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Região

A personalidade forte e a habilidade para negócios da dona Leony, de Dois Irmãos

26/04/2024 - 07h25min

Fleckinha, como é conhecida, administra sua loja com a mesma firmeza de quando decidiu abri-la, há 46 anos

Por Nicole Pandolfo

Dois Irmãos – A esquina da Av. São Miguel com a Travessa Mario Sperb abriga um ponto tradicional da cidade: a Loja Leony Fleck & Cia Ltda. Do seu estabelecimento, dona Leony acompanha o desenvolvimento da região desde 6 de maio de 1978, atendendo os clientes e recebendo amigos e vizinhos para um chimarrão e uma boa conversa.

E foi assim, sentada perto da porta da loja e com o mate em mãos que a senhora de 84 anos compartilhou com a reportagem suas histórias que revelam uma personalidade forte e um tino apurado para o comércio que ela exercita até hoje na loja, ao lado da filha Marlisa Fleck.

Leony e a filha Marlisa na loja que fica em ponto central da cidade

“Tu é boa de negócio!”

A vontade de vender vem de pequena. Dona Leony conta que na infância costumava brincar de loja com um grupo de meninas, suas primas, mas por ser a mais nova, dificilmente ganhava o direito de vender na brincadeira. Na juventude, ajudava o pai, dentista, nas tarefas diárias e no escritório da fábrica de calçados que o pai dividia com o tio. “Tu é boa de negócio!”, ela lembra das palavras que o tio lhe disse, como que antevendo o futuro empreendedor da sobrinha.

“Ano que vem vou ter a minha loja.”

Leony casou aos 21 anos. Nessa época, costurava sapatos na empresa do pai: “Eu nunca gostei desse serviço. Nunca!”, ela enfatizou. Em casa, costumava vender joias, correntinhas de ouro, atividade que já havia chamado atenção de alguns clientes que ela começava acumular. “Um dia nós fomos num baile e eu disse pro meu marido: ‘Ano que vem talvez eu tenha a minha loja’”, ao que o marido negou de maneira enfática, questionando a esposa sobre como ela conciliaria uma loja com o cuidado dos filhos. Leony não deixou a falta de incentivo do marido a influenciar e dentro de pouco tempo já viajou a Caxias sozinha, sem conhecer a cidade, buscar mercadorias para o próprio estabelecimento: “Fui de manhã, voltei depois da meia-noite!”

“Eu vou fazer como eu quero!”

“Eu fui perguntando em tudo que era lugar. O que era melhor pra mim eu buscava”, conta Leony sobre como começou o seu negócio do zero. Na administração dos negócios, ela não aceitava as críticas ou opiniões infundadas que alguns insistiam em oferecer. “Quando eu era criança, mandavam; Quando eu trabalhava na fábrica, meu pai mandava… Agora que eu tenho negócio próprio tem mais gente que quer mandar em mim?”, disse Leony quando um conselho da cidade quis impedi-la de abrir aos domingos. “Eu vou fazer como eu quero!”

“Ela sempre dá a última palavra”

“Ela sempre dá a última palavra”, conta a filha Marlisa. “Eu sempre pergunto, apresento as contas pra ela.” Lúcida e ativa, a matriarca da família ainda é responsável pelos negócios e pelo almoço da família aos domingos. “Ela gosta de cozinha, faz comida boa!”, diz Marlisa. Costumava caminhar de casa até a loja diariamente, mas perdeu o hábito depois da pandemia, mesmo assim, atrás do balcão ainda impressiona pela agilidade. “Com essa tecnologia, hoje em dia a gente não acompanha mais”, disse dona Leony, mas Marlisa logo acrescentou: “Ah, mas tu aprendeu com as máquinas daqui!”, segundo a filha “todo mundo se apavora”, quando ela faz uso das maquininhas do caixa sem dificuldade.

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