Suspeita de gripe aviária em Estância Velha acende alerta no Vale do Sinos

Em coletiva realizada nesta segunda-feira (19), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou que o caso suspeito de gripe aviária em Triunfo, na Região Carbonífera do RS, testou negativo. No entanto, uma nova suspeita foi registrada em um criadouro doméstico no município de Estância Velha, no Vale do Sinos, o que reacende o alerta em uma das regiões de maior densidade populacional e industrial do Estado.

A informação foi divulgada pelo ministro Carlos Fávaro durante reunião com a imprensa na sede do ministério, em Brasília. O encontro teve como objetivo atualizar a situação da emergência zoossanitária em razão da influenza aviária. O secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, informou que, dos seis casos em investigação no Brasil, três já deram resultado negativo: além de Triunfo, também foram descartadas suspeitas em Nova Brasilândia (MT) e Gracho Cardoso (SE). Ainda estão em análise quatro suspeitas, incluindo a de Estância Velha.

A confirmação de um primeiro caso da doença em um matrizeiro de aves comerciais em Montenegro, município vizinho a Estância Velha, ocorrido na última sexta-feira (16), gerou grande preocupação na cadeia produtiva da avicultura e motivou a intensificação das medidas de biossegurança em toda a região.

Região estratégica

Com mais de 50 mil habitantes, Estância Velha está situada no coração do Vale do Sinos, região com forte atividade industrial e significativa movimentação logística, inclusive no transporte de cargas vivas. Embora o caso atual envolva um criadouro doméstico, a possibilidade de disseminação do vírus em zonas urbanas e periurbanas reforça a importância da vigilância constante.

A prefeitura de Estância Velha ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, mas a expectativa é de que, nas próximas horas, sejam anunciadas medidas preventivas como o reforço na fiscalização, orientação a criadores e eventuais restrições sanitárias.

Sem riscos ao consumo

O Ministério da Agricultura reforçou que a gripe aviária não representa risco à saúde humana por meio do consumo de carne de frango ou ovos. O contágio em humanos é raro e está geralmente ligado ao contato direto e intenso com aves infectadas. Não há, portanto, qualquer recomendação para interrupção do consumo desses produtos.

Apesar da baixa probabilidade de infecção em humanos, o impacto econômico é real, especialmente no setor de exportações. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne de frango do mundo e já enfrenta embargos temporários de alguns países importadores. Para mitigar os efeitos, o governo busca convencer os parceiros comerciais a adotarem medidas regionalizadas, restringindo as suspensões apenas às áreas afetadas.

Contagem regressiva

O ministro Carlos Fávaro destacou que o processo de desinfecção na granja de Montenegro termina nesta terça-feira (20). A partir daí, começa a contagem de 28 dias sem novos casos comerciais. Se o prazo for cumprido sem novos focos, o país poderá retomar o status de livre da doença.

Mesmo com o cenário desafiador, o governo federal diz ter condições orçamentárias para lidar com a crise, embora defenda a criação de um fundo nacional permanente para enfrentamento de emergências sanitárias. “As crises sanitárias estão cada vez mais constantes e vorazes. É fundamental que o Brasil tenha um mecanismo de resposta rápido e eficaz”, disse Fávaro.

Enquanto isso, municípios como Estância Velha seguem monitorando de perto qualquer sinal de avanço da gripe aviária. A população é orientada a comunicar imediatamente às autoridades sanitárias qualquer morte súbita ou comportamento anormal de aves, mesmo em criações de fundo de quintal.