, com alta incidência de granizo – isoladamente grande e com danos – e uma maior probabilidade de vendavais.
CHUVA NO PLANTIO DA SAFRA
O fenômeno El Niño aumenta a frequência e os volumes de chuva que ocorrem no Sul do Brasil. Assim, em anos sob El Niño, o plantio da safra de verão que ocorre durante os meses da primavera acaba se tornado muito mais desafiador para o produtor rural.
Em outubro, como a tendência é de chuva acima da média, as chamadas janelas de tempo seco para plantio devem ser muito menores do que o habitual. O cenário é pior para a Metade Norte gaúcha enquanto no Sul do estado se espera um maior número de dias de tempo firme.
Com isso, o plantio da safra de verão poderá ter dificuldade em avançar em várias áreas do Sul do Brasil e podem ser antecipados atrasos significativos atrasos no plantio em diversos municípios. A chuva mais volumosa na Metade Norte gaúcha pode ainda afetar a colheita de inverno.
TEMPERATURA
Grande parte do Centro-Sul do Brasil terá mais um mês de temperatura acima ou muito acima da média. A tendência é que as marcas fiquem mais acima da climatologia em pontos do Centro-Oeste e mais ao Norte do Sudeste do Brasil. No Centro-Oeste, alguns dias de calor extremo devem se repetir.
A chuva mais frequente em parte do Sudeste deve limitar maior aquecimento porque a instabilidade reduz as máximas do dia. Há ainda o efeito das massas de ar frio de trajetória oceânica que vão atuar no Sul do país.
Por outro lado, alguns dias de calor muito intenso a extremo ainda devem ser esperados na região e. em geral, a temperatura deve ficar acima da média. No Rio Grande do Sul, os desvios devem ser menores e parte do estado, inclusive, pode ter marcas perto das médias históricas.
Assim, não se antecipa um outubro muito quente para os gaúchos, embora sejam previstos alguns dias de calor. Massas de ar frio ainda chegam ao estado, com menor intensidade, e trazem algumas noites de temperatura mais baixa.