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A ivotiense que vive onde não se morre mais pela Covid-19

09/06/2020 - 11h54min

Elesandra vive em Pamplona, região de Navarra, na Espanha (Créditos: Arquivo pessoal)

Ivoti/Pamplona – Por volta de dois meses atrás, a Espanha vivia uma situação muito parecida com a vivida no Brasil atualmente, no que diz respeito à pandemia do coronavírus. O número de mortos diários estava na casa das centenas, e de novos casos, dos milhares. Mas algo aconteceu para que o país virasse o jogo, e controlasse a doença por ora.

A ivotiense Elesandra Lucas, 32 anos, mora em Pamplona, capital da província de Navarra, no norte do país, onde cursa um doutorado. Dois meses atrás, o Diário conversou com ela, mas a reportagem retomou o contato para saber de sua nova rotina e de algumas lições que podem ser aplicadas aqui, considerando que, há alguns dias, a Espanha praticamente zerou as mortes pela Covid-19.

“A organização do governo no sentido de proibir a saída de todas as pessoas do país, ajudou muito a conter o vírus. Houve poucas exceções, é claro, mas a grande maioria da população respeitou as normas e o tempo necessário para que ele não proliferasse. Desde o início tínhamos muito claro que, se respeitássemos tudo isto, a situação seria controlada”, afirma ela.

“Desde o início tínhamos muito claro que, se respeitássemos tudo isto, a situação seria controlada”

Durante o período da quarentena, Elesandra e o noivo espanhol procuraram dar o exemplo. “Ficamos em casa, não saíamos, e pouco a pouco seguimos as orientações. Ninguém quer ficar mais 40 dias trancados, sem poder trabalhar ou sair. Temos a consciência de que temos de respeitar, para que isto não volte a acontecer”. Ela diz que fala diariamente com a família em Ivoti.

“Eles nos mandam informações diárias da Prefeitura de como está a situação aí, onde estão também meus amigos. Fico muito preocupada, porque vejo dois grandes problemas: uma é o vírus em si e outra é o governo e a organização. Em uma situação crítica como esta, é preciso ter um governo capaz de organizar a sociedade para superar este momento de crise, e não vejo isso no Brasil”.

“Em uma situação crítica como esta, é preciso ter um governo capaz de organizar a sociedade para superar este momento de crise, e não vejo isso no Brasil”

Ela trabalha também em uma companhia de seguros, e relata que nos últimos dias, não houve mortes por praticamente nenhuma causa. “Meus companheiros de trabalho também não relataram óbitos. Talvez porque as pessoas não ficaram mais doentes ou mesmo procuraram se cuidar mais”, comenta. O país, porém, se prepara para uma nova onda de contágios a partir de outubro.

O que a Espanha fez para conter o coronavírus

O governo espanhol tomou atitudes como fechar as fronteiras em março e o lockdown total em abril, antes de um colapso da saúde. A atitude funcionou, e um “novo normal” agora já é uma grande possibilidade. “Acabamos nos acostumando com hábitos como uso de máscaras, álcool gel e tentar evitar contato físico com outras pessoas. Houve um reforço das medidas de higiene”.

Quando tudo passar, ela pretende programar uma viagem ao Brasil, já que os pais dela iriam à Espanha em julho, mas o passeio foi cancelado. E o pedido dela aos brasileiros é simples: responsabilidade. “Quando somos responsáveis pelas nossas ações, as coisas funcionam melhor. Sempre pensar em respeitar as normas e acreditar, ter fé, que as coisas vão melhorar”, encerra ela.

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